Come-cotas: pesadelo do investidor faz sua 1ª aparição do ano

Estão sujeitos à cobrança de imposto de renda antecipada os fundos de curto e longo prazo de renda fixa e multimercados

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – Come-cotas é um apelido simpático para um evento nada divertido no calendário dos investidores de fundos. A cada semestre, mais especificamente no último dia útil de maio e de novembro, a Receita Federal recolhe antecipadamente o imposto de renda das aplicações em fundos de investimentos. Neste ano, a primeira parcela será descontada na quinta-feira (31).

“Para o investidor o come-cotas é a pior coisa do mundo. Ele te cobra antes e vai rendendo menos lá na frente”, avalia Octavio Vaz, sócio-diretor da AQ³ Asset Management. Essa cobrança é feita por meio de redução das cotas – daí o apelido “carinhoso” para a tributação – diretamente na fonte e o percentual da alíquota cai conforme o prazo do investimento.

Estão sujeitos à cobrança de imposto de renda antecipada os fundos de curto e longo prazo de renda fixa e multimercados. Veja as alíquotas incidentes:

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Período de investimento Alíquota
Até 180 dias 22,50%
De 181 a 360 dias 20%
De 361 a 720 dias 17,50%
Acima de 720 dias 15%

“A cobrança desse imposto é efetuada em quantidade de cotas, ou seja, calcula-se o número de cotas proporcional ao valor financeiro referente ao imposto de renda devido e diminui-se esse número do total de cotas que o cliente possui”, afirma José Tibães, analista de fundos da XP Investimentos.

Ao fim do prazo da aplicação, o investidor tem que pagar a diferença entre o imposto de renda que incide sobre os valores descontando a cobrança antecipada. Octavio Vaz explica que o “come-cotas” é cobrado de acordo com o período do investimento e, se novas cotas forem adquiridas, a alíquota cobrada sobre essa nova parcela de investimento começa a ser contada novamente. “Cada aplicação gera nota nova e cada nota nova gera nova cobrança”, explica o executivo.

O efeito danoso do come-cotas em relação a outros investimentos é que o valor cobrado antecipadamente deixa de ser reaplicado e render juros sobre juros, explica Vaz. “O que acontece é que o come-cotas te dá menos oportunidade de acumular mais dinheiro. Além disso, você está antecipando imposto em cima de um rendimento que não sabe se vai continuar obtendo”, conta.

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