China atribui a governos locais exageros nas medidas e dá esperanças de moderação nas restrições

Anúncio de campanha para vacinação de idosos também ajuda a trazer melhores perspectivas de combate a novo surto de covid-19

Roberto de Lira

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O anúncio de uma campanha de intensificação de vacinação de idosos e comentários oficiais sobre excessos de restrições de governos locais sobre circulação de pessoas renovaram nesta terça-feira as esperanças de que a China possa adotar medidas mais flexíveis de combate à covid-19.

Cheng You Quan, diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China, disse em entrevista coletiva que “alguns problemas” relatados recentemente pelo público não se devem às medidas do governo central, mas à sua aplicação por autoridades locais que adotam uma “abordagem de tamanho único”.  Ele comentou ainda que alguns controles foram implementados “excessivamente”, sem atender às demandas do povo.

Segundo ele, os governos locais devem mostrar mais responsabilidade e seguir as diretrizes nacionais, interrompendo decisões de fechar arbitrariamente escolas e indústrias. O diretor sugeriu ainda que os bloqueios devem ser rápidos e a remoção desses bloqueios deve ser igualmente rápidas.

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A agência de notícia Xinhua informou que o governo de  Pequim prometeu acelerar a reabertura de shoppings e supermercados afetados pelas medidas contra a covid-19, e as plataformas de comércio eletrônico estão estocando mais suprimentos e recrutando mais entregadores para atender às demandas dos residentes. A Dingdong, uma plataforma de comércio eletrônico de vegetais frescos, por exemplo, passou a trabalhar com serviços de entrega terceirizados.

Vacinação de idosos

Ao mesmo tempo, a Comissão Nacional de Saúde comunicou que iria priorizar mais vacinas para pessoas com mais de 80 anos, reduzindo para três meses a diferença entre a vacinação básica e as vacinas de reforço para essa faixa etária.

A baixa taxa de vacinação entre os idosos é considerado um dos principais obstáculos para facilitar a política de covid-zero no país. O governo informou que apenas 76,6% das pessoas com mais de 80 anos receberam duas doses da vacina, em comparação com mais de 90% da população em geral. A proporção dos idoso que receberam uma dose de reforço é ainda menor, de 65,8%.

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A BBC lembrou em reportagem hoje que, embora a China tenha desenvolvido suas próprias vacinas contra a covid-19, elas não utilizam a tecnologia de mRNA – como as vacinas Pfizer e Moderna – usadas em outros países. Para comparar, o texto destaca que duas doses da vacina Pfizer/BioNTech oferecem 90% de proteção contra doenças graves ou morte, ante 70% obtidos com a chinesa Sinovac.

Como a proporção de idosos vacinados é menor que a da população em geral e há pouca “imunidade natural” de pessoas que sobrevivem a infecções como consequência da interrupção do vírus, novas variantes se espalham muito mais rapidamente do que o vírus que surgiu há três anos. Ou seja, há um risco constante de essas variantes serem importadas de países que estão deixando o vírus se espalhar.

Repressão

Sobre os protestos que tomaram conta da China no último final de semana – alguns deles pedindo inclusive a renúncia do presidente Xi Jinping – o governo aumentou o policiamento na principais cidades onde ocorreram as manifestações e passou a convocar pessoas identificadas nas imagens para dar depoimentos em delegacias de polícia.

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Na manhã desta terça-feira (29), a polícia pôde ser vista nas áreas de patrulhamento de Pequim e Xangai, onde alguns grupos do aplicativo de mensagens Telegram sugeriram que as pessoas deveriam se reunir novamente. Segundo a BBC, um pequeno protesto na cidade de Hangzhou,  na noite de segunda-feira, foi rapidamente interrompido com pessoas sendo presas.

Há relatos ainda de que a polícia estava parando as pessoas e vasculhando seus telefones para verificar se elas tinham redes privadas virtuais (VPNs) configuradas, bem como aplicativos como Telegram e Twitter, que estão bloqueados na China.

A Reuters informou que algumas pessoas relataram estar deletando históricos de bate-papo para não se incriminarem, nem identificarem amigos envolvidos nos protestos. A agência de notícias disse que um de seus jornalistas no país foi brevemente detido no domingo antes de ser libertado.

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(Com agências)