“Não temos espaço para testes em equipe econômica”, diz presidente do Bradesco (BBDC4)

O cenário a partir de 2023, alerta, é "extremamente desafiador" e exige um time "engajado", aponta Octavio de Lazari Jr.

Estadão Conteúdo

Octavio Lazari Jr, CEO do Bradesco
Octavio Lazari Jr, CEO do Bradesco

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O governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode usar o “fator tempo” para escolher bem a sua futura equipe econômica, mas tem de estar ciente de que não há espaço para “testes ou experimentos”, na opinião de Octavio de Lazari Jr., presidente do Bradesco (BBDC4).

O cenário a partir de 2023, alerta, é “extremamente desafiador” e exige um time “engajado”, a par não só dos principais problemas do País, como o controle da inflação e o equilíbrio do fiscal com o social, mas os caminhos para resolvê-los. A seguir, os principais trechos da entrevista ao Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Quais são as suas expectativas para o novo governo?

O País tem um desafio grande com relação à inflação. Ela é extremamente ruim principalmente para as pessoas menos favorecidas. Controlando a inflação, a expectativa é de que a gente tenha redução de taxas de juros, o que seria muito importante para o País entrar numa rota de crescimento. Vamos ter de esperar um pouco para ver os sinais do novo governo, a composição da equipe econômica. Mas, apesar do cenário extremamente desafiador, há oportunidades.

Quais?

Saímos na frente do mundo para tentar debelar a inflação e começar a trabalhar a redução da taxa de juros. Então, a expectativa é de que o Brasil possa ter uma rota de crescimento melhor. O grande desafio é equilibrar o social com o fiscal, dando sinais claros de que vai continuar apoiando e ajudando as pessoas mais carentes, mas, por outro lado, propiciar atratividade maior para investimentos.

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Como o sr. vê as discussões em torno da situação fiscal e social e as críticas à PEC da Transição?

O governo tem mapeado o tamanho dessa necessidade fiscal para continuar a fazer o pagamento do Auxílio Brasil, ou seja lá o nome que for dado. Temos de encontrar quais são os caminhos dentro do arcabouço fiscal para poder dar esse auxílio. Tem a reforma tributária que está na mesa e pode ser uma das alternativas para cobrir parte desse (rombo) fiscal. Entendo que aumentar a carga tributária não é a melhor alternativa porque já é muito alta.

Quando o sr. cita aumento de impostos, é uma crítica antecipada a um possível aumento de tributação aos bancos?

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Não, estou falando de uma maneira geral. É possível ter a mesma carga tributária, mas ganhando em escala, ou seja, aumentando o bolo da receita por conta do faturamento.

O mercado tem cobrado o anúncio da equipe econômica. Como deve ser esse perfil?

O mais importante é ter técnicos competentes, seja do mundo político ou técnico. Temos de dar um desconto (para a demora na nomeação), porque eles (o governo) têm convicção de que a escolha da equipe é muito importante. Não temos espaço para testes ou experimentos, temos de estar com uma equipe bastante engajada, sabendo quais são os problemas e os desafios do Brasil e quais os caminhos a tomar.

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O balanço do Bradesco no terceiro trimestre foi afetado pelo aumento da inadimplência. Qual a estratégia para domá-la?

A inadimplência é um pouco fruto do que veio da pandemia. As pessoas estavam com mais recursos por conta do apoio financeiro que o governo deu. Só que a inflação corrói o poder de compra. Em função disso, tem uma carência maior das pessoas para cumprir seus compromissos. O banco tomou as medidas necessárias. Fez alterações na política de crédito, ajustes nos modelos de aprovação. A partir daí, tem o controle da inadimplência, e ela deve começar a ceder.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.