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Os ativos de grandes empresas brasileiras negociadas no exterior reagem negativamente aos acontecimentos do último domingo (8), quando apoiadores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram e depredaram os prédios do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional em Brasília, num eco da invasão do Capitólio norte-americano por apoiadores de Donald Trump em 6 de janeiro de 2021.
Os papéis negociados no pré-market na Bolsa de Nova York registram queda, ainda que amortecidos pelo noticiário internacional mais positivo com a reabertura das fronteiras na China. Às 7h10 (horário de Brasília) desta segunda (9), o o MSCI Brazil Capped ETF (EWZ), principal ETF (fundo de gestão passiva) atrelado à Bolsa brasileira caía 2,40% na NYSE, a US$ 27,62.
Os ADRs (recibo de ações, na prática, ativos negociados das empresas brasileiras na NYSE) ordinários da Petrobras (PETR3) tinham baixa de 1,07%, a US$ 10,17, enquanto os PBR-A, relativos aos preferenciais PETR4 tinham leve queda de 0,33% no mesmo horário, a US$ 9,06. Especificamente sobre a estatal, os investidores ainda monitoram as notícias pós-ataques no Distrito Federal uma vez que a Federação Única dos Petroleiros (FUP) mapeou a evolução das manifestações políticas nas unidades da companhia por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Pelas redes sociais, o grupo convocou novos atos contra o atual governo em refinarias da empresa, com foco na Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro, nesta segunda.
Cabe ressaltar que o dia é de ganhos para o petróleo, com o brent avançando mais de 3%, na casa de US$ 81 o barril, o que auxilia a diminuir o impacto nos ativos durante a manhã.
Os papéis da Vale (VALE3), por sua vez, tinham baixa de 0,62%, a US$ 17,55. Cabe destacar que os contratos futuros de minério de ferro nas bolsas de Dalian e Cingapura caíram nesta segunda-feira depois que o planejador estatal da China prometeu aumentar os esforços para regular os preços do ingrediente siderúrgico e reprimir especulação “maliciosa” de preços.
Ativos como do Bradesco (BBDC4) e do Itaú Unibanco (ITUB4) não tinham operação no pré-mercado no mesmo horário.
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A avaliação de analistas é de que os mercados devem reagir negativamente, mas no curto prazo, conforme apontam a equipe de estratégia do JPMorgan. “À medida que o trabalho diário do governo é retomado, a atenção deve voltar às questões macro que vêm ganhando importância e, aos poucos, mas com firmeza, as mudanças microrregulatórias que começam a ganhar mais espaço nas discussões governamentais”, aponta a equipe do banco americano.
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O Itaú BBA apontou esperar que os preços dos ativos brasileiros sofram, dado o aumento do prêmio de risco institucional, “mas com o tempo o impacto tende a diminuir, já que o o foco provavelmente retornará ao debate sobre política econômica. Devemos esperar que os mercados de ações sofram, os juros subam e o real se desvalorize, ainda que não por muito tempo, como aconteceu em episódios semelhantes em outros países”, apontam.
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A equipe do BBA acredita que o call de ações de exportadoras devem superar ações sensíveis a taxas no curto prazo, dada a provável alta da curva de juros e a desvalorização do real. “Dito isso, acreditamos que nomes de commodities como Suzano (SUZB3) , Vale (VALE3) e Gerdau (GGBR4) são bons nomes para se ter neste ambiente”, avaliam os estrategistas do banco.
Para o economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, os atos antidemocráticos não devem ter impacto significativo nos preços do mercado financeiro. “Acredito que, na abertura dos negócios, alguma reação negativa deve ocorrer, mas que ela não deve durar por todo o dia”, afirma o economista, em comentário.
Como paralelo, Oliveira nota que a invasão do Capitólio nos Estados Unidos há dois anos também não teve impacto significativo nos preços.
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No texto, o analista afirma que a invasão do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF) observada neste domingo deve servir como um “tiro pela culatra”, pelo seu potencial de afastar a classe média das grandes cidades da extrema-direita. “Assim, Lula e seu grupo ganham politicamente”, afirma o economista.
(com Estadão Conteúdo)