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SÃO PAULO (Reuters) – O setor de soja brasileiro tem capacidade para cumprir a nova lei da União Europeia que impede a importação de produtos ligados a desmatamento, disse nesta quarta-feira o CEO da Cargill no Brasil, Paulo Sousa.
O executivo afirmou durante evento em São Paulo que não há preocupação sobre o tema em relação à produção que está no bioma Amazônico, devido à “moratória da soja”, um pacto estabelecido em 2006 pela indústria local de não comprar nem financiar a oleaginosa de áreas desmatadas após 2008.
Mas se a exigência de rastreabilidade em toda a cadeia se estender ao Cerrado haverá um “baita trabalho” para atender as diretrizes europeias. A UE é o principal mercado para o farelo de soja brasileiro.
“Apenas setorialmente vai ser possível atender esses requisitos”, disse ele, sobre a cadeia de grãos do Cerrado.
“Vamos ter que ter uma conversa clara, de governo para governo, sobre como será a operacionalização disso”, acrescentou.
Na véspera, negociadores de países da UE e o Parlamento Europeu fecharam um acordo concordando com a nova lei, que exigirá que as empresas exportadoras apresentem uma declaração de diligência mostrando que suas cadeias de suprimentos não estão contribuindo para a destruição de florestas antes de venderem mercadorias para a UE –ou poderão enfrentar multas pesadas. A medida pode atingir o comércio do Brasil em diversos produtos, dentre eles a soja.
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Sousa lembrou que esta legislação está sendo desenhada pela UE há cerca de dois anos e é mais um dos movimentos que a comunidade europeia está fazendo na direção de contribuir com a redução das emissões de carbono pelo mundo.
Por outro lado, ele também admitiu que medidas como a nova lei são protecionistas.
“Tem a intenção de proteção ao produtor europeu? Sim, e faz parte de jogo”, disse o presidente da Cargill.
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Ele estima que a legislação que impede a compra de produtos ligados ao desmatamento estará ativa em meados de maio do ano que vem, após todas as aprovações que ainda são necessárias até que ela entre em vigor.
O grau de rastreabilidade que será exigido pelo bloco ainda será definido nos próximos meses, afirmou o executivo.
Segundo Sousa, as demais regiões produtoras de grãos do Brasil, com exceção do bioma Amazônico, teriam desafios e custos muito maiores para comprovar a rastreabilidade, a depender de qual será o nível de exigência.
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“Em termos reais, práticos, sim (temos rastreabilidade), mas como provar?”, questionou, argumentando que apesar dos desafios o Brasil terá que se adequar, uma vez que a União Europeia dita tendências globais de mercado.
O diretor de agronegócios do Itaú BBA, Pedro Fernandes, acrescentou que as exigências do bloco aos fornecedores de commodities já pesam no bolso do consumidor europeu –uma vez que os produtos passam a ter maior valor agregado– “e isso só vai aumentar”, disse ele.
AGROENERGIA
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Ainda durante o evento, o presidente da Cargill no Brasil defendeu os setores de biocombustíveis e bioenergia, ressaltando que são indústrias que sobreviveram “apesar dos governos terem sido bem malvados com eles, nos últimos 10 a 12 anos”.
“Nós temos que dar um jeito de parar de bater na galinha de ovos de ouro do Brasil… o setor de agroenergia”, afirmou.
Ele destacou o papel do etanol e do biodiesel, por exemplo, com este segundo mais atingido pela redução nos mandatos na mistura de biodiesel ao diesel em 2022.
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“Temos uma indústria (de biocombustíveis) montada em tecnologia… temos que parar de fazê-la sofrer e dar chance para fazê-la florescer.”
(Por Nayara Figueiredo)