França confirma favoritismo contra Marrocos e fará a final ‘mais provável’ contra a Argentina

Time quant da XP estimou, antes da Copa, que final mais provável era Argentina e França e que argentinos tinham maior probabilidade de serem campeões

Lucas Sampaio

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A França tinha 62% de chance de vencer Marrocos nesta quarta-feira (14), pela semifinal da Copa do Mundo do Catar, e confirmou seu favoritismo ao ganhar por 2 a 0. Com isso, avançou à 2ª final consecutiva do maior torneio de futebol planeta e vai enfrentar a Argentina no domingo (18).

O empate tinha 25% de probabilidade de acontecer e uma vitória marroquina, apenas 13% (o resultado menos provável). Na terça-feira (13), a Argentina também confirmou o seu favoritismo, atropelou a Croácia (algoz do Brasil nas quartas de final) e vai disputar a sua 2ª final nas últimas 3 Copas.

Quem ganhar a final vai se tornar tricampeão mundial (a Argentina ganhou em 1978 e 1986 e a França, em 1998 e 2018). Com isso, a seleção vencedora ficará atrás apenas do Brasil, o único pentacampeão (1958, 1962, 1970, 1994 e 2002), e das tetracampeãs Itália (1934, 1938, 1982 e 2006) e Alemanha (1954, 1974, 1990 e 2014).

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Os franceses também terão a oportunidade de igualar uma marca que só a seleção brasileira tem até hoje: serem bicampeões consecutivos (o Brasil ganhou em 1958 e 1862). A França já disputou 3 finais e perdeu só 1 (2006), enquanto a Argentina disputou 5 e perdeu 3 (1930, 1990 e 2014).

Dias e horários dos jogos finais da Copa:

França x Marrocos

Uma vitória da França hoje pagava odds entre 1,50 e 1,53 (isso significa que, se você apostou R$ 100 no resultado, vai ganhar o seu dinheiro de volta mais R$ 50, no mínimo). O empate pagava entre 3,75 e 3,90 e uma improvável vitória de Marrocos, até 8,00 (ou seja: até 800% o valor apostado).

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Por isso os europeus eram favoritos e tinham 62% de probabilidade de vencer a partida. O empate tinha 25% de chance de ocorrer e uma vitória dos africanos era o resultado menos provável (13%), segundo as casas de aposta.

As porcentagens foram calculadas pelo InfoMoney com base nas “odds” de 3 casas de apostas esportivas (bet365, sportingbet e beftair). A probabilidade implícita mostra as odds em porcentagens, excluindo a margem de lucro das casas de apostas esportivas on-line.

A odd é um multiplicador do valor que um apostador ganha se acertar o seu palpite e, quanto mais próximo de 1 ela está, mais provável um resultado é (e quanto mais longe, mais improvável). Por isso, elas implicitamente apontam a probabilidade de um determinado resultado acontecer.

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França x Marrocos Odds Probabilidade
Resultado bet365 sportingbet betfair implícita
Vitória da França 1,53 1,52 1,50 62%
Empate 3,75 3,90 3,75 25%
Vitória de Marrocos 8,00 7,00 7,50 13%

França favorita?

Antes das semifinais, os franceses eram também os favoritos ao título, com 45% de chance, contra 35% da Argentina. A Croácia tinha 11% e o Marrocos, só 9%.

Antes do início da Copa, a Argentina tinha 13,3% de probabilidade de ganhar o título e a França, apenas 10,8% (o grande favorito era o Brasil, com 19,3%). Isso significa que, ao longo do torneio, os franceses passaram a ser mais favoritos que os argentinos.

Já a Croácia tinha apenas 1,70% de chance de ser campeã. O Marrocos estava entre as seleções com menor chance de chegar à final do torneio (apenas 0,29%), ao lado de países como Camarões, Japão, Canadá, Gana e Coreia do Sul.

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País Odd bet365 Odd sportingbet Odd betfair Odd máxima Probabilidade implícita
Brasil 4,5 4,5 4,5 4,5 19,28%
Argentina* 6,5 6 6,5 6,5 13,34%
França* 8 8 7,5 8 10,84%
Espanha 9 9 8,5 9 9,64%
Inglaterra 9 9 9 9 9,64%
Alemanha 11 11 12 12 7,23%
Holanda 16 13 15 16 5,42%
Bélgica 17 17 17 17 5,10%
Portugal 15 17 15 17 5,10%
Dinamarca 29 29 23 29 2,99%
Uruguai 41 41 41 41 2,12%
Croácia 51 41 36 51 1,70%
Sérvia 81 81 91 91 0,95%
Suíça 101 81 91 101 0,86%
Senegal 126 81 126 126 0,69%
Estados Unidos 151 101 126 151 0,57%
México 151 101 91 151 0,57%
Polônia 151 101 176 176 0,49%
País de Gales 201 151 126 201 0,43%
Equador 151 151 251 251 0,35%
Marrocos 201 251 301 301 0,29%
Camarões 251 251 301 301 0,29%
Japão 251 251 301 301 0,29%
Canadá 201 251 301 301 0,29%
Gana 251 251 301 301 0,29%
Coreia do Sul 251 251 301 301 0,29%
Catar 251 251 426 426 0,20%
Irã 501 501 501 501 0,17%
Austrália 351 401 501 501 0,17%
Tunísia 501 401 501 501 0,17%
Costa Rica 751 601 501 751 0,12%
Arábia Saudita 751 601 501 751 0,12%

* seleções que ainda estão na Copa

As odds (e portanto as probabilidades) foram mudando ao longo do torneio, porque levam em conta as apostas que estão sendo feitas. As que estão na tabela acima foram calculadas três dias antes do início da Copa pelo time quantitativo da área de research da XP .

Com base nas odds, a equipe quant calculou a probabilidade implítica de cada seleção ser campeã. Para isso, considerou a maior chance disponível para um determinado resultado e converteu essas chances em probabilidades (excluindo a margem de lucro da casa de aposta).

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Argentina x França: a final mais provável

Os analistas da XP também fizeram um levantamento próprio e estimou que Marrocos tinha 4,3% de chegar à semifinal (o que já conseguiu) e apenas 1,3% de chegar à final. A França tinha 28,7% e 17,4%, respectivamente; a Argentina, 28,7% e 18,4%; a Croácia, 16,9% e 7,0%.

O estudo também estimou que a seleção com a maior probabilidade de ser campeã era a Argentina e que a final mais provável ​​era exatamente entre Argentina e França. Segundo as simulações da equipe quant, a Argentina tinha 55% de probabilidade de derrotar a atual campeã na final (veja aqui o estudo).

Equipe de análise quantitativa da área de research da XP calcula as chances das seleções na Copa do Mundo (Reprodução/XP)

A XP diz que as probabilidades foram feitas com uma metodologia de “machine learning” e raspagem de dados, usando dados de características das equipes, posições em rankings e desempenho em partidas recentes para construir “um modelo de regressão logística multinominal, que estima a probabilidade de cada resultado para cada partida”.

O modelo simulou a relação entre esses dados e o resultado (vitória, derrota ou empate), a partir de dados de 820 partidas extraídas do Sofascore, incluindo torneios anteriores, eliminatórias e amistosos. Também foram adicionados os rankings da Fifa e Elo, “bem como a diferença das estatísticas médias entre as equipes, para tentar inferir sobre o resultado da partida, presumindo que uma diferença menor entre as duas equipes leva a um jogo mais equilibrado”.

Casas de apostas esportivas

As apostas esportivas são feitas em sites que oferecem dinheiro para quem acertar o “chute” sobre o resultado de um jogo ou uma aposta específica (pode ser até algo bastante específico das partidas, como o número de escanteios do time A ou o número de faltas em uma partida).

É um mercado gigantesco e pouco regulado no mundo inteiro, que cresce em ritmo acelerado também no Brasil. Estima-se que haja cerca de 450 sites de apostas esportivas ativos no país atualmente, movimentando valores na casa dos R$ 10 bilhões por ano.

Para se projetarem no mercado, esses sites têm patrocinado os principais campeonatos, clubes e jogadores de futebol do Brasil e do mundo (todos os 20 times da série A do Campeonato Brasileiro têm patrocínios de sites de apostas, por exemplo).

Falta de regulamentação

O então presidente Michel Temer (MDB-SP) sancionou em dezembro de 2018 a Lei 13.756, que autoriza a operação de casas de apostas esportivas no Brasil, mas até hoje a lei não foi regulamentada, o que deixa o mercado de apostas esportivas em uma espécie de “limbo” no Brasil.

Assim, grande parte das empresas que operam hoje no país tem sede no exterior, não respondem à legislação local, não pagam impostos e podem oferecer também jogos de azar, como de cassino – que são ilegais aqui e implicam grandes riscos de dependência psicológica.

Alguns sites até oferecem recursos para seus clientes apostarem de forma mais segura. A betfair, por exemplo, tem um serviço de bloqueio temporário da conta caso o apostador perca dinheiro além de um limite e também uma página de aconselhamento para familiares e amigos reconhecerem e lidarem com alguém que possa estar se viciando. Outras casas contam com serviços semelhantes.

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Lucas Sampaio

Jornalista com 12 anos de experiência nos principais grupos de comunicação do Brasil (TV Globo, Folha, Estadão e Grupo Abril), em diversas funções (editor, repórter, produtor e redator) e editorias (economia, internacional, tecnologia, política e cidades). Graduado pela UFSC com intercâmbio na Universidade Nova de Lisboa.