Antes de ficar no meio do redominho de uma das maiores crises do mercado cripto, o ex-CEO da FTX, Sam Bankman-Fried ocupava o “hall” das grandes personalidades do setor, dividindo espaço com os pesos-pesados Changpeng “CZ” Zhao, fundador da Binance, e Brian Armstrong, da CoinBase.
Parte da fama do jovem, que entrou para a lista de bilionários da Bloomberg no ano passado (ele saiu por causa dos eventos recentes), é creditada à rápida ascensão de sua corretora, fundada em 2019.
A FTX, cujo carro-chefe são derivativos de criptomoedas, atraiu milhares de investidores mundo afora, e passou a figurar entre as cinco maiores do mercado. A supermodelo brasileira Gisele Bündchen e o jogador de futebol americano Tom Brady entraram como sócios do negócio em 2021.
Outro motivo que ajudou o empresário – formado em física pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) – a ganhar popularidade no meio cripto é sua personalidade excêntrica.
O americano faz parte de um movimento chamado altruísmo efetivo, cuja bandeira é fazer o bem para o outro da maneira mais eficiente possível. E a forma que ele encontrou para beneficiar o próximo foi doar parte de sua fortuna para caridade e para políticos do Partido Democrata dos Estados Unidos.
Colapso da FTX
Todo o negócio e o papel de “bonzinho” de Bankman-Fried, no entanto, começaram a colapsar na semana passada quando o CoinDesk, parceiro do InfoMoney, publicou uma reportagem mostrando que o balanço patrimonial da empresa-irmã da FTX, Alameda Research, era composto principalmente de tokens sem liquidez, incluindo o próprio FTT, nativo da FTX.
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Com a repercussão do caso, uma crise de credibilidade se instaurou, e os investidores da exchange intensificaram os saques, em um episódio equivalente a uma corrida bancária. O episódio derrubou os preços do ativo nativo da plataforma em 90% em pouco mais de uma semana. A FTX entrou numa crise dramática que respingou em todo o mercado.
A Binance entrou na jogada e se ofereceu para comprar a antiga rival, mas desistiu do negócio ao ver os dados internos da empresa. Na quinta-feira (10), Bankman-Fried foi ao Twitter pedir desculpa. “Sinto muito. Eu ferrei com tudo, e deveria ter feito melhor”. Na sexta-feira (10), a empresa entrou com pedido de falência e o empresário, que um dia já foi comparado ao Mark Zuckerberg do setor cripto, deixou o cargo de CEO.
Com todo esse rebuliço, o patrimônio líquido do altruísta efetivo, que já chegou próximo dos US$ 16 bilhões, despencou para quase zero. De acordo com o Bloomberg Billionaires Index, os negócios da FTX agora valem US$ 1. Bankman-Fried detém 70% da empresa.
Toda essa crise deixou o emprésario mais pobre e derrubou o mercado cripto – o Bitcoin (BTC) caiu para o menor valor de dois anos. Além disso, deu ainda mais combustível para o debate sobre a regulamentação do mercado cripto. Nos Estados Unidos, diversos legisladores publicaram declarações expressando preocupação com a situação.