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Um dia após o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pedir aos empresários para cobrarem o Banco Central (BC) pelos juros altos no Brasil , a direção da Anfavea (entidade que representa as montadoras) de veículos disse que a crítica foi “muito oportuna”.
Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, disse nesta terça-feira (7) que o custo dos financiamentos tem tirado os consumidores do mercado de carros.
“O setor tem demonstrado que precisamos ter condições de venda. Com a taxa de juros de hoje, os consumidores têm saído do mercado. É fundamental trazer esses consumidores de volta para aumentar volumes e empregos”, comentou o dirigente da Anfavea.
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O BC manteve na semana passada a Selic em 13,75% ao ano, pela quarta reunião consecutiva do Copom (Comitê de Política Monetária), e afirmou que vai manter a taxa de juros em nível contracionista (que desacelera a economia) até que a inflação — e as expectativas em torno da Selic — estejam controladas.
A declaração foi dada junto com a apresentação dos dados de janeiro, que frustraram as montadoras e apontaram sinais de desaceleração da demanda. A produção de veículos cresceu 5% na comparação com janeiro de 2022, mas despencou 20,3% ante dezembro.
O presidente da Anfavea destacou, além das declarações de Lula sobre os juros, o compromisso com a reindustrialização do Brasil e as promessas de aprovação da reforma tributária, e afirmou que as manifestações do novo governo estão alinhadas com a agenda da indústria.
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As vendas de veículos novos cresceram 12,9% em janeiro na comparação anual, mas despencaram 34,1% ante dezembro. Leite afirmou que a alta em relação a janeiro de 2022 se deve à base fraca de comparação, pois na época o mercado sofria mais com as limitações de oferta, devido à crise no abastecimento de componentes eletrônicos (principalmente semicondutores).
A Anfavea diz que, agora, o problema está mais na demanda do que nos gargalos de produção nas montadoras, pois o mercado já começa a dar sinais de perda de fôlego em meio aos juros altos.
O mês de fevereiro começou com 180,8 mil veículos em estoque nos pátios das montadoras e concessionárias, um volume suficiente para 38 dias de venda, segundo a associação. O dado mostra estabilidade em relação a dezembro, quando os estoques estavam em 188 mil veículos (suficientes para 39 dias de venda).
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“O aumento nas vendas de janeiro não se deve à recuperação de demanda, mas à base pressionada do ano anterior por falta de insumo”, afirmou Leite. “Gostaríamos que o crescimento tivesse sido maior. Não foi o crescimento desejado”.
(Com Estadão Conteúdo)