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Com queda de cerca de 80% no acumulado do ano e negociando na casa de R$ 1 ou abaixo disso desde agosto de 2022, as ações do IRB (IRBR3) têm registrado sessões de forte volatilidade. Com isso, também ganham espaço no mercado discussões sobre se os ativos já caíram demais ou se eles ainda podem registrar mais quedas em meio ao cenário desafiador ainda apresentado pela companhia, que segue registrando prejuízos sucessivos.
Em setembro, logo após o novo aumento de capital do IRB para reenquadramento nas normas da Susep, o JPMorgan elevou a recomendação dos ativos para neutra, reiterando essa recomendação após os resultados do terceiro trimestre de 2022 (3T22), ainda que reconhecendo o ambiente bastante desafiador para a companhia e resultado que a sua posição de capital regulatório ainda não é confortável.
Já na última quinta-feira (17), o Citi elevou a recomendação para os ativos do IRB, de venda para neutra, mas cortando o preço-alvo de R$ 1,10 para R$ 0,90 (o que ainda configura um potencial de valorização de 11,11% em relação ao fechamento da véspera).
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Os analistas incorporaram os últimos resultados, considerados fracos, e o aumento de capital da companhia em seus números. Para eles, os prejuízos da resseguradora e a falta de visibilidade para fazer projeções ainda levam a uma visão cautelosa para os ativos, mas a forte queda recente do ativo elimina o potencial de maiores quedas.
Nesse ponto, o banco americano ainda espera que a empresa ainda registre prejuízos nos próximos trimestres, devendo registrar lucro líquido só em meados de 2023 e normalização dos seus índices de sinistralidade dentro de dois a três anos.
As novas estimativas são de um prejuízo líquido para a companhia de R$ 726 milhões neste ano (ante projeção anterior de lucro de R$ 215 milhões) e de lucro de R$ 33 milhões em 2023 (ante estimativa anterior de lucro de R$ 361 milhões). No terceiro trimestre de 2022, a companhia registrou prejuízo de R$ 298,7 milhões no terceiro trimestre, um avanço de 91,84% na base de comparação anual. Nos primeiros nove meses de 2022 o prejuízo líquido totalizou R$ 591,6 milhões, 89,74% maior comparado a um prejuízo de R$ 311,8 milhões no mesmo período de 2021.
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“Nós continuamos com o cenário base de que o IRB não vai precisar de um outro aumento de capital, mas é difícil ter muita confiança sobre esse ponto”, ressaltaram os analistas.
Eles também citaram o anúncio da véspera sobre a renúncia de Raphael de Carvalho ao cargo de presidente-executivo da empresa, após pouco mais de um ano na posição, mas sem maiores comentários sobre o tema. O conselho de administração do IRB elegeu em reunião extraordinária o conselheiro Marcos Falcão como novo presidente e, interinamente, vice-presidente de subscrição.
Cabe destacar que, após o resultado do 3T22, em 11 de novembro, o banco Inter reiterou a recomendação neutra para os ativos, com preço-alvo de R$ 1,20 (ou potencial de alta de 48% frente o fechamento de quinta). Em comentário sobre os números do período, os analistas destacaram que eles vieram abaixo das expectativas.
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Contudo, apontaram entender que os próximos resultados devam ser melhores, uma vez que o momento no segmento agro impactou atipicamente a companhia no período. O efeito das variações climáticas no agronegócio, que gerou quebra de safra e resultou em perdas significativas para os produtores rurais e, consequentemente, para as seguradoras e resseguradoras no terceiro trimestre.
Deste modo, mesmo após o follow-on e o reforço de capital, a companhia não mostrou tanta gordura no capital mínimo regulatório. Para os analistas do Inter Research, caso a melhor expectativa para a sinistralidade principalmente no ramo rural se verifique nos próximos períodos, a companhia deve recuperar uma maior gordura nessa suficiência.
Por outro lado, outras casas, como a Genial Investimentos e o BB Investimentos, seguem com recomendação de venda para os ativos.
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A Genial destaca a continuidade de índices de Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) negativos do IRB e, com isso, a empresa não consegue construir valor para o seu acionista. O preço-alvo para o ativo, contudo, é de R$ 0,99, configurando um potencial de valorização de 22% para os papéis.
Já o BB Investimentos tem preço-alvo de R$ 1, com potencial de valorização de 23,5% frente o fechamento da véspera. “Apesar do preço-alvo de R$ 1 para o final de 2023 calculado atualmente pelo nosso valuation, pela percepção de incremento ao risco de carregamento de posição frente à realidade de companhia, que em última análise, insiste em permanecer frágil, mantemos nossa recomendação de venda para IRBR3”, apontam os analistas da casa.
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O BB Investimentos ressalta que o plano de recuperação do IRB continua encontrando severos desafios para se concretizar. Mesmo após a mudança de administração em 2020, os sucessivos prejuízos, impulsionados principalmente pela alta sinistralidade dos ramos vida e rural, seguem dificultando nossa visibilidade a respeito da operação da empresa.
Para os analistas, aliado ao momento desafiador, ainda existe o risco de se fazer necessária uma nova emissão de ações, caso os índices de liquidez do IRB se desenquadrem novamente nos próximos trimestres, o que causaria nova diluição dos acionistas que não participarem da eventual subscrição.
De acordo com compilação feita pela Refinitiv com oito casas que cobrem o ativo, sete delas têm recomendação neutra e uma tem de venda. O preço-alvo médio é de R$ 1,78, ou 120% acima frente o fechamento de quinta. Em agosto, de sete casas que cobriam o ativo, três tinham recomendação neutra e quatro de venda.