Os utility tokens (tokens de utilidade, na tradução para o português) são uma classe de criptoativos. No geral, eles oferecem alguma utilidade (daí o nome) para os detentores, como descontos, acessos exclusivos a locais, cupons de descontos para a compra de itens, entre outros. 

Esses ativos rodam em blockchains, espécie de banco de dados que pode ser acessado por qualquer um. Eles ganharam popularidade nos últimos anos após a explosão dos fan tokens, criptos de clubes de futebol que funcionam como uma espécie de programa de sócio-torcedor 2.0.

Neste guia, o InfoMoney explica como esses criptoativos utilitários funcionam exatamente e se realmente são seguros. Também detalha a diferença entre eles e outras moedas digitais e tokens, como as criptomoedas e os security tokens.  

O que são tokens?

Tokens são representações digitais de um ativo – imóvel, ação, investimento etc. Eles normalmente rodam em blockchains, como a do Ethereum (ETH), uma das redes mais populares para criação de ativos digitais. 

Há diversos tipos no mercado, como tokens não fungíveis (NFTs), security tokens e os utility tokens. Os utility tokens, foco deste texto, servem mais “como uma espécie de ficha para o uso futuro de um serviço e/ou produto”, conforme disse a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no documento “Desafios regulatórios”, publicado em 2019.

Diferença entre utility token e criptomoedas

Tanto o utility token quanto a criptomoeda estão dentro do grande grupo chamado de criptoativos, que são ativos digitais baseados em blockchains e protegidos por criptografia. No entanto, os dois têm algumas diferenças.

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No geral, os utility tokens sempre oferecem algo ao detentor, diferente das criptomoedas. Vamos pegar o fan token $MENGO, do Flamengo, por exemplo. O ativo, quando foi lançado em 2021, dava aos compradores a chance de participar da votação para escolher a frase da parede do vestiário do clube no Maracanã. Para um torcedor apaixonado isso é um presentão.

As criptomoedas, por outro lado, funcionam mais como reserva de valor e unidade de conta. Além disso, também se assemelham ao dinheiro. No Brasil e no mundo, há diversos locais, como shoppings, cafeterias e imobiliários, que aceitam Bitcoin (BTC) ou altcoins (qualquer criptomoeda diferente do BTC) como pagamento, assim como fazem com real, dólar ou outra moeda fiduciária.        

O que é security token e qual a diferença para utility token?

Um security token é uma espécie de criptoativo que pode estar ligado a algum valor mobiliário. Por causa disso, sua emissão pode depender do aval do regulador. No final de 2022, a CVM disse que olharia com mais atenção para as “ofertas não registradas de security tokens”.

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No Brasil e nos Estados Unidos, os reguladores costumam realizar um teste chamado Howey Test para determinar se um token se enquadra na categoria de security. Parâmetros como investimento em dinheiro, forma do negócio e maneira de obtenção de lucro são analisados.

Os utility tokens, diferentemente dos security tokens, são ativos digitais que ficam fora do radar do regulador por causa de sua finalidade e seu formato semelhante a um programa de sócio-torcedor.

NFTs como utility tokens

Os utility tokens também invadiram o mercado de tokens não-fungíveis (NFTs), que até pouco tempo atrás era focado nas artes digitais. Os criadores de projetos artísticos adicionaram experiências e recompensas do mundo real aos seus colecionáveis digitais, dando um caráter mais utilitário para eles.

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Na prática, esses NFTs são usados para uma variedade de aplicações, como atuar como um ingresso para um evento ou fornecer ao dono uma associação de longo prazo a um clube. Projetos famosos como o Bored Ape Yacht Club (BAYC) e os Doodles, lançados como obras de arte, gradualmente começaram a adicionar utilidade aos ativos, como acesso exclusivo a festas ou reuniões de marca para quem os detém. 

Outros projetos NFT mais recentes, no entanto, estão agregando utilidade desde o início. A Coachella Collectibles, por exemplo, concede aos detentores um passe vitalício para o festival de música Coachella, juntamente com outros benefícios, como experiências únicas no local e bens físicos.

Utility tokens são seguros?

As blockchains, redes onde os tokens estão baseados, são seguras. Via de regra, quanto mais computadores ligados à uma cadeia, mais protegida ela é. A rede do Bitcoin, por exemplo, nunca foi hackeada, apesar das tentativas. O mesmo vale para a rede do Ethereum, a mais utilizada para o desenvolvimento de projetos de tokens. 

A grande questão é que os utility tokens geralmente são smart contracts (contratos inteligentes) “escritos” por seres humanos, que podem cometer erros ou aplicar fraudes. Um smart contract é uma espécie de programa que se auto executa conforme regras pré-estabelecidas. 

Essas falhas humanas em protocolos de tokens são um prato cheio para hackers. Só em 2022, segundo levantamento da empresa de segurança CertiK, hacks em projetos cripto geraram um prejuízo de US $3,7 bilhões aos usuários. 

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Parte desses hacks inclusive foram perpetrados pelos próprios criadores, no chamado golpe de puxada de tapete (rug pull).

Por isso, de acordo com especialistas, antes de adquirir qualquer token, é preciso avaliar com muita cautela os fundamentos do protocolo. Vale ler toda a documentação, verificar quem são os envolvidos e ouvir a opinião de terceiros. 

Também é recomendável ficar longe de protocolos muito novos, com apenas alguns dias de vida, por mais que a promessa de valorização seja alta. Além disso, investidores devem olhar para os desenvolvedores do token – se forem anônimos, analistas alertam para maior probabilidade de fraude.