Sindicato de servidores do BC critica escolha de diretores egressos do mercado

Para Fábio Faiad, não se pode deixar um órgão de Estado fiscalizador nas mãos de representantes de entes fiscalizados

Estadão Conteúdo

Edifício-Sede do Banco Central, em Brasília (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Edifício-Sede do Banco Central, em Brasília (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

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Em nota publicada nesta sexta-feira (6), o presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Fábio Faiad, afirmou que causa preocupação aos servidores da autarquia a notícia publicada na imprensa de que o presidente do órgão, Roberto Campos Neto, busca no mercado por um novo nome para o cargo de diretor de Política Monetária. O mandato do atual titular do cargo, Bruno Serra, termina em fevereiro e ele já sinalizou que não quer ser reconduzindo ao posto.

“O Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central entende que a limitação a agentes do mercado para a sucessão na pasta – não apenas pelo flagrante desprestígio ao corpo funcional altamente qualificado do próprio BC – traz consigo uma sinalização negativa. A falta de pluralidade na composição da Diretoria Colegiada da autarquia, com a predominância de um grupo de interesse (o mercado, no caso em tela), se choca com o conceito de órgão autônomo”, afirmou Faiad.

Segundo ele, a lei que garante autonomia ao BC foi uma conquista importante para a autoridade monetária e um indicativo de maior blindagem a possíveis ingerências políticas. Entretanto, o presidente do Sinal disse que, ao privilegiar integrantes de um setor específico na composição de sua cúpula, “a administração do órgão pode estar lançando fora sua tão propalada autonomia e submetendo-se, mesmo que inconscientemente, a uma linha de pensamento e a grupos de interesse”.

Para ele, não se pode deixar um órgão de Estado fiscalizador nas mãos de representantes de entes fiscalizados.

“É colocar a raposa para cuidar do galinheiro. Debates e deliberações dos servidores da instituição nos últimos anos apontaram no sentido de que seria salutar que a diretoria do BC também fosse integrada por servidores do órgão, por acadêmicos de universidades de renome, com visões distintas do sistema financeiro, pesquisadores e profissionais da indústria e do setor de serviços com amplo conhecimento macroeconômico, dentre outros. Esta seria uma maneira de oxigenar a cúpula do órgão, trazendo novos olhares e perspectivas”, finalizou Faiad.