Bitcoin se provou em crise bancária e potencial de alta de 2.400% até 2030 é “conservador”, diz Cathie Wood

CEO da Ark Invest ficou conhecida em 2020, quando seu principal fundo entregou retorno de quase 150% em meio à crise da Covid

Paulo Barros

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Cathie Wood, CEO e CIO da Ark Invest, é conhecida por suas provocações sobre a disrupção do sistema financeiro tradicional e pelas projeções ambiciosas para ativos nos quais investe, posições que ganharam força nos últimos dias com dois eventos quase simultâneos — para alguns, de forma correlacionada.

De um lado, a quebra de três bancos americanos e a crise envolvendo o Credit Suisse; de outro, a disparada do Bitcoin (BTC).

“Inovação resolve problemas. O exemplo mais dramático foi o comportamento do Bitcoin na semana passada. Ele absolutamente decolou, foi uma corrida para um veículo seguro”, afirmou Wood na terça-feira (21) em entrevista à Bloomberg.

A investidora está no time dos que acreditam que o Bitcoin não subiu apenas pela expectativa de alívio no aperto monetário nos Estados Unidos, algo que beneficiaria ativos de risco em geral. Para ela, assim como para os maiores entusiastas da moeda digital, o salto do BTC se deu sobretudo por uma adesão à sua tecnologia.

“O Bitcoin é totalmente descentralizado, completamente transparente, auditável, o que endereça todos os problemas bancários nesse momento. Então, [ele é] uma busca por segurança, e um pouco uma apólice de seguro. Não há uma vulnerabilidade central no Bitcoin”, falou.

Wood tem uma carreira de 40 anos como investidora, mas ficou mais conhecida em 2020, quando sua gestora, Ark Invest, especializada em inovação, viu os retornos de seu principal fundo, o ARK Innovation, atingirem quase 150%. Nos últimos cinco anos, o produto entregou retornos anuais de cerca de 45%.

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O desempenho deu a Wood um status de “guru” entre investidores que observam negócios e ativos inovadores. A Ark investe em empresas de robótica, tecnologia genômica e energia limpa, além de inteligência artificial e no Bitcoin, visto por ela como tendo lugar cativo na carteira do investidor médio dentro de alguns anos.

Ela defende que o apetite das instituições por BTC foi contido pela pressão regulatória nos EUA desde o final do ano passado, mas que eventualmente retornará, dada a capacidade histórica de a moeda digital servir como um diversificador de portfólio, por andar descorrelacionado com o mercado de ações.

Alocadores consultados pela gestora dizem que instituições que se preocupam em alocar em ativos descorrelacionados deverão reservar entre 2,5% e 6,5% das carteiras à criptomoeda.

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“É o tamanho da alocação que eles teriam feito em classes de ativos emergentes, como o mercado imobiliário nos anos 1970, ou mercados emergentes e small caps nos anos 1980 e 1990″, contou na entrevista.

Projeção

No começo do ano, a Ark Investment publicou um relatório em que projeta uma valorização expressiva do Bitcoin, baseando-se em uma alocação média pequena por investidores globais – a criptomoeda, vale lembrar, tem escassez programada no seu código, o que significa que um aumento na demanda implicaria em um impacto quase direto no preço.

Segundo a gestora, até 2030, o Bitcoin será negociado, no mínimo, a US$ 258.500 (R$ 1,3 milhão) e, no máximo, a US$ 1,48 milhão (R$ 7,74 milhões). Em um patamar intermediário (cenário base), a moeda digital alcançaria US$ 682.800 (R$ 3,57 milhões).

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“As projeções para o cenário base são bastante conservadoras”, falou Wood. Um salto para US$ 682.800 seria equivalente a uma valorização na ordem de 2.400% frente à cotação do BTC nesta quarta-feira (22).

“Tesouros privados tiraram capital do Bitcoin porque os reguladores estavam impedindo que eles colocassem o Bitcoin no patrimônio. Mas acreditamos que o comportamento do preço nesta crise vai começar a atrair mais instituições”, afirmou a CEO da Ark.

“Nossas apostas vão romper a ordem mundial tradicional. Se estivermos certos, benchmarks de large caps e até fundos de mid caps vão passar por uma ruptura. E nós seremos o hedge”.

Paulo Barros

Jornalista pela Universidade da Amazônia, com especialização em Comunicação Digital pela ECA-USP. Tem trabalhos publicados em veículos brasileiros, como CNN Brasil, e internacionais, como CoinDesk. No InfoMoney, é editor com foco em investimentos e criptomoedas