O atual cenário de juros altos e restrição de crédito inspira cautela, mas não assusta a Simpar (SIMH3), segundo o CFO da companhia, Denys Ferrez. A holding, que controla empresas como Vamos (VAMOS3), Movida (MOVI3) e JSL (JSLG3), entre outras, encerrou 2022 com uma posição de caixa consolidada de R$ 13 bilhões — mais de três vezes superior ao endividamento de curto prazo e suficiente para quitar a dívida até meados de 2025.
“Nossa estrutura contratual não necessita de uma queda na taxa de juros, principalmente porque na história do grupo você teve um ambiente em grande parte inflacionário. Nossos contratos têm proteção contra impactos inflacionários e nosso portfólio segue uma ‘regra do dedão’ que adequa os contratos a cada um ano meio ou dois anos à nova realidade inflacionária. Isso aconteceu quando a Selic bateu 14%, 15%, 16%, e nem por isso a gente deixou de crescer e desenvolver todas as nossas empresas”, disse o executivo.
Ele participou do Por Dentro dos Resultados, projeto no qual o InfoMoney entrevista CEOs e diretores de importantes companhias de capital aberto, no Brasil ou no exterior. Os executivos falam sobre o balanço do quarto trimestre e ano fechado de 2022 e sobre perspectivas. Para acompanhar todas as entrevistas da série, se inscreva no canal do InfoMoney no YouTube.
“A gente vai sim ficar mais cauteloso, se desenvolvendo com mais prudência. A gente tem uma carteira de clientes que provou ser bastante resiliente ao longo de outras crises. De 2007 a 2022, nós não só atravessamos a crise do subprime, que foi global, a maior recessão da história do Brasil e a Covid, nós não só ficamos de pé como também expandimos em termos de geração de caixa todos os anos. Entregamos uma taxa de crescimento anual da nossa geração de caixa de 28%. Seja pela razão que for, dentro do nosso modelo de negócio, tem algo que nos faz seguir em frente”, completou.
O CFO destacou como fator-chave para esse desempenho uma “diversificação de clientes, de setores e de serviços”. Ele disse ainda que em momentos mais difíceis as empresas estão mais abertas às soluções dos serviços oferecidos pelo grupo Simpar através de suas controladas, que geram mais eficiência. Ferrez disse que a Simpar sempre priorizou ter liquidez e que inclusive o grupo antecipou o pagamento de obrigações no Brasil, além de ter recomprado bonds no mercado externo.
Sobre aquisições, o executivo descartou a possibilidade de a Simpar como holding agregar uma nova companhia a seu portfólio, mas disse que algumas controladas estão sim olhando oportunidades de crescimento inorgânico. Ele comentou também sobre as montadoras terem retomado a normalidade na produção de automóveis e caminhões para a renovação de frotas das controladas.
Ferrez falou também sobre a possibilidade de uma nova captação de recursos no médio prazo. “Para boa parte do que a gente pensa que a gente pode fazer em termos de crescimento, a gente já está com o valor alinhavado. Eu não posso dar números, mas a gente já tem isso tudo acertado em relações bilaterais com bancos do nosso relacionamento há muitos anos”, afirmou.
O executivo comentou também sobre corte de custos e a importância que esse tema ganhou no último ano diante do cenário macroeconômico mais adverso: “a gente deu uma boa reforçada nesse olhar; é o que está nas nossas mãos e estamos fazendo”. Sobre investimentos, o CFO disse que 2023 não tem a mesma necessidade de Capex que o grupo teve ano passado. “A Movida deixou de ser o maior Capex do grupo em 2022 para a Vamos. Neste ano, ela vai focar em eficiência”, disse. Veja a entrevista completa no player acima, ou clique aqui.