Oncoclínicas (ONCO3): acordo com Unimed-Rio para aquisições aumenta eficiência tributária e mitiga riscos; ações sobem

Após consumação da transação, a companhia passará a deter indiretamente 100% do capital social da CEON e do HMM

Felipe Moreira

Oncoclínicas (Divulgação)
Oncoclínicas (Divulgação)

Publicidade

A Oncoclínicas (ONCO3) anunciou na noite da última quinta-feira (18) um acordo com a Unimed-Rio para a compra de 50% do capital social do Centro de Excelência Oncológica (CEON), a joint venture dedicada ao tratamento oncológico para beneficiários da Unimed-Rio, em funcionamento desde 2013, além de 49,99% do capital social da Pontus Participações, holding detentora de 100% do Hospital Marcos Moraes (HMM), um dos cancer centers da companhia na cidade do Rio de Janeiro.

Serão pagos R$ 350 milhões, sendo (i) R$ 160 milhões à vista (três parcelas anuais com a primeira no fechamento), (ii) R$ 40 milhões em cancelamento de recebíveis ( 20% do total) e (iii) Dívida líquida de US$ 150 milhões da Unimed Rio mantida pela CEON e HMM (que já são totalmente consolidadas pela Oncoclínicas).

Após a consumação da transação, a companhia passará a deter indiretamente, portanto, 100% do capital social de ambos CEON e HMM.

Analistas avaliaram a notícia como positiva para os dois lados. Com isso, as ações ONCO3 subiram 6,37%, a R$ 10,86, na sessão desta sexta-feira (19).

O Bradesco BBI avalia o anúncio como positivo, pois deve reduzir a participação dos minoritários pela metade, para R$ 20 milhões por ano, de acordo com a empresa, traduzindo-se em R$ 6 milhões de lucro líquido para a Oncoclínicas.

A equipe de research do BBI também avalia que a operação deve “melhorar a eficiência fiscal com a consolidação das empresas operacionais na holding; reduzir os riscos de recebíveis da Unimed Rio com uma conta vinculada que receberá os pagamentos dos clientes da Unimed Rio como retropagamento à empresa, e através do caixa de R$ 200 milhões da transação; e melhorar a qualidade  dos resultados da Oncoclínicas com a eliminação de uma joint venture”.

Continua depois da publicidade

Em termos de rentabilidade, a operação deve gerar um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de aproximadamente R$ 150 milhões, segundo estimativas do Itaú BBA. Consequentemente, o múltiplo da transação ficou em 4,7 vezes EV, ou valor da empresa, sobre o Ebitda.

O BBA ressalta que que, apesar da dissolução da joint venture após a transação, o acordo entre a Unimed-Rio e a Oncoclínicas para o tratamento de pacientes oncológicos permanece válido por mais 25 anos. Além disso, as empresas concordaram que a Oncoclínicas terá acesso a uma conta vinculada da Unimed-Rio para mitigar possíveis riscos de crédito decorrentes da operadora de planos de saúde.

“A transação reflete os esforços da Unimed-Rio para melhorar a gestão de passivos e o desejo da Oncoclínicas de otimizar seus recebíveis e aumentar sua participação nas operações, ao mesmo tempo em que reduz os ganhos direcionados aos acionistas minoritários”, explicam analistas do BBA.

Continua depois da publicidade

Adicionalmente, ao assumir 100% da operação, a Oncoclínicas poderá incorporar esta rentável subsidiária à Holding, o que “deverá otimizar sua estrutura tributária”, destaca BBA. Dados o valuation atrativo da transação, diminuição do risco de crédito resultante do acesso à conta caução, redução de participações minoritárias e eficiências fiscais, o banco avalia a transação como positiva para as ações da companhia.

A XP Investimentos também considera a transação positiva para Oncoclínicas, uma vez que é potencialmente aditivo, melhora a qualidade dos lucros e mitiga um dos principais riscos assumidos pela empresa.

Segundo a XP, o acordo reduzirá significativamente a participação minoritária e aumentará a eficiência tributária assim que a empresa incorporar os ativos.

Continua depois da publicidade

O EV anunciado foi de R$ 350 milhões, que a XP estima traduzir em um múltiplo aditivo de 4,7 vezes o EV/Ebitda.

O Itaú BBA mantém recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para ações da Oncoclínicas, com preço-alvo de R$ 14, o que representa um potencial de alta de 37,1% frente ao preço de fechamento de quinta-feira de R$ 10,21. BBI também reitera recomendação equivalente à compra e preço-alvo de R$ 14. A XP recomenda compra e preço-alvo de R$ 9,30.