Produção industrial cai 0,1% em novembro, dentro do esperado

Na comparação com novembro de 2021, houve crescimento de 0,9%; no ano, a indústria acumula queda de 0,6% e, em 12 meses, de1,0%

Roberto de Lira

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A produção industrial brasileira caiu 0,1% em novembro ante outubro, segundo a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) divulgada nesta quinta-feira (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador veio dentro do esperado pelo consenso Refinitiv, que apontava exatamente para a ligeira queda de 0,1%. Em outubro, o indicador tinha subido 0,3%, interrompendo dois meses de retração.

Na comparação com novembro de 2021, houve crescimento de 0,9% (previsão de +0,8%). No ano, a indústria acumula queda de 0,6% e, em 12 meses, de 1,0%.

Em novembro a média móvel trimestral ficou em -0,2%, após também recuar em outubro (-0,4%), setembro (-0,3%) e agosto (-0,2%).

Segundo o IBGE, 15 dos 26 ramos industriais pesquisados tiveram alta em outubro. Com o resultado do mês, o setor encontra-se 2,2% abaixo do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 18,5% inferior ao nível recorde alcançado pelo setor em maio de 2011.

André Macedo, gerente da Pesquisa Industrial Mensal destacou que, nos últimos seis meses, foram quatro resultados negativos. Ele lembrou que, no início de 2022, com as medidas de incremento de renda e impulsionamento do setor implementadas pelo governo, houve um ganho de ritmo pela indústria, que emplacou, a partir de fevereiro, quatro meses seguidos de crescimento.

“A recuperação, no entanto, foi pontual. Posteriormente, ainda tendo como pano de fundo inflação alta, especialmente de alimentos, elevado número de trabalhadores fora do mercado de trabalho, precarização dos postos de trabalho e uma massa de rendimentos que avançou muito pouco, o setor industrial voltou a mostrar perda de ritmo”, analisou.

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Entre as atividades, as maiores influências negativas na medição mensal vieram das indústrias extrativas (-1,5%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-6,5%). O setor extrativo voltou ao campo negativo após dois meses em alta, puxado pela área de petróleo. Já os equipamentos de informática, produtos eletrônicos e óticos mostram o segundo mês seguido de queda, após dois meses seguidos de crescimento.

Macedo atribuiu essa perda à produção de eletrodomésticos da linha marrom, especialmente os televisores. “Os aumentos de agosto (6,5%) e setembro (0,9%) podem estar relacionados com a Copa do Mundo, e agora estaríamos apresentando um movimento de compensação. No entanto, não se pode tirar de vista que a economia mostra sinais de perda de intensidade”, afirmou.

Ele disse ainda que fatores como taxas de inadimplência em patamares altos, taxa de juros em elevação, que afetam a renda e o crédito, inibem o consumo na ponta final e consequentemente afetam a produção.

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Outras contribuições negativas vieram dos ramos de produtos têxteis (-5,4%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-3,8%), de produtos de metal (-1,5%) e de produtos de minerais não metálicos (-1,2%).

Entre as 15 atividades com expansão na produção, produtos alimentícios (3,2%), veículos automotores, reboques e carrocerias (4,4%), bebidas (10,3%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (2,8%) tiveram as principais influências.

O setor de veículos mostrou uma compensação das perdas dos dois meses anteriores. Segundo Macedo, “havia uma queda acumulada em setembro e outubro de -6,8%, e agora avança 4,4% como fator de compensação. O principal destaque foi o setor de autopeças”.

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Comparação anual

A alta de 0,9% na comparação com o mesmo período de 2021 representou o quarto mês consecutivo de variação positiva. Houve resultados positivos em quatro das quatro grandes categorias econômicas e 12 dos 26 ramos.

Entre as atividades, as principais influências positivas no total da indústria foram registradas por produtos alimentícios (8,6%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (13,1%). Por outro lado, entre as 14 atividades que tiveram redução, confecção de artigos do vestuário e acessórios (-15,5%), produtos de madeira (-25,1%) e indústrias extrativas (-2,9%) exerceram as maiores influências.

Macedo avaliou que o crescimento está associado a uma base deprimida e que os últimos meses de 2021 foram marcados pela questão da logística e dificuldades das cadeias de suprimento, falta de matérias primas e componentes eletrônicos, afetando a produção. “Essa base depreciada justifica muito dessa sequência de quatro meses de crescimento”, ponderou.