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A inadimplência observada no início do ano em uma série de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) não parece ter assustado os fundos imobiliários focados nestes títulos, sinalizam gestores destas carteiras.
O tema abriu o painel sobre FIIs de Crédito no XP Talks Fundos Listados, evento que reúne, nesta quarta-feira (31), representantes de importantes gestoras do mercado.
Nos últimos meses, alguns fundos reportaram atraso e até calote no pagamento das parcelas mensais de CRIs. O movimento derrubou cotações destes fundos e reduziu o dividendo distribuído aos cotistas.
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Para Brunno Bagnariolli, da Jive-Mauá Capital, o atual cenário macroeconômico – principalmente de juros elevados – dificulta o pagamento das dívidas e, consequentemente, favorece a inadimplência. Mesmo assim, ele afirma que a crise de crédito afetou de forma menos acentuada os FIIs.
“Tivemos alguns casos [de inadimplência], mas ficaram restritos a alguns fundos”, avalia. “Esse contágio não aconteceu [de forma generalizada] e o investidor soube diferenciar o impacto desta crise nos FIIs”, explica.
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Alessandro Vedrossi, da Valora Gestão de Investimentos, concorda e detalha que as operações de crédito estruturadas nos fundos imobiliários dão uma segurança a mais ao investidor.
“O risco de crédito de uma debênture, por exemplo, é sim ou não [pagar ou não pagar]”, pontua o gestor, que se refere à possibilidade de um calote neste título. “Já o CRI presente no fundo imobiliário tem uma garantia real, ou seja, em caso de problema o título não valerá zero automaticamente”, afirma.
Gustavo Ribas, da Navi, acrescenta que os fundos de CRI – ou de “papel”, como também são conhecidos –, se comportaram bem mesmo em relação ao varejo – que enfrentou a desconfiança do mercado após o caso Americanas.
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Segundo ele, o segmento representa aproximadamente 5% das operações dos FIIs de “papel” – percentual que também blindou esse tipo de ativo em momentos de maior adversidade.
Ribas reforça o discurso da resiliência e do sucesso dos fundos de “papel” pontuando que a participação dessas carteiras no IFIX – índices dos FIIs mais negociadas na Bolsa – saltou de 15% para quase 50% nos últimos anos.