GPA (PCAR3) mira retomada das margens e estima até R$ 800 milhões com venda de ativos; ação fecha em forte alta

Controladora do Pão de Açúcar reafirma compromisso com turnaround e prevê segregação da rede colombiana Éxito até o fim do semestre

Rikardy Tooge

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O GPA (PCAR3), grupo controlador dos supermercados Pão de Açúcar, reafirmou nesta quinta-feira (4) o compromisso de recuperar as margens de sua operação após o resultado vir abaixo da expectativa de parte do mercado no primeiro trimestre de 2023.

Em teleconferência com analistas, o CEO do GPA, Marcelo Pimentel, afirma que a companhia segue revisando sua oferta de produtos, priorizando perecíveis e negociando com fornecedores para melhores condições comerciais.

“A margem foi impactada em um primeiro momento, mas até o fim do trimestre vamos ter resolvido a grande maioria [das negociações], para começarmos a capturar margem”, diz Pimentel, acrescentando que o GPA segue cortando custos operacionais. O executivo apontou ainda que uma margem bruta entre 26% e 27% é considerado um patamar “sustentável” para o grupo.

Os papéis tiveram forte volatilidade na sessão desta quinta-feira (4), mas fecharam em forte alta, de 6,67%, a R$ 15,03.

Em balanço divulgado na quarta-feira (3), a companhia reportou prejuízo líquido de R$ 248 milhões no 1T23, ante R$ 1,4 bilhão de lucro líquido obtido em igual período do ano passado. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado caiu 0,1% na mesma base de comparação, para R$ 224 milhões.

As margens da companhia também caíram. A margem bruta cedeu 2,5 pontos porcentuais (p.p.), para 24,4%. Já a margem Ebitda caiu 1,5 p.p., para 6%.

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O Bradesco BBI destacou que as margens vieram abaixo de sua expectativa, mas ressaltou como positivo o crescimento de 6,3% nas vendas nas mesmas lojas (SSS, em inglês).

“Apesar da margem Ebitda aquém, existem sinais positivos no 1T23, como a revisão de sortimento, nível baixo de estoques e melhoria nos serviços de entrega, embora as vendas online tenham recuado no comparativo trimestral”, avaliou o Bradesco BBI, em relatório.

Desinvestimentos

Outro ponto destacado pela gestão do GPA é na busca por diminuir a alavancagem. A empresa encerrou o primeiro trimestre com dívida líquida de R$ 3 bilhões, com caixa e equivalentes estimados em R$ 3,5 bilhões. Segundo a companhia, a posição de caixa equivale a três vezes a dívida bruta de curto prazo.

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O diretor financeiro do GPA, Guillaume Gras, afirma que o grupo pretende dar tração ao seu plano de desinvestimentos em 2023, com a expectativa de arrecadar entre R$ 700 milhões e R$ 800 milhões.

Gras explica que estão no pipeline a negociação de 13 lojas, que deverão render cerca de R$ 300 milhões, com previsão de negociação no segundo trimestre. Para o 3T23 a intenção é fechar a negociação do prédio que abriga a sede administrativa do GPA, em São Paulo, por algo em torno de R$ 250 milhões.

Até o fim do ano a ideia é negociar um imóvel no Rio de Janeiro que poderá levantar também cerca de R$ 250 milhões. Além desses imóveis, a empresa estima faturar R$ 100 milhões com os desinvestimentos em outros ativos.

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Cisão do Éxito

Por fim, o GPA atualizou o cronograma de segregação da rede colombiana Éxito, listada na bolsa do país, de seu portfólio. Após obter aval da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para a listagem de BDRs na B3, a expectativa da empresa é de que a Securities Exchange Commission (SEC) autorize a negociação de ADRs nas bolsas americanas até o fim do semestre.

Para analistas do Morgan Stanley, o progresso para a cisão do Grupo Éxito “permanece no caminho certo”. A avaliação do mercado é de que a segregação da rede colombiana consiga destravar valor para o GPA.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br