“É como ter um final de semana todos os dias”, diz homem que se aposentou aos 33

Gastar menos do que você ganha e investir de modo inteligente são pontos fundamentais citados pelo milionário para alcançar a independência financeira

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – Através de um planejamento financeiro eficiente e gastando menos do que ganha, Justin, que se denomina Mr. RoG em seu blog Root of Good, conseguiu se tornar financeiramente independente e se aposentar aos 33 anos, em 2013. Hoje, três anos depois, Kaisorn, sua esposa, seguiu seus passos e também se aposentou antecipadamente de seu cargo em um grande banco de investimentos. “O nosso patrimônio aumentou muito pelo fato de economizarmos diariamente e por reservarmos parte do nosso salário para aplicarmos em ativos”, escreve em seu blog.

Justin conta que todos os anos guardava mais da metade da renda familiar, ou seja, todo o seu salário mais parte do salário de Kaisorn. Isso os permitiu uma imunidade caso um dos dois perdesse o emprego e como resultado, o milionário diz que nunca se preocupou em ter uma grande quantia reservada para emergências, investindo, desse modo, o máximo possível para melhorar os rendimentos a longo prazo.

Com três filhos, o casal, que mora na Carolina do Norte, nos Estados Unidos, alcançou, em conjunto, uma renda de até US$ 138 mil anuais e os salários mais altos que cada um chegou a receber foi US$ 69 mil de Justin e US$ 74 mil de Kaisorn. “Esses salários parecem muito altos para quem recebe um salário mínimo ou para os leitores de países em desenvolvimento, mas eles são normais (ou baixos) para profissionais graduados nas áreas de engenharia e finanças”, afirmam.

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Justin é organizado e agora que está aposentado ele criou uma agenda que estabelece horários para suas atividades. Entre elas estão duas horas de Netlix e videogame por dia, além de almoços com amigos e passeios com os filhos.

Confira a entrevista exclusiva de Justin para o InfoMoney:

IM: Justin, quando você decidiu que queria se aposentar mais cedo?

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JUSTIN: Eu comecei a trabalhar em tempo integral assim que saí da faculdade. Todo dinheiro que sobrava no final do mês eu reservada e investia. Foi somente aos 25 anos que comecei a pensar na possibilidade de me aposentar mais cedo.

IM: Você sempre gostou do mundo dos investimentos? No que você investe atualmente?

JUSTIN: Sim, eu comecei investindo pequenas quantias com 18, 19 anos, enquanto ainda estava na faculdade, e continuo aplicando até hoje. Atualmente tenho uma carteira de investimentos formada basicamente por fundos de índice: metade está alocada nos Estados Unidos e a outra metade encontra-se em fundos internacionais.

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IM: Como mudou a sua rotina quando você deixou de trabalhar todos os dias?

JUSTIN: Está sendo muito bom, muito relaxante. É muito bom ter mais tempo livre. Nós temos três crianças, então estou tendo mais tempo para passar com elas, posso leva-las na escola, ajudar em assuntos escolares, além de eu ter muito mais tempo para poder fazer viagens mais extensas. No verão, quando as crianças estão de férias, nós costumamos viajar para o exterior e passamos normalmente mais de duas semanas fora.

IM: Como vocês administram os custos de ter três filhos?

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JUSTIN: Aqui nos Estados Unidos a escola é pública, assim como o transporte escolar para o ensino fundamental e médio, ou seja, ambos são de graça. Os custos extras são eletricidade, água, uma casa maior e comida, o que não custa tanto. Além disso, nós temos redução nas taxas do governo por termos filhos. De acordo com os meus cálculos, US$ 5.500,00 são abatidos por ano do imposto, o que é um grande benefício.

IM: Como você fez para ficar financeiramente independente?

JUSTIN: Simplesmente gastando menos do que ganhamos e guardando a diferença, ou seja, o que não gastamos, durante 10 anos. No período de uma década nós fomos de praticamente nada para US$ 1,4 milhão em investimentos.

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IM: Quais são suas táticas para economizar?

JUSTIN: Nós sempre dirigimos carros mais antigos, pois os compramos quando ainda estávamos na faculdade, há 16 anos, e ainda nos locomovemos com eles. Um deles nós vendemos, mas o outro ainda é utilizado todos os dias, o que é muito incomum aqui nos Estados Unidos para pessoas da classe média.

Nós moramos em uma casa que possui valor abaixo da média, na cidade de Raleigh, na Carolina do Norte. Poderíamos ter comprado uma casa maior e mais bonita, mas não compramos, em parte, porque eu queria morar mais perto da minha família e também, pelo fato de que a área em que meus pais moram não custa tanto como outras partes mais valorizadas da cidade.

Eu acho que as maiores despesas aqui são: casa, transporte (carro) e comida (supermercado). Nós também cozinhamos a maioria de nossas refeições, ao invés de comer fora.

IM: Você ensina seus filhos a lidar com o dinheiro?

JUSTIN: Sim, eles estão cientes do modo como pagamos nossas despesas; eles entendem que temos investimentos que pagam dividendos e que, consequentemente, nos conferem uma renda. Quando passeamos pelo shopping, por exemplo, conversamos sobre o valor das coisas e de que às vezes você pode encontrar um mesmo produto que custa US$ 1,00 em uma loja e US$ 4,00 em outra. A mais velha tem 11 anos, então ela já está começando a aprender mais sobre o assunto e a pensar em como ela pode ganhar dinheiro sozinha, seja por meio de serviços pontuais como babá, seja por outras atividades deste tipo.

IM: Como você descreveria um dia normal para você?

JUSTIN: Eu normalmente acordo de manhã, me arrumo e durante a semana, levo as crianças para a escola. Dependendo do dia, se eu tiver algum trabalho voluntário ou atividades na escola, vou para lá mais tarde. Caso contrário, faço outras coisas. Hoje, por exemplo, eu assisti Netflix por uma hora, arrumei a casa, fiz compras e depois fui visitar a família da minha esposa, onde almoçamos. As atividades variam de acordo com o dia, mas é normalmente o que as pessoas fazem no final de semana, só que eu faço todos os dias. Nós também vamos aos museus no centro da cidade, ao parque e visitamos o playground com as crianças, fazemos caminhadas, etc. Depende muito do dia.

IM: Vocês costumam viajar? Se sim, são viagens mais econômicas ou não?

JUSTIN: Acho que gastamos mais dinheiro quando viajamos, mas mesmo assim conseguimos adotar hábitos para guardar dinheiro de qualquer forma.

Normalmente ficamos em um mesmo destino por uma ou duas semanas no mínimo. Ano passado, por exemplo, nós ficamos sete semanas viajando pelo México, que é metade do custo dos Estados Unidos. Ficamos duas semanas na Cidade do México, duas semanas em uma outra cidade e mais outras três semanas em uma terceira cidade. Ao invés de reservarmos hotéis para passarmos as noites, alugamos apartamentos em cada destino. Dessa forma, pagamos menos do que gastaríamos em um hotel e tivemos mais espaço, incluindo uma cozinha que nos permitiu comprar ingredientes para prepararmos pratos locais.

IM: Assim como você, sua esposa também conseguiu se aposentar antecipadamente. O que ela está achando dessa nova fase?

JUSTIN: Sim, minha esposa se aposentou três meses atrás e está amando essa nova realidade mais tranquila e sem stress. Ela ainda mantém contato com os colegas de trabalho e percebe que a situação está ruim naquele ambiente. Houve muitas mudanças, demissões e parece que estão com sérios problemas financeiros.

IM: Quais conselhos você daria a alguém que quer alcançar a independência financeira?

JUSTIN: Acho que o fator principal é guardar parte do seu salário, seja isso 15 ou 20%. Se você ganhar um aumento, por exemplo, é capaz que você consiga reservar até metade do seu salário. Continue fazendo isso por mais 20 anos e você terá muito dinheiro guardado. O fato de ter uma aposentadoria antecipada depende do quanto você está guardando, do quanto está investindo e de quais são os seus gastos. Nós moramos em uma região pouco valorizada nos Estados Unidos, em que nossa casa custa aproximadamente US$ 110 mil. Uma casa similar em São Francisco, na Califórnia, por exemplo, custaria no mínimo US$ 1 milhão, então estamos pagando muito menos por morar aqui. Acredito que encontrar uma casa em uma área pouco valorizada em que haja boas vagas de emprego é uma alternativa para cortar custos e começar na frente na corrida para a independência financeira.

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