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O plano da Yuool de fazer IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) não está descartado, mas será colocado em prática quando a empresa estiver maior e quando o cenário macroeconômico for mais favorável, com juros menores, segundo o CEO da companhia, Eduardo Abichequer. Ao InfoMoney, ele falou que em 2023 a empresa deve focar em rentabilidade, mas sem deixar de crescer — inclusive com a abertura de sua primeira loja física no exterior, em Milão, na Itália, em outubro.
“A gente é muito estratégico e sempre olhamos para além do dinheiro. Tem que analisar se [a oferta de ações] traria alguma outra vantagem, seja de conhecimento, seja de distribuição, é isso que a gente olha”, disse o executivo. “Mas a gente não vê num horizonte muito próximo, a gente ainda não tem tamanho para isso.”
“É o que a gente está buscando, a gente tem pares internacionais que são cases fantásticos, a On Running, por exemplo, que tem capital aberto. Tem cases nacionais aqui também super legais. É algo que está sempre no nosso radar, está no nosso horizonte, mas agora é abaixar a cabeça, trabalhar e entregar tudo que a gente tem que entregar para chegar no tamanho certo de fazer isso”, completou o executivo.
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Segundo Abichequer, o atual cenário econômico no Brasil fez a empresa “virar uma chave” em 2023, passando a focar em rentabilidade, o que ficou mais fácil, conta, porque a Yuool atingiu “um novo patamar” em termos de volume de vendas.
“A nossa estratégia para este ano, como a gente está tendo um ganho de margem maior por ter conseguido mais volume, é organizar bem as operações e rentabilizar, com certeza. Até porque o mercado não está muito suscetível. A gente mudou a chave aqui para fazer isso e o plano está bem estruturado”, afirmou o CEO.
“A gente nunca foi queimador de caixa solto. Nos primeiros anos, a gente correu com as próprias pernas e atingimos o breakeven já no quinto mês de operação. Depois, a gente deu uma esticadinha na corda, algo super controlado, mas sempre com o smart money, a gente nunca entrou naquela loucura de fazer várias rodadas [de captação de dinheiro]”, completou.
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A Yuool foi fundada em 2017 por quatro sócios vindos da XP Inc. — Marcelo Maisonnave, Pedro Englert e Eduardo Glitz, donos da NVA Capital (gestora que investe em empresas como Warren, FitBank, Monkey, StartSe, BM&C News e Vortx), além de Abichequer, que ficou no comando da empresa.
Inserida no mercado de moda sustentável, a empresa faz calçados em lã de ovelha da raça Merino, com um tecido termodinâmico, antibacteriano e confortável, e também de garrafa pet reciclada e rastreada. Com fundadores vindos do mercado financeiro, a marca rapidamente se tornou “o tênis dos Faria Limers”, como são conhecidos informalmente os funcionários de instituições financeiras na capital paulista. A estratégia de marketing junto a influenciadores de finanças também colaborou para isso.
Com vendas focadas principalmente no digital, a Yuool já vendeu mais de 160.000 pares de calçados desde sua fundação, sendo 43.650 apenas em 2022. O faturamento atingiu R$ 18,3 milhões no ano passado, um crescimento de 63,8% sobre o valor registrado em 2021 (R$ 11,2 milhões). Para 2023, a empresa espera alcançar faturamento de R$ 33 milhões.
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Lojas físicas e operação no exterior
Embora a maior parte da receita venha das vendas pela internet, a companhia também pretende expandir em lojas físicas. Atualmente, ela tem sete unidades no Brasil: três na cidade de São Paulo, uma na capital do Rio de Janeiro e três no Rio Grande do Sul — duas em Porto Alegre e uma em Gramado. Em 2022, as lojas físicas contribuíram com R$ 3,5 milhões do faturamento total da marca.
“A estratégia das lojas físicas foi um teste. A gente começou com uma pop up para ver se parava em pé. Como a gente também analisa muito dado, a gente começou a calcular. Das pessoas que experimentam nosso tênis, 90% compram. Com esse dado na mão e com a loja física teste parando em pé financeiramente, a gente viu que era um bom canal de crescimento”, explicou o CEO.
“A sua vida não é nem 100% digital e nem 100% física. Então, nada mais certo que a empresa também ser híbrida. A gente faz bastante anúncio no digital, mas ainda tem as pessoas que são inseguras e querem provar [os calçados], querem conhecer os produtos pessoalmente. A loja física serve para isso. Ela também serve para as pessoas que já são clientes da marca se relacionarem, tirarem dúvidas”, completou. “São todas lojas próprias e a gente não tem no horizonte ter franquias.”
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A Yuool também atua no exterior, onde Abichequer diz enxergar um grande potencial para a marca. Presente na Europa desde 2019, por meio do seu e-commerce próprio, a Yuool vende, hoje, para países como Alemanha, França, Holanda, Itália, Espanha, Portugal, Bélgica e Luxemburgo. Em 2022, entrou no mercado dos Estados Unidos através da Amazon. Em outubro deste ano, a marca se prepara para abrir uma loja física em Milão, na Itália. As vendas no exterior já representam 15% do faturamento total da companhia — R$ 2,2 milhões em 2022.
“O Brasil é nosso, a Europa é nossa e os Estados Unidos são nossos [foco em desenvolver ou aprimorar operação própria]. Qualquer outro mercado no exterior, a gente entra através de parceiros. A gente entrou recentemente na Colômbia, através de um parceiro que tem 39 lojas no país. A gente já tem um parceiro há alguns anos no Uruguai que vende o nosso produto”, afirmou.
“Na Europa, a Itália ainda é o nosso maior mercado, por isso a decisão de abrir a loja física lá. Mas estamos também trabalhando para desenvolver nosso mercado em outros países do continente também. Temos uma pequena equipe nossa já na Europa, de três pessoas, e a ideia é ir ampliando isso”, completou Abichequer.
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Concorrência e Sustentabilidade
Sobre o aumento da concorrência no mercado de moda sustentável, o CEO da Yuool disse estar tranquilo com o que a marca entrega. “A gente acredita que a sustentabilidade no futuro não vai ser mais o diferencial de uma empresa, mas sim que ela vai estar presente em todas as empresas”, avaliou.
“Eu acredito que a indústria vai fazer seu processo ser mais renovável também. Hoje, por exemplo, a nossa garrafa pet é reciclada, mas ela também é rastreada. A gente sabe de qual lixão ela veio. É importante para a indústria não ficar só nesse greenwashing. Tem empresas por aí que compram garrafa pet direto da fábrica. Aí você não está sendo sustentável”, completou o executivo.
No balanço entre ser sustentável e lucrativo, Abichequer diz que o fato de a Yuool ser uma empresa de direct consumer, sem intermediários na venda para o cliente em seus mercados principais, ajuda a marca a entregar resultado financeiro. “A gente está sempre inovando, trazendo coisas novas, trazendo materiais novos e também entregando o que precisa, esse balanceamento.”
No ano passado, por exemplo, a Yuool realizou a maior collab de sua história, com uma edição limitada da linha FIT (produzida com algodão orgânico e garrafa pet) assinada pelo artista Eduardo Kobra, e lançou o Yuool Slide — um “chinelo nuvem” com tecnologia alemã, feito com borracha TR reciclada e PU livre de ftalatos e metais pesados. A sede da companhia fica em São Paulo, mas ela tem um centro de desenvolvimento no Rio Grande do Sul e um centro de distribuição em Minas Gerais. Ao todo, são cerca de 40 funcionários.
Grandes marcas internacionais já estão de olho no potencial do mercado de moda sustentável e possuem suas linhas próprias neste segmento, como a Nike e a Puma. No Brasil, a Arezzo (ARZZ3), por exemplo, possui linhas de calçados sustentáveis e é dona da marca Alme, focada nesse nicho. Assim como a Yuool, a Alme também possui uma estratégia de vendas digitais, mas tem lojas próprias, inclusive no Shopping Iguatemi, em São Paulo, onde há uma unidade Yuool.
A Arezzo não divulga em seu balanço o desempenho financeiro individual da marca Alme, somente os valores consolidados do grupo ou separadamente das principais marcas da companhia (Arezzo, Schutz, AR&CO e Anacapri). O InfoMoney procurou a Alme e a Arezzo, mas elas não divulgaram os números e nem disponibilizaram um porta-voz para entrevista.
No balanço do quarto trimestre de 2022 da Arezzo, o grupo destaca que a Alme completou um ano de sua jornada como carbono neutro. “Com o compromisso de promover o consumo consciente, a Alme conta com produtos com análise completa do seu ciclo de vida, produzidos a partir de matérias-primas com impacto ambiental reduzido, através de uma cadeia produtiva rastreada”, escreveu.
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