Co-fundador da Netflix (NFLX34), Reed Hastings deixa o cargo de CEO

Hastings permanece na empresa como presidente do Conselho, enquanto seus sócios Ted Sarandos e Greg Peters assumem como coCEOs

Mariana Amaro

Reed Hastings, fundador da Netflix (Divulgação)
Reed Hastings, fundador da Netflix (Divulgação)

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O cofundador da Netflix (NFLX34), Reed Hastings, disse nesta quinta-feira (19) que deixaria o a principal cadeira executiva da companhia. Sua saída aconteceu imediatamente após o anúncio que também informou quem ficaria responsável pelas direção da companhia nas próximas ‘temporadas’: Ted Sarandos e Greg Peters.

Em seu comunicado de despedida, Hastings detalhou o plano de sucessão que começou a ser desenhado nos últimos dez anos na companhia fundada em 1997. “Nosso conselho discute o planejamento de sucessão há muitos anos (até os fundadores precisam evoluir!).Como parte desse processo, promovemos Ted [Sarandos] a coCEO ao meu lado em julho de 2020 e Greg [Peters] a COO – e nos últimos 2 anos e meio delegei cada vez mais a gestão da Netflix a eles”, escreveu.

“Foi um batismo de fogo, dada a Covid e os recentes desafios em nossos negócios”, disse Hastings em comunicado. “Mas ambos se saíram incrivelmente bem (…) então, o conselho e eu acreditamos que é o momento certo para decidir minha sucessão.”

Com Sarandos e Peters assumindo como coCEOs, Hastings informou que, no futuro, se dedicará à filantropia e atuará como Presidente do Conselho de Administração, um papel que outros fundadores como Jeff Bezos e Bill Gates costumam assumir após passar o bastão na cadeira executiva. “Ted, Greg e eu trabalhamos juntos em diferentes cargos por 15 anos. Como é comum em relacionamentos longos e eficazes, todos nós aprendemos como extrair o melhor um do outro. Estou ansioso para trabalhar com eles nesta função por muitos anos”, escreveu.

O cofundador da companhia que virou sinônimo de conteúdo sob demanda saiu da empresa anunciando também a chegada de 7,66 milhões de assinantes no quarto trimestre, número muito acima das previsões de Wall Street de 4,57 milhões. Com a ajuda das séries “Harry & Meghan” e “Wandinha” na batalha para atrair telespectadores de streaming de televisão, a empresa está sob pressão depois de perder clientes no primeiro semestre de 2022 e projetar ganhos “modestos” em assinantes até março.

Nova temporada na Netflix

Hastings credita o sucesso da Netflix à cultura interna da empresa de transparência e inovação, que confere aos profissionais de alto desempenho autonomia incomum. Em seu livro “A Regra é Não Ter Regras” (Editora Intrínseca) , o cofundador da Netflix, Reed Hastings descreveu um momento em 2001 em que o capital de risco secou, ​​obrigando a empresa a demitir funcionários e reter apenas os de maior desempenho.

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“Isso foi um ponto de virada na minha compreensão do papel da densidade de talentos nas organizações”, escreveu Hastings. “As lições que aprendemos tornaram-se a base de muito do que levou a Netflix ao sucesso.”

Depois que Hastings deixou o cargo de presidente-executivo da empresa, caberá aos novos co-presidentes – Ted Sarandos e Greg Peters – manter uma cultura que se tornou destaque no Vale do Silício enquanto enfrentam, assim como Hastings em 2001, um momento de turbulências.

“Esta é uma grande mudança psicológica para a Netflix”, disse Neil Saunders, diretor administrativo da GlobalData. “Com Hastings permanecendo como presidente, sua experiência ainda estará disponível para a empresa. No entanto, existe um pequeno risco da cultura da empresa mudar e se tornar mais cautelosa, especialmente porque a incerteza econômica persiste.”

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Agora, Sarandos e Peters serão encarregados ​​de conter custos, enquanto a Netflix continua a produzir filmes e séries capazes de atrair e reter assinantes. E também precisarão encontrar novas fontes de receita, inclusive em videogames – onde enfrentarão rivais estabelecidos.

Richard Greenfield, analista de mídia da LightShed Ventures, disse que Hastings superou a indústria do entretenimento mais uma vez, agora em termos de gestão de sucessão. “A maioria das empresas de mídia fez um trabalho relativamente ruim de transição gerencial”, disse Greenfield. “Isso parece ser Reed criando uma abordagem muito elegante para a transição de gestão.”

(Com informações da Reuters)

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Mariana Amaro

Editora de Negócios do InfoMoney e apresentadora do podcast Do Zero ao Topo. Cobre negócios e inovação.