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Terça-feira (22) nervosa no mercado. O cenário político provoca, mais uma vez, turbulência nas negociações de títulos públicos do Tesouro Direto, que chegaram a ser suspensas hoje por 20 minutos. A interrupção ocorreu em função da forte oscilação de preços e taxas.
A mais recente notícia que deixa os investidores em alerta vem do pedido do PL, partido do atual presidente Jair Bolsonaro, para que os votos feitos em urnas antigas sejam invalidados.
O mercado acompanha ainda informação de que a futura equipe econômica estuda incluir a possibilidade de uma revisão periódica do teto de gastos na PEC da Transição. Caso a medida siga em frente, os gastos em 2023 poderão ser ampliados.
Além disso, os investidores repercutem a informação do site Metrópoles, de que Fernando Haddad, candidato derrotado do PT ao governo de São Paulo, foi consultado pela equipe de transição como ministro da Fazenda.
A disputa de versões em torno de Propostas de Emenda à Constituição (PEC) alternativas à PEC da Transição também está no radar. Há uma expectativa de que o texto definitivo da PEC apresentado pelo novo governo seja finalizado ainda hoje.
O aumento da aversão a risco entre agentes financeiros fez com que o dólar fechasse o dia com forte alta de mais de 1,30%, a R$ 5,3792. Já o Ibovespa abriu com alta, mas passou a recuar à tarde, em igual horário, 1,66%, aos 107.970 pontos.
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Às 15h25, o mercado de títulos públicos opera com alta nas taxas, ao contrário do movimento registrado no início do dia quando os retornos dos papéis recuaram.
O juro mais elevado oferecido por prefixados era de 13,66% ao ano, valor que era entregue pelo papel com vencimento em 2025. Na sessão anterior, o mesmo título oferecia um retorno de 13,52% ao ano. Já pela manhã, o juro oferecido pelo papel era de 13,43% ao ano.
Já entre os papéis atrelados à inflação, a maior remuneração real era entregue pelo Tesouro IPCA+2045, no valor de 6,24% ao ano, também às 15h25. Percentual que está acima dos 6,15% vistos na véspera (21) e na abertura dos negócios.
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“O mercado está nervoso por conta do formato da PEC da Transição e também em razão dos nomes aventados que ocupariam o Ministério da Fazenda. Algumas notícias dão conta de que a PEC da Transição poderia já incluir uma discussão sobre a mudança da âncora fiscal, olhando para 2023 em diante”, diz Luciano Costa, economista-chefe e sócio da Monte Bravo Investimentos.
Como há grandes balões de ensaio em torno do tema, o economista diz que o mercado fica tensionado. “O mercado espera que, com a discussão no Congresso, possamos ter uma PEC com prazo menor, entre um e dois anos, e também valor mais reduzido. Mas tudo isso está em discussão e os boatos levam o mercado a ficar mais pressionado”, detalha.
Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na tarde desta terça-feira (22):
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Invalidação de votos
O Partido Liberal (PL), sigla do presidente Jair Bolsonaro, ingressou, nesta terça-feira (22), junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com um pedido de invalidação dos votos registrados em 279 mil urnas utilizadas no pleito de outubro, que definiu a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa pelo Palácio do Planalto.
Os representantes da Coligação Pelo Bem do Brasil (PL, Republicanos e Progressistas) apresentaram o pedido à Justiça Eleitoral sob a alegação de “evidências contundentes do mau funcionamento de urnas eletrônicas”, a partir de auditoria contratada pelo PL no pleito eleitoral.
O PL alega ter havido “desconformidades irreparáveis de mau funcionamento” nos modelos de 2009, 2010, 2011, 2013 e 2015 dos equipamentos e solicita que sejam invalidados os votos decorrentes das urnas mencionadas.
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PEC da Transição
Agentes também monitoram a disputa de versões em torno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição. Na véspera (21), o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) apresentou outra proposta apelidada de “PEC da Sustentabilidade Social”, que eleva em R$ 80 bilhões o limite do teto de gastos a partir de 2023.
A PEC vem na esteira de outro texto apresentado no último sábado (19) pelo senador Alessandro Vieira (PSDB-SE), que prevê reduzir os gastos fora do teto para R$ 70 bilhões, bem abaixo dos R$ 198 bilhões propostos na PEC da Transição.
Segundo apurações da coluna Radar da Veja, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, tem reunião com líderes partidários nesta terça-feira e há expectativa de que o texto definitivo da PEC da Transição seja finalizado ainda hoje.
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Além de aguardar que o texto definitivo da PEC da Transição seja apresentado nesta terça-feira (22), a equipe do novo governo espera que o nome definido para a relatoria do projeto seja anunciado ainda hoje.
Investidores também monitoram a informação de que o coordenador técnico do gabinete de transição e ex-ministro, Aloizio Mercadante (PT) disse que a equipe econômica do futuro governo avalia incluir a possibilidade de uma revisão periódica do teto de gastos na PEC da Transição.
A mudança abriria caminho para uma mudança da regra fiscal sem necessidade de elaboração de uma PEC, que tem um rito mais complexo e exige maior apoio no Congresso do que uma lei complementar.
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