De impressora a smartphone: Simpress faturou R$ 1,3 bilhão no setor de outsourcing

Registro recorde se dá após criação de novas divisões de negocio; empresa tem R$ 1,2 milhão para receber da Americanas

Wesley Santana

Subsidiária da HP no Brasil, Simpress atende cerca de 1,5 mil empresas e administra 500 mil equipamentos sob contrato. Foto: Divulgação
Subsidiária da HP no Brasil, Simpress atende cerca de 1,5 mil empresas e administra 500 mil equipamentos sob contrato. Foto: Divulgação

Publicidade

Mesmo com o volume de impressão de documentos em queda, a Simpress conseguiu fechar o ano de 2022 com um faturamento recorde de R$ 1,3 bilhão. A empresa de outsourcing reportou um crescimento anual de 35%, sendo que 70% desta fatia veio do aluguel de impressoras para grandes companhias.

Fundada em 2001, a marca surfou em um movimento de mercado quando as empresas procuravam parceiros externos para operar seus serviços de impressão. Passadas quase duas décadas, continua tendo este como o seu principal negócio, mas mantendo uma estratégia cada vez mais agressiva para ampliar espaço em um setor em queda.

“Para continuar crescendo nesse segmento, como tem acontecido nos últimos anos, é necessário ganhar espaço em cima dos concorrentes. O mercado não vai acabar, mas deve encolher. Ganhar mais negócios em relação ao meu concorrente continua me dando uma taxa de crescimento suficiente, ao mesmo tempo em que acelera as outras divisões da empresa”, define Vittorio Danesi, presidente do grupo Simpress.

Continua depois da publicidade

Recentemente, a companhia revisou seu modelo de negócio e inaugurou outras verticais, com o foco na diversificação da receita. Lançou, por exemplo, os ramos de  outsourcing de notebooks e computadores e de celulares e tablets, focando nas necessidades tecnologias de seus clientes.

Essas ideias surgiram em 2019, mas ganharam ainda mais relevância no ano seguinte, já no contexto de pandemia. Ao mesmo tempo em que se viu perdendo receita por causa da baixa nos escritórios parceiros, registrou uma demanda para ampliar a cobertura de serviços e atender outros ramos com o mesmo sistema de outsourcing

“O plano de três anos foi antecipado para um ano, então geramos em 2020 o equivalente ao que esperávamos para os três seguintes. Em 2022, nós dobramos a receita de R$ 660 milhões que tivemos em 2019, para R$ 1,3 bi em 2022, mostrando o acerto no tempo de lançamento das ofertas e a consolidação da empresa dentro deste mercado”, recorda Danesi.

Continua depois da publicidade

Os planos da Simpress é continuar desbravando o outsourcing para equipamentos de tecnologia e tornar essa a divisão responsável por 50% do faturamento anual até o final de 2024. “Se a gente confirmar a estimativa, de um mercado 5 vezes maior, existe uma oportunidade de crescimento muito importante para os próximos três anos”.

Além de fundar e presidir a Simpress, Vittorio Danesi é investidor-anjo de startups
Além de fundar e presidir a Simpress, Vittorio Danesi é investidor-anjo de startups. Foto: Divulgação

Raio-X e crise na Americanas

Subsidiária da HP (HPQB34) no Brasil, a Simpress administra hoje cerca de 500 mil equipamentos que estão espalhados pelos 1,5 mil contratos com médios e grandes clientes. Dentre esses parceiros, há marcas de vários setores, da logística ao varejo, que s atendidos pelos quase 2 mil funcionários diretos e indiretos.

Esse tamanho fez a empresa ter a Americanas (AMER3) como um de seus principais clientes no país. Assim, como grande parte do mercado financeiro, a direção da empresa também foi pega de surpresa com o rombo bilionário reportado pela varejista no mes passado. O espanto foi proporcional ao escândalo que ainda está sob investigação da justiça e dos órgãos reguladores, pois este era um dos principais clientes do portfólio.

Continua depois da publicidade

Com o pedido de recuperação judicial da varejista, a Simpress entrou como um dos credores impedidos pela Justiça de cobrar as dívidas pendentes. Segundo a lista que a Americanas entregou ao Tribunal, a Simpress teria quase R$ 1,2 milhão para receber.

Danesi considera este fato como “inacreditável” e o compara a um prédio de 70 andares que desabou, mesmo tendo sua construção cercada de credibilidade. Embora a quantia seja bem menor que a de outros fornecedores listados, ele diz que a empresa já fez as contas e que o dinheiro deve fazer falta no fluxo de caixa.

“Estamos vendidos nesta situação e o fato de que outras maiores também foram pegas de surpresa não me traz nenhum conforto”, pontua. “Eu, particularmente, estou muito cético e acredito que isso seja negativo não só para a Americanas e seus credores, bem como para os pequenos investidores e o mercado financeiro em geral, pois passa uma mensagem ruim”, comenta.