Os 3 melhores Fiagros para proteger a carteira e ainda capturar ganhos com os juros elevados em 2023

Em 2022, o mercado de Fiagros pagou, em média, 1,27% ao mês de dividendos; 170 mil brasileiros já investem no produto

Wellington Carvalho

Publicidade

A possibilidade de capturar ganhos com a manutenção dos juros em patamares elevados reforça a aposta do mercado nos Fiagros (fundos de investimento nas cadeias agroindustriais) em 2023. No radar dos especialistas, três fundos se destacam em um segmento que demonstrou bons sinais de expansão no ano passado

Na comparação com 2021, o patrimônio líquido dos Fiagros registrou em 2021 aumento de 544%, alcançando a marca de R$ 10,4 bilhões. O número de fundos também subiu, de 13 para 43.

“Nossa expectativa é de que o crescimento do mercado siga acelerado em 2023, ainda puxado pelos chamados fundos de ‘papel’”, avalia Bruno Santana, CEO e fundador da Kijani Investimentos, referindo-se aos fundos que investem em títulos de renda fixa ligados ao agronegócio. “Esse fenômeno é explicado pelos patamares atuais de taxa de juros, que favorecem produtos de renda fixa em detrimento de investimentos em terras ou participações”.

Atualmente, quase a totalidade dos Fiagros é do tipo “papel” e a maioria investe em crédito privado através de certificados de recebíveis do agronegócio (CRA).

Os CRAs representam uma espécie de pacote de receitas futuras – como parcelas de uma venda a prazo ou de um financiamento – vendido aos investidores, entre eles, os Fiagros. Além de uma remuneração prefixada, o título oferece uma correção monetária que, no caso do segmento agro, geralmente é a taxa do CDI (certificado de depósito interbancário).

Nesta dinâmica, além de proteger o portfólio contra a elevação dos juros, quanto mais alto o indicador maior é a receita dos fundos que, automaticamente, conseguem distribuir mais dividendos para os cotistas.

Continua depois da publicidade

Como o CDI acompanha a variação da taxa básica de juros, a Selic, que subiu de 2% no início de 2021 para os atuais 13,75% ao ano, cresce a aposta em produtos financeiros que tenham muita exposição ao indicador.

Diante desse cenário, três Fiagros se destacam entre as preferências dos especialistas consultados pelo InfoMoney. São eles o Riza Fiagro (RZAG11), o Kinea Crédito Agro (KNCA11) e o Valora CRA (VGIA11).

Valora CRA (VGIA11)

O Valora CRA (VGIA11), encerrou 2022 com todo o patrimônio líquido – de R$ 698 milhões – alocado em um portfólio composto por 25 CRAs. De acordo com o último relatório gerencial divulgado pela carteira, 100% dos títulos estão indexados à taxa do CDI.

Continua depois da publicidade

Diante do portfólio, Maria Fernanda Violatti, analista da XP, avalia que o fundo entregará uma boa rentabilidade no curto prazo, dada a projeção de manutenção da taxa Selic – e consequentemente do CDI – em patamares elevados.

“Para 2023, esperamos proventos mensais médios entre R$ 0,12 e R$ 0,16 por cota”, prevê. “[Neste patamar de rendimentos, observamos] um dividend yield (taxa de retorno com dividendos) de aproximadamente 17% ao ano”, calcula a analista.

Em termos setoriais, o portfólio do VGIA11 está dividido principalmente em distribuidoras de insumos agrícolas (46,9%) e cooperativas (45,3%), aponta o relatório da carteira.

Continua depois da publicidade

Kinea Crédito Agro (KNCA11)

Com mais de 16 mil cotistas, o Kinea Crédito Agro (KNCA11) tem hoje um dos maiores patrimônios do mercado de Fiagros, de quase R$ 1 bilhão, conforme o relatório gerencial da carteira divulgado no início do mês.

O fundo iniciou 2023 com um portfólio composto por 92,1% de CRAs, 6,1% de LCIs (Letra de Crédito Imobiliário) e 1,7% em caixa.

Assim como ocorre com o VGIA11, a carteira de CRAs do Kinea Crédito Agro está totalmente indexada ao CDI – sinalizando uma aposta de que os juros permanecerão em patamares elevados em boa parte do ano.

Continua depois da publicidade

Em termos de segmentos, a maior parte dos títulos do KNCA11 – mais precisamente 45,2% – está atrelada ao setor de açúcar e etanol. Já 20% dos papéis têm origem na produção de insumos e 10%, no ramo de fruticultura.

“Consideramos favorável a relação risco e retorno do fundo, dado fatores como exposição ao CDI, qualidade de gestão e tamanho do portfólio”, analisa Caio Araújo, analista da Empiricus, que tem no KNCA11 a única recomendação de compra para Fiagro.

No último dia 12, o fundo depositou R$ 1,40 por cota, montante que representa um dividend yield mensal de 1,30%. Em 12 meses, o percentual está em 14,37%.

Continua depois da publicidade

Riza Fiagro (RZAG11)

Terceiro Fiagro que está no radar dos especialistas consultados pelo InfoMoney, o Riza Fiagro (RZAG11) tem hoje um patrimônio líquido aproximado de R$ 649 milhões.

Na carteira – que representa atualmente 73% dos recursos do fundo – estão 20 CRAs, também 100% atrelados à taxa do CDI. A posição deve se beneficiar do atual cenário macroeconômico e da própria expectativa para o agronegócio em 2023, pontua Santana, da Kijani.

“Apesar do cenário macroeconômico mundial ser desafiador, as projeções para o agronegócio brasileiro são bastante positivas, com safras e exportação recordes”, detalha. “Assim, a manutenção da taxa juros e as boas perspectivas para o setor para o ano devem continuar atraindo os investidores para os Fiagros”.

De acordo com o último relatório gerencial do RZAG11, 84% das garantias dos títulos investidos estão no segmento de grãos. Neste recorte, a cultura da soja responde pela maior parte da carteira, ou seja, 52%.

Na semana passada, o fundo depositou R$ 0,12 por cota, equivalente a um dividend yield mensal de 1,24%. Em 12 meses, o percentual está em 15,42%.

O que são e como funcionam os Fiagros

Os Fiagros foram regulamentados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em julho de 2021 e, desde então, o mercado tem atraído os investidores.

Em 2022, o número de cotistas desta categoria de ativo subiu de 30 mil para 170 mil, de acordo com dados do boletim mensal da B3.

Com uma dinâmica parecida com a dos fundos imobiliários, os Fiagros investem em imóveis rurais ou em títulos de renda fixa como os CRAs, certificados de recebíveis do agronegócio.

Assim como também ocorre com os FIIs, os Fiagros pagam dividendos isentos de Imposto de Renda. Muitos fazem distribuições mensais – uma das principais características do produto.

“Ainda que de forma menos expressiva [se comparada aos FIIs], acreditamos no crescimento da categoria que, além dos benefícios citados, oferece diversificação para a carteira do investidor”, afirma Mucio Mattos, sócio e head de crédito da Vectis Gestão. “[O produto oferece] alta liquidez e um custo de entrada baixo, dado que a grande maioria dos Fiagros têm suas cotas listadas entre os valores de R $10 e R$ 100”.

Santana, da Kijani, sugere ao investidor escolher um Fiagro que possua uma carteira com boa qualidade de crédito e diversificação dos papéis.

“E, para que o efeito de diversificação funcione dentro do agronegócio, a carteira deve cobrir três principais componentes: segmento, localização e tomador, ou seja, o responsável pela dívida do CRA”, orienta.

Quanto rendem os Fiagros e quanto pagam em dividendos

Apesar dos vários desafios enfrentados pelo mercado de renda variável em 2022 – juros elevados, inflação, eleições e incertezas fiscais – os Fiagros fecharam o ano passado com um dividend yield (retorno com dividendos) médio de 1,27% ao mês.

O campeão de 2022 foi o CPTR11, da gestora Capitânia, que entregou ganhos mensais de 1,64%. Na segunda posição está o VGIA11, com um retorno médio mensal de 1,53%, seguido pelo EGAF11, com 1,52%. O cálculo considerou a cotação dos fundos no dia 19 de dezembro.

Leia mais:

Fiagro mais rentável é listado há menos de um semestre e pagou dividendos de 1,64% ao mês em 2022; veja lista

Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.