Appy e coordenador de movimento contra IVA trocam farpas em debate sobre reforma tributária

Secretário extraordinário da Fazenda disse que proposta conhecida como "Simplifica Já" pode representar aumento na carga de impostos

Estadão Conteúdo

O economista Bernard Appy, diretor do Centro de Cidadania Fiscal (Foto: Divulgação)
O economista Bernard Appy, diretor do Centro de Cidadania Fiscal (Foto: Divulgação)

Publicidade

Um debate sobre a reforma tributária na capital paulista foi marcado por embates entre o secretário extraordinário da reforma tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, e o coordenador do Movimento Simplifica Já, Alberto Macedo, que defende uma proposta alternativa de mudança no sistema de impostos, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 46.

A migração da cobrança de impostos estaduais e municipais da origem para o destino esteve no centro da discussão. Enquanto Macedo defendeu que a tributação aumenta à medida que a cobrança passa a ser feita no destino, Appy voltou a assegurar que a reforma tributária não vai elevar a carga.

Ao rebater as críticas feitas por Macedo, o secretário disse que, na verdade, o que aumenta a carga tributária “para valer” é o Simplifica Já, liderado por Macedo. A estimativa de Appy é de que a proposta alternativa causa uma elevação da carga na faixa de 1,5% a 2,5%.

Continua depois da publicidade

A alíquota de referência do imposto sobre valor agregado, o IVA, proposto pela reforma tributária será aquela que mantém a carga atual, garantiu Appy. Ele sustentou que os preços dos produtos devem cair com a eliminação da complexidade tributária e da alta litigiosidade do sistema atual, que representam um custo importante para as empresas. “Na reforma tributária, isso vai ser eliminado”, disse Appy, acrescentando que a reforma também contribuirá para a redução da sonegação, permitindo uma menor alíquota do IVA.

O seminário sobre a reforma tributária aconteceu na sede da Abimaq, associação que representa os fabricantes de máquinas e equipamentos, na Zona Sul de São Paulo. Em sua participação, Alberto Macedo considerou o IVA federal um tributo “disfuncional”. Segundo ele, a migração da tributação da origem ao destino deve levar a uma explosão das alíquotas praticadas em municípios, já que prefeituras devem repassar alíquotas maiores aos contribuintes.

O coordenador do Simplifica frisou também que, se houver exceções à alíquota uniforme do IVA, outros setores terão que pagar, de modo que a taxa para a indústria, considerada um setor beneficiado pela reforma, vai “tranquilamente” passar de 30%. “Alguém vai pagar a conta”, disse.

Continua depois da publicidade

Macedo assinalou que a PEC 46, sua proposta, procura “arrumar a casa pela fundação”, e não iniciar a construção “pelo telhado”, ao disparar mais uma crítica contra as propostas de reforma tributária em discussão. Segundo ele, as propostas no Congresso fazem o Brasil aguardar por resultados, não garantidos, de um processo de transição de dez anos – na verdade, são seis anos de transição para as empresas.

Zona Franca de Manaus

Durante o debate, Appy também frisou que a Fazenda vem discutindo com o governo do Amazonas uma “solução tranquila” para a Zona Franca de Manaus. O objetivo, disse, é assegurar que a mudança no sistema não seja traumática para a região, onde a isenção de IPI, imposto a ser extinto na reforma, representa um diferencial de competitividade, preservando empregos e renda. “Está caminhando bem”, declarou o secretário.