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SÃO PAULO – “Investir em Bolsa é bom todo dia. Em vez de comprar tudo de uma vez, divido os aportes ao longo do tempo. No nosso negócio não existe ‘bala de prata”, disse Marcelo Cavalheiro, gestor da Safari, na edição especial do programa Papo com Gestor (confira a entrevista completa no vídeo abaixo) desta semana. Cavalheiro é gestor do fundo Safari FIC FIM II, que acumulou ganhos de 14,26% no primeiro semestre do ano, enquanto o Ibovespa recuou 4,76%.
Em meio às incertezas e volatilidades do período pré-eleitoral, Cavalheiro avalia que o ideal é fazer aportes pequenos e distribuídos ao longo dos meses, e não esperar por um ganho extraordinário em apenas uma ação ou momento da Bolsa. Para quem não tem experiência no mercado de ações, ele é categórico: ‘tem que escolher um bom gestor, porque ele vai escolher as melhores oportunidades”.
Até porque a segunda metade do ano promete fortes emoções para os investidores. “Daqui para o final do ano, principalmente o processo eleitoral, promete ser complicado e tumultuado”, afirma. Para defender o portfólio do fundo, Cavalheiro tem uma posição comprada em opção de dólar. “É para proteger nosso patrimônio, a R$ 4,30 para outubro. É um investimento em prêmio de opção que, para nós, faz sentido”, conta.
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Sem clareza sobre o cenário para o país, Cavalheiro disse que tem trabalhado com “cenários de quase catástrofe”. “Dado que o cenário político ainda é muito indefinido, a nossa estrategia é manter um volume alto de caixa ainda. Podemos até aumentar daqui até a eleição para poder comprar coisas mais baratas lá na frente. Tem uma incerteza, mas algumas coisas já dá para começar a colocar a mão. Mesmo que o cenário seja ruim, eu monto um pedaço da posição e depois eu aumento lá na frente”, explica
Ações favoritas
Cavalheiro, João Braga, da XP, e Fábio Spínola, da Apex, gestores de três dos melhores fundos de ações do primeiro semestre, contaram que o segredo do bom desempenho é ter o “timing” certo para comprar ou vender ações e se despir dos preconceitos com empresas que não são exatamente uma unanimidade no mercado. Para Cavalheiro, esses papéis para o segundo semestre são: BRF (BRFS3), JBS (JBSS3), Azul (AZUL4), Dufry (DAGB3), Suzano (SUZB3) e Fibria (FIBR3).
A preferência de Cavalheiro pela BRF e JBS é sua natural exposição ao câmbio. “Uma delas é uma empresa com notórios problemas com Lava Jato, mas ainda assim JBS tem muito valor e BRF é uma empresa que tem muita lição de casa para ser feita, com uma venda de ativos relevante para acontecer talvez nos próximos 12 meses. Isso deve ser suficiente para colocar a empresa de pé novamente”, conta.
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Outra escolha de Cavalheiro de olho no dólar é a ação da Dufry. “Essa é uma posição que carregamos há mais tempo. É completamente dolarizada e mais exposta ao global, de fato”, explica.
A ação da Azul também apresenta oportunidade de compra. “Compramos recentemente depois da queda enorme que teve. Várias coisas importantes estão acontecendo na empresa. Ela fugiu das rotas principais e estão com poder de preço maior do que as outras empresas. O que ajuda no case é que o câmbio, que prejudica o resultado dessas empresas, já andou bastante. O petróleo andou bastante também, então já tá com preço muito alto. Provavelmente esses dois preços estão se acalmando e a empresa naturalmente terá um ganho”, diz Cavalheiro.
“Havia a expectativa de catástrofe na economia doméstica e não é bem isso que está acontecendo. As pessoas continuam viajando. Outro ponto é que começou a faturar em moeda forte, aumentando rotas internacionais. O gerenciamento é bom e a empresa tem uma estrutura de capital melhor que a Gol, por exemplo, muito mais saudável. Temos posição pequena e vamos aumentando ao longo do tempo”, acrescenta.
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As ações da Suzano foram um vetor importante para a performance do fundo da Safari no primeiro semestre – o papel saltou 141,8% no período – e devem continuar como uma boa opção para o portfólio da segunda metade do ano. “Celulose é uma commodity muito mais protegida do que as outras. Não tem outros grandes produtores, fora o Brasil. Não tem grande competição como tem em outras commodities, como minério de ferro e petróleo. Ficamos bastante confortáveis quanto a isso”, justifica Cavalheiro.
As ações da Fibria também estão no portfólio do gestor. Ele explica que, se a operação de fusão for frustrada, a Fibria deve saltar do patamar atual de R$ 70 para mais de R$ 100. A cautela, no entanto, não tem relação com dúvidas sobre o futuro das empresas. “A operação vai seguir, não vejo motivos para não ser feito”, diz;
Se aprovada, a fusão ainda deve trazer benefício para a Fibria. “Tem toda a sinergia que vai aparecer da compra da Fibria que não está no preço, inclusive benefícios fiscais que vão aparecer da fusão. Parece um ativo muito interessante para carregar especialmente num cenário de eleição, que não sabemos quem vai ganhar ou quem vai para o segundo turno. É uma maneira de proteger o portfólio”, acrescenta Cavalheiro, que tem 4% do patrimônio líquido do fundo em Fibria e a mesma parcela em Suzano.
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Veja o Papo com Gestor especial – com João Braga, da XP Gestão, Marcelo Cavalheiro, da Safari, e Fábio Spínola, da Apex – no vídeo abaixo:
O Papo com Gestor é um programa de entrevistas semanais apresentado por Thiago Salomão, editor-chefe do InfoMoney. O programa é fruto de uma parceria com a XP Investimentos e trará toda semana uma entrevista com gestores que estão se destacando dentro da lista de fundos da plataforma digital da XP.