Simpar (SIMH3): os pontos positivos do resultado da holding que fizeram a ação disparar 9%

Gestão ativa do endividamento do grupo em meio ao cenário de juros altos, Ebitda recorde e visão de holding descontada reforçam recomendações positivas

Lara Rizério

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A Simpar (SIMH3), holding que controla Vamos (VAMO3), JSL (JSLG3) bem como de outras empresas não listadas nos setores de mobilidade, saneamento, concessões e serviços financeiros, reportou resultados do quarto trimestre de 2022 (4T22) que consolidaram os bons números previamente divulgados pelas suas empresas de capital aberto, na visão do Itaú BBA.

Entre os destaques anunciados pela companhia, os analistas do Itaú BBA destacaram o custo de endividamento da holding, que caiu de 18,6% no terceiro trimestre para 15,8%. Isso foi possível graças a estratégia da empresa de antecipar o pagamento de dívidas mais caras e substituí-las por dívidas mais baratas.

Com analistas de mercado destacando os mesmos pontos positivos para a empresa, as ações subiram 9,02%, a R$ 8,22, nesta quarta-feira (8) na B3.

No quarto trimestre, a companhia reportou lucro líquido de R$ 288,2 milhões, com queda de 21,4% em relação a igual período de 2021. A despeito de um lucro líquido menor, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) avançou 39,5% entre o quarto trimestre de 2021 e 2022 para R$ 1,8 bilhão. No ano passado, a holding obteve o recorde de R$ 7 bilhões de Ebitda, com alta anual de 67,2%.

A Eleven aponta que houve crescimento de Ebitda em todas as suas principais controladas, com destaque para a Automob que, com as aquisições e aumento do ticket médio (cerca de 9% no ano), o que elevou a escala das suas operações e ampliou de 1,5% para 5,0% a participação no Ebitda do grupo. Já a Vamos (+84% na base anual) capturou uma demanda aquecida e mostrou evolução importante na implantação de ativos nos clientes, com elevação de preços.

“Um destaque positivo, em nossa visão, foi que apesar da inflação e juros que pressionaram bastante as margens e principalmente o lucro da companhia, no 4T22 a Simpar já apresentou uma redução da despesa financeira no comparativo com o trimestre imediatamente anterior”, afirmam os analistas da casa.

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A receita líquida no 4T22 chegou a R$ 7,4 bilhões, alta de 79% em relação a igual período do exercício anterior. Em 2022, o faturamento líquido foi de R$ 24,4 bilhões, com crescimento de 75,8% frente a 2021.

“A companhia apresentou crescimento importante da receita advindo do crescimento orgânico e das aquisições realizadas em 2022, que fortaleceu o posicionamento da Simpar nos segmentos de atuação e demonstram disciplina na
alocação de capital. Além disso, contratos de suas subsidiárias operacionais com cláusulas de repasse de inflação garantiram uma melhor precificação para a Simpar”, aponta a Eleven.

Assim, os números apontam uma capacidade de geração de caixa importante o que, junto com o capex (investimento) líquido realizado de R$ 13,5 bilhões no ano, deve gerar crescimento em 2023. Além disso, deve ser levado em conta que, em razão dos prazos de implantação dos ativos de cerca de 90 dias, uma parte dos investimentos dos últimos seis meses ainda não contribuiu na geração de receita e resultado deste trimestre, mas que incorporam a dívida da companhia.

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“No geral, vemos um resultado positivo para a Simpar, que mesmo com o cenário de juros e inflação conseguiu entregar bons números no ano. Além disso, com o elevado desconto de holding apresentado pela companhia de 41% (em nossa visão, conservador) frente à soma das partes, mostra um valuation muito atrativo. Acreditamos que o papel tem bastante sensibilidade à taxa de juros e com os incipientes comentários sobre possíveis cortes na SELIC devido à desaceleração econômica, reforçamos a recomendação de compra”, aponta a Eleven.

Na mesma linha, o BBA também reforça recomendação de compra para a ação, de olho nas diferentes vertentes de crescimento do grupo.

O Bradesco BBI também reforça que Simpar está constantemente mostrando sua capacidade de gerar altos retornos sobre um Capex e crescimento agressivo. Ao mesmo tempo, a empresa continua mantendo dinheiro disponível para aproveitar oportunidades que podem surgir e apoiar suas subsidiárias.

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A recomendação para a ação também é equivalente à compra, com preço-alvo de R$ 22. “Nossa recomendação se baseia em: 1) um modelo de negócio resiliente e forte execução da administração; 2) flexibilidade de balanço que permite ao grupo executar uma estratégia de crescimento inorgânico acelerado e/ou acelerar o crescimento orgânico em certas operações, como Vamos, Movida e JSL; 3) as ações estão sendo negociadas com um desconto no nível da holding não merecido de 37% (desconto justo de 15%) e 4) um IPO potencial da Automob e CS Infra nos próximos anos poderia destravar valor”, avaliam.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.