Vale (VALE3), CSN (CSNA3), Usiminas (USIM5) e mais: o que esperar das mineradoras e siderúrgicas no 1º trimestre

Na mineração, alta do preço do minério deve ser compensada por volumes menores e na siderurgia, preço do carvão impulsiona margens

Vitor Azevedo

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A Usiminas (USIM5) é a primeira companhia do setor de siderurgia e mineração a divulgar seu resultado do primeiro trimestre de 2023, nesta quinta-feira (20). E a empresa, após um quarto trimestre difícil, deve trazer números melhores – sendo que as siderúrgicas, para os analistas, devem ser os destaques positivos do trimestre.

Após a Usiminas, a Vale (VALE3) tornará seus números públicos no dia 26 de abril. Gerdau (GGBR4) e a Metalúrgica Gerdau (GOAU4) divulgam seus balanços no dia 3 de maio, bem como a CSN (CSNA3) e a CSN Mineração (CMIN3). A CBA (CBAV3), por fim, demonstra seu resultado no dia 8.

“Projetamos diferentes tendências para os resultados do primeiro trimestre nas empresas brasileiras de mineração e siderurgia”, dizem os analistas do Itaú BBA, em relatório. “A Usiminas deve apresentar a melhor evolução de resultados no trimestre diante de melhores performances na mineração e siderurgia”, complementam.

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Segundo o banco, a siderúrgica deve ter seu resultado impulsionado pelo braço de mineração, uma vez que o preço médio do minério de ferro subiu na comparação trimestre a trimestre, principalmente por conta da reabertura da China.

Além disso, as siderúrgicas, no geral, também devem trazer margens melhores por conta principalmente do recuo do preço do carvão mineral, utilizado nos altos-fornos – o que deve mais do que compensar o preço mais fraco do aço. Em novembro passado, a tonelada do carvão de coque era negociada a US$ 3,32 mil, contra US$ 2,57 mil em fevereiro e US$ 1,76 mil em março.

“Esperamos que a Usiminas apresente um trimestre melhor, com lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) consolidado de R$ 712 milhões, alta de 23% no trimestre. Para a divisão de aço, esperamos volumes ligeiramente superiores, preços mais baixos e custos dos produtos vendidos (CPV) caixa por tonelada ligeiramente menor, devido aos preços mais baixos das placas”, comenta a XP Investimentos.

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Segundo os especialistas, o preço das placas mais baixo deve impactar a performance da Usiminas no mercado interno pelo fato de a siderúrgica ter fechado contratos com desconto com o setor automotivo. Já no externo, o fim das obras do gasoduto Néstor Kirchner, em Buenos Aires, deve diminuir a demanda por aço.

Quanto aos volumes, o esperado é que a Usiminas traga um número de remessas totais dentro do seu guidance, que está entre 950 mil e 1.050 toneladas, sendo algo próximo a 900 mil para o mercado doméstico e 110 mil no mercado externo. “Dentro da mineração, projetamos nossas vendas em 1,9 mil toneladas, contra 2, mil no quarto trimestre, consolidando uma queda de 17,8%, por uma sazonalidade mais fraca e devido a maiores volumes de chuvas, que afetam a produtividade das minas”, complementa a Genial

De acordo com o consenso Refinitiv, a receita da companhia deve ficar em R$ 7,6 bilhões, o Ebitda em R$ 752,2 milhões e o lucro líquido em R$ 346 milhões.

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Gerdau e CSN

Ainda na siderurgia, a Gerdau deve vir, para analistas, atrás da Usiminas quando assunto é melhora de desempenho trimestre a trimestre. O Itaú BBA, por exemplo, espera um crescimento de Ebitda de 13%, bem como o BBI, chegando a R$ 4,1 bilhões.

“Antecipamos um crescimento de Ebitda de 13% na base trimestral diante de resultados positivos nas divisões do Brasil, com melhores volumes e custos, e da América do Norte, com maior volume e diluição de custos fixos. Esperamos que os volumes aumentem cerca de 17,5% na base trimestral  e que os preços realizados tendam a cair, embora o spread de metal ainda forte deva sustentar margens em níveis elevados”, dizem os analistas do primeiro banco.

Nos Estados Unidos, o momento econômico e os pacotes de infraestrutura de Joe Biden continuam a puxar os preços para cima. No Brasil, os embarques de aço longo para o mercado doméstico devem aumentar 13% trimestralmente após um desempenho fraco no quarto trimestre. Os preços domésticos devem permanecer estagnados, devido a uma melhor mistura de produtos. Mas o custo de produção, assim como na Usiminas, deve recuar.

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Na CSN, a tendência de melhora é um pouco menor. O BBA espera que a companhia traga um Ebitda com alta de 1% na base trimestral e o BBI, com alta de 4%.

“Resultados do minério de ferro impulsionam o primeiro trimestre, enquanto aço e cimento devem vir mais fracos, devido à menor demanda no Brasil, especialmente em janeiro e fevereiro. No aço, as remessas domésticas devem cair 8%, parcialmente compensado por uma realização de preços mais fortes. As exportações devem aumentar em 17%, ”, explica o BBI.

A Gerdau deve se destacar, principalmente, por sua operação estar cada vez mais concentrada nos Estados Unidos. No quarto trimestre, a operação norte-americana foi responsável por 52,7% do Ebitda da companhia.

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A Refinitiv espera que a Gerdau traga uma receita de R$ 19,2 bilhões, um Ebitda de R$ 3,9 bilhões e um lucro líquido de R$ 2,1 bilhões. Para a CSN, as projeções, na mesma ordem, são de R$ 11,4 bilhões, R$ 3,2 bilhões e R$ 834,9 milhões.

CSN Mineração, Vale e CBA 

Braço da CSN, a CSN Mineração deve ter seus resultados um pouco mais fracos na base trimestral. Apesar da alta do preço do minério, o volume de vendas deve cair, por conta da menor produção devido às chuvas, e a empresa deve ter maiores custos, uma vez que os gastos fixos foram menos diluídos.

“Prevemos um resultado um pouco mais fraco, com Ebitda ajustado atingindo R$ 1,7 bilhão, queda de 3% na base trimestral, apesar dos maiores preços realizados, com alta de 20% do minério, as vendas devem ficar em 8,5 mil toneladas, queda de 13%, e a CSN deve ter maiores custos caixa”, comenta a XP.

Para a Vale, as projeções vão na mesma linha. A XP também comenta que os menores volumes, por conta da sazonalidade, e maiores custos devem impactar o Ebitda, com queda de 4%.

“Embarques sazonalmente mais fracos e custos mais altos compensam preços de commodities mais saudáveis. Os embarques de minério de ferro devem cair sazonalmente, também impactados por chuvas mais intensas do que o normal no porto de Ponta da Madeira (que afetou mais as exportações do que a produção)”, complementa o BBI.

A prévia operacional da Vale foi divulgada na terça-feira (18) e frustrou as expectativas do mercado. A gigante de mineração reportou uma produção de 66,8 milhões de toneladas de minério e o volume de vendas somou 45,9 milhões de toneladas. Para fins de comparação, o BBI esperava o embarque de 57 milhões de toneladas.

Após os dados operacionais, o Morgan Stanley revisou para baixo a estimativa para o Ebitda da Vale de 4% a 8% no 1T23, abaixo do consenso de US$ 4,3 bilhões, devido a menores embarques. O BBA revisou a sua estimativa de Ebitda de US$ 4,1 bilhões para US$ 3,7 bilhões no primeiro trimestre deste ano.

No segmento de metais básicos, a Vale também frustrou. Em cobre, por exemplo, suas vendas ficaram 25% abaixo do consenso do Goldman Sachs.

Por fim, para a CBA, a expectativa é de um resultado também pouco animador.

“Projetamos uma diminuição de Ebitda de 27% em relação ao quarto trimestre principalmente devido aos volumes mais baixos de alumínio e custos mais altos para a companhia”, diz o BBA. “Para a divisão de alumínio, esperamos um Ebitda com queda de 4% no trimestre, como uma combinação de: volumes de vendas ligeiramente menores, principalmente em uma sazonalidade mais fraca; preços realizados mais baixos; e maior custo por volume vendido caixa por tonelada, impactado pelos preços ainda elevados do refrigerante e do coque”, afirma a XP.

Para a CSN Mineração, o consenso de receita da Refinitiv é de R$ 3,6 bilhões, o do Ebitda, R$ 1,6 bilhão, e o do lucro líquido, R$ 833 milhões. No caso da Vale, na mesma ordem, as projeções são de US$ 9,4 bilhões, US$ 4,4 bilhões e US$ 2,8 bilhões. Para a CBA, por fim, de R$ 1,9 bilhão, R$ 134 milhões e prejuízo líquido de R$ 26,2 milhões.