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Nunca houve tantos investidores de criptomoedas no Brasil — ao menos não aos olhos da Receita Federal. Segundo dados do órgão, no mês de março, 1,6 milhão de CPFs registraram negociação de ativos digitais no País, a maior quantidade já apurada pela autoridade fiscal.
Segundo o último relatório de declarações de ativos digitais divulgado pela Receita, 1.607.430 pessoas movimentaram ativos digitais em março, quase 15% a mais do que no mês anterior.
O recorde até então havia sido verificado em setembro do ano passado, quando a Receita coletou dados de transações de 1.589.019 CPFs. Os números referentes a abril ainda não foram divulgados.
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A Receita também levanta mensalmente o número de CNPJs que transacionam ativos digitais. Em abril, 61.257 companhias informaram movimentações, número 22% maior do que os 50.000 de fevereiro, mas ainda abaixo do recorde de 65.364 empresas identificadas em dezembro.
Por trás do cenário positivo está o salto considerável de preço do Bitcoin (BTC) no primeiro trimestre do ano, com valorização de 70% para a moeda digital. Nesse período, investidores no Brasil declararam compra e venda de R$ 4,1 bilhões em BTC.
A contabilização da Receita, vale lembrar, não representa o total de investidores de criptomoedas do País porque leva em conta apenas os informes vindos de corretoras domiciliadas no Brasil, de empresas que investem em cripto no exterior (como fundos de investimento), além de pessoas físicas que transacionam entre si sem a intermediação de exchange.
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Nessa conta, não são considerados, por exemplo, os clientes de bolsas de cripto estrangeiras como a Binance, maior do mundo e também dominante no Brasil.
Crescimento constante
Ainda assim, o número de março é mais do dobro do registrado um ano atrás, quando a Receita identificou pouco mais de 670 mil investidores de criptoativos. A média do primeiro trimestre também duplicou em um ano: de janeiro a março deste ano, 4,2 milhões declararam movimentações de criptos, contra 2,1 milhões no mesmo período de 2022.
O aumento no número de investidores individuais acompanha um crescimento no volume movimentado em moedas digitais no País que vem desde setembro do ano passado. Em março, brasileiros movimentaram R$ 15,8 bilhões com esse tipo de ativo, ante R$ 15,1 bilhões em fevereiro e R$ 14,5 bilhões em janeiro. Em setembro, eram pouco mais de R$ 12 bilhões.
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Em março, houve também o maior montante de criptos movimentadas em 10 meses — em maio de 2022, a Receita registrou R$ 17,6 bilhões em transações.
Bitcoin sob desconfiança
Ainda não se sabe se o crescimento de investidores será sustentado ao longo do ano, em meio a sinais de desaceleração do preço do Bitcoin diante da ameaça de crise por conta de dificuldades que a tecnologia vem enfrentando com o surgimento de um novo tipo de token.
“Em relação ao Bitcoin, um dos principais fatores de atenção continua sendo o congestionamento da rede, devido ao aumento da utilização por parte de usuários utilizando a rede para realizar inscriptions. Esses usuários colocam desde imagens até jogos e outros tipos de arquivos na rede”, explica Ayron Ferreira, analista chefe da Titanium Asset.
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“Esse momento é importante para testar a resiliência da rede diante da alta demanda, uma vez que uma das teses do Bitcoin é justamente ser uma camada segura e confiável de liquidação global e que atenda a todos”, comenta.
USDT segue dominante
Se o Bitcoin percorre caminho duvidoso, outro criptoativo deve seguir dominando a preferência dos brasileiros: o “dólar digital” USDT, que segue como o mais negociado pelos investidores.
No primeiro trimestre como um todo, a Receita registrou R$ 37,1 bilhões em negociações do ativo que rastreia o preço do dólar, o equivalente a 81% do total movimentado.
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Já faz tempo que o USDT é o criptoativo preferido do investidor, segundo os dados da Receita. No ano passado, as stablecoins de dólar responderam por mais de R$ 100 bilhões das declarações de criptoativos realizadas por brasileiros, um crescimento de 135% em relação ao ano anterior.
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