Suzano (SUZB3) corta preço da celulose para China em US$ 40 a tonelada; ação fecha em queda de 6,4%

Analistas do Bradesco BBI e do Morgan Stanley reforçaram visão cautelosa para os ativos após o anúncio, vendo correção dos preços da commodity

Equipe InfoMoney

(Shutterstock)
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A Suzano (SUZB3) anunciou nesta terça-feira (13) uma redução de preço de US$ 40 a tonelada para sua celulose de fibra curta na China, levando os preços para US$ 820 a tonelada (t).

A informação é do serviço de informações especializado no setor Risi e destacada por bancos que acompanham o papel; a Risi também destaca que os fabricantes de papel chineses vêm pressionando por descontos no preço da celulose desde novembro em meio à demanda mais fraca, margens pressionadas e novas operações.  Além disso, os níveis de valores de importação tiveram uma diferença significativa em relação aos preços de revenda no mercado chinês, que atualmente estão em 6.636 renminbis a tonelada, o equivalente a US$ 822/t.

Com a notícia, os ativos SUZB3 fecharam com queda de 6,43%, a R$ 51,36.

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O Bradesco BBI destaca que, após vários meses de preços de importação estáveis em altos níveis na China, os produtores começaram a ceder à pressão dos fabricantes de papel chineses para oferecer descontos. Para os analistas, parece que a pressão pelo lado da oferta da equação está diminuindo na China, com relatos de grandes volumes sendo redirecionados de outros mercados (Américas, Europa) para a China, enquanto a demanda doméstica de papel continua sem força.

“Como resultado, o poder de barganha dos fabricantes de papel está aumentando. A combinação de aumento da oferta de celulose nos próximos meses, demanda ainda fraca e preços de revenda mais baixos levaram à primeira rodada de descontos no mercado chinês”, apontam os analistas.

O BBI mantém visão cautelosa sobre a dinâmica do mercado de celulose para 2023 e 2024, uma vez que vê o crescimento mais fraco da demanda de celulose ex-China, enquanto adições relevantes de capacidade e normalização dos gargalos logísticos devem pressionar os preços da celulose nos próximos 12 a 18 meses. Os analistas possuem recomendação underperform (desempenho abaixo da média, equivalente à venda) para Suzano, enquanto Klabin (KLBN11) é neutra. O preço-alvo para SUZB3 é de R$ 56, ou um valor 2% maior frente o fechamento da véspera.

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O Morgan Stanley, também cauteloso, tem recomendação equalweight (exposição em linha com a média do mercado, equivalente à neutra), com preço-alvo de R$ 61, ou potencial de valorização de 11% em relação ao fechamento da véspera.

Os analistas do banco já haviam destacado em análises anteriores que os preços na China atingiram um pico de US$ 865 a tonelada e começariam  a cair em dezembro. “Os propulsores da correção esperada são o aumento da oferta e a demanda mais fraca em meio à desaceleração econômica global”, avalia o Morgan.

O Itaú BBA, por outro lado, destacou que a notícia é negativa, mas já era esperada, uma vez que os investidores já projetavam uma correção para começar entre o fim deste ano e início de 2023. Contudo, os analistas continuam vendo as ações do setor como atrativas, vendo Suzano e Klabin negociando a valuations atrativos, já considerando preços da celulose de fibra curta em US$ 650 a tonelada.

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“De fato, acreditamos que a Suzano está atualmente precificando um preço da fibra curta ainda menor do que nossas estimativas, em US$ 604/t”, apontam os analistas. A recomendação do BBA é outperform (desempenho acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 70, ou um potencial de valorização de 27,5% em relação ao fechamento da véspera.