Gonçalves Dias pede demissão do GSI, após vazamento de imagens no Palácio do Planalto durante atos golpistas

Pedido foi feito ao presidente Lula poucas horas depois de ausência a audiência pública em comissão da Câmara dos Deputados

Marcos Mortari Luís Filipe Pereira

O general Gonçalves Dias (Foto: José Cruz/Agência Brasil)
O general Gonçalves Dias (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

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Após a revelação de imagens de interação com manifestantes durante a invasão do Palácio do Planalto no 8 de Janeiro, o general Gonçalves Dias pediu, nesta quarta-feira (19), exoneração do cargo de ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

O pedido foi feito ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ocorre poucas horas após Gonçalves Dias faltar a audiência pública convocada pela Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados alegando problemas de saúde.

Mais cedo, o canal de televisão fechado CNN Brasil divulgou imagens do circuito interno do Palácio do Planalto que mostravam o então ministro circulando pela sede do Poder Executivo às 16h29 daquele domingo − momento em que o prédio era tomado por vândalos.

Nas imagens, funcionários do GSI são flagrados conversando e cumprimentando invasores. Outro trecho mostra servidores da pasta entregando água aos manifestantes. Gonçalves Dias aparece em uma das cenas conduzindo os envolvidos para a saída pelas escadas do terceiro andar do Palácio do Planalto.

Em nota, o GSI afirmou que as imagens mostram a atuação de agentes no sentido de evacuar o terceiro e quarto pisos do edifício e concentrar os vândalos no segundo andar, onde aguardariam reforço policial.

“A respeito de reportagem veiculada no dia de hoje, sobre os ataques do 8 de janeiro, o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) esclarece que as imagens mostram a atuação dos agentes de segurança que foi, em um primeiro momento, no sentido de evacuar os quarto e terceiro pisos do Palácio do Planalto, concentrando os manifestantes no segundo andar, onde, após aguardar o reforço do pelotão de choque da PM/DF, foi possível realizar a prisão dos mesmos”, diz o texto.

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A Secretaria de Comunicação da Presidência da República, por sua vez, ressalta que os atos ocorreram contra um governo recém-empossado, “portanto, com muitas equipes ainda remanescentes da gestão anterior”, e diz que as imagens estão em poder da Polícia Federal para a realização de investigações e prisões sob ordens judiciais.

“No dia 17 de fevereiro, a Polícia Federal pediu autorização para investigar militares e, a partir do dia 27 de fevereiro, com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), tem realizado tais investigações, inclusive com a realização de prisões. Dessa forma, todos os militares envolvidos no dia 8 de janeiro já estão sendo identificados e investigados no âmbito do referido inquérito. Já foram ouvidos 81 militares, inclusive do GSI”, afirma em nota.

“O governo tem tomado todas as medidas que lhe cabem na investigação do episódio. E reafirma que todos os envolvidos em atos criminosos no dia 8 de janeiro, civis ou militares, estão sendo identificados pela Polícia Federal e apresentados ao Ministério Público e ao Poder Judiciário. A orientação do governo permanece a mesma: não haverá impunidade para os envolvidos nos atos criminosos de 8 de janeiro”, conclui.

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Gonçalves Dias é a primeira baixa ministerial desde que Lula retornou ao comando do Poder Executivo para seu terceiro mandato. O episódio aumenta a pressão da oposição para a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar fatos relacionados ao 8 de Janeiro.

Conhecido como “G.Dias”, o general da reserva Marco Edson Gonçalves Dias é nome de confiança de Lula. Ele já ocupou o cargo de Secretário de Segurança da Presidência da República durante gestões anteriores do petista e de chefe da Coordenadoria de Segurança Institucional na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Ele também comandou a 6ª Região Militar do Exército Brasileiro, de onde saiu para ser diretor de Civis, Inativos, Pensionistas e Assistência Social.

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O GSI, órgão composto por uma maioria de militares, é o órgão responsável pela segurança das instalações da Presidência da República. Ele também fazia a segurança pessoal do presidente e de seus familiares, mas no início do ano Lula designou tais funções a policiais federais.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.