Os benefícios da diversificação internacional em carteiras de investimentos

Por que investir no exterior é um passo importante para ampliar os benefícios da diversificação

Evandro Buccini

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Getty Images
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A diversificação é um mantra repetido por todos que trabalham com a construção de carteiras de investidores institucionais e individuais. Harry Markowitz, ganhador do prêmio Nobel, disse que diversificar é o único almoço grátis em investimentos, já que é possível diminuir o risco e manter os retornos dos portfólios. Dentro de um país, as possibilidades para fazê-lo encontram um limite, todas as opções estão sob as mesmas leis, instituições, moedas e ambiente econômico. Investir no exterior é um passo importante para ampliar os benefícios da diversificação. Os avanços tecnológicos e regulatórios facilitaram o acesso a todas as classes de ativos no mundo e o desconhecimento das diferentes jurisdições pode ser contornado pela alocação em grandes e competentes gestores de recursos.

É um fato que os investidores mantêm um peso desproporcionalmente alto de ativos domésticos em sua carteira, o chamado home bias. Em países menores e desenvolvidos, há maior alocação no exterior, mas no Brasil, a parcela mantida no mercado interno é maior que 95%. Há várias explicações na literatura especializada, dentre elas destacam-se os elevados custos de negociação, dificuldades de fazer hedge de moeda, a falta de conhecimento e informação e a regulação.

Nos últimos anos, houve vários avanços regulatórios e tecnológicos que ampliaram e deixaram mais barato o acesso a ativos no exterior. A mentalidade do regulador do sistema financeiro brasileiro aos poucos vem mudando desde as crises cambiais que eram regra até a década de 1990. Investidores individuais já podem enviar recursos para fora do país com facilidade ou encontrar muitas opções nacionais que têm exposição no exterior. Investidores institucionais ainda têm mais restrições. Diversos bancos e plataformas de investimentos têm soluções rápidas, fáceis e baratas para enviar recursos para fora. A CVM vem aumentando gradualmente os limites de participação de fundos de investimentos que podem ser dedicados a ativos em outras jurisdições. Uma das soluções mais inovadoras pela facilidade e baixo custo são os BDRs de ETFs, fundos passivos listados na B3, que podem ser comprados por qualquer investidor em diversas classes de ativos e geografias.

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Cada opção tem suas vantagens e desvantagens. As soluções em que os recursos ficam no Brasil, mas são expostos ao risco internacional, são mais fáceis de alocar e, normalmente, de declarar à Receita Federal, mas ainda possuem o risco de jurisdição no resgate. Já as opções que envolvem investir no exterior tendem a ser mais complexas e, às vezes, custosas, incluindo os custos e spreads da conversão da moeda, mas adicionam diversificação plena do risco legal e de conversão do Brasil.

Uma vez decidido o melhor caminho, ou uma combinação das opções, começa a parte mais importante: construir uma carteira diversificada também no exterior. Muitas vezes, os investidores brasileiros compram ativos em moeda forte de empresas brasileiras, o que não adiciona muito em diversificação de risco. Com tantas opções de fundos listados no exterior e de bons e experientes gestores nas plataformas, está muito fácil montar um portfólio. Apenas usando os fundos listados, os ETFs, é possível ter exposição a ativos de renda fixa pública e privada, ações em todas os setores e fatores, imóveis, dívida imobiliária, commodities e diferentes moedas.

O investidor deve observar a parcela ideal de investimento no exterior e a carteira que mais se adequa ao seu perfil. Alguma diversificação internacional tende a ser benéfica para a maior parte das pessoas, mas aumenta a complexidade de acompanhamento e execução. As preocupações com o nível da taxa de câmbio são secundárias, já que se trata de uma posição que deve ficar por um longo tempo no portfólio. Qualquer investimento em ativos voláteis pode ser feito em etapas para minimizar os impactos na rentabilidade.

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Uma prática muito benéfica em qualquer carteira de investimentos é o rebalanceamento periódico. Para ser fácil, pode ser em baixa frequência, anual já costuma ser suficiente. É muito importante no caso de investidores com uma parcela maior no exterior. A diferença de volatilidade e a descorrelação podem fazer com que os pesos relativos sofram forte variação.

Independentemente do que acontece com o câmbio ou da opinião sobre as instituições do Brasil, para a maioria das pessoas é recomendado ter uma parcela dos seus recursos investida no exterior. Seja por meio de uma conta fora do país ou de um fundo aqui que investe em ativos ao redor do mundo, a facilidade em dar esse grande passo de diversificação de carteiras não pode ser desperdiçada. Para cada pessoa, o percentual investido e o risco incorrido são diferentes, mas vale aproveitar esse almoço grátis.

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Evandro Buccini

Sócio e diretor de gestão de crédito e multimercado da Rio Bravo