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A corretora FTX protagonizou uma impressionante cascata de eventos nesta semana que a fez desbaar da condição de segunda maior corretora do mundo à falência. A crise se acirrou há seis dias, quando, em meio a suspeitas de insolvência da plataforma, clientes correram para sacar tudo o que tinha ali – no fim das contas, acelerando o processo de deterioração que culminou no pedido de recuperação judicial da empresa nesta sexta-feira (11).
Mas, além de rumores, o que se sabia de concreto sobre a situação da FTX a ponto de provocar uma “corrida bancária” de criptomoedas? A resposta está na tecnologia blockchain.
Conhecida por sua transparência e confiança, a solução que nasceu com o Bitcoin (BTC) deu ao público um olhar em tempo real sobre as contas da empresa, o que permitiu que o mercado flagrasse, com dados concretos, as reservas da exchange secando.
Confira, a seguir, quatro gráficos que mostram o tamanho da crise de liquidez da FTX do agora ex-bilionário Sam Bankman-Fried entre terça (8) e quarta-feira (9), pouco antes da corretora bloquear totalmente os saques.
10 maiores saques de carteiras
A FTX recorreu à principal rival, Binance, em busca de salvação por conta de seus problemas de liquidez.
Um dos primeiros sinais de alerta veio dos 10 principais endereços (contas de criptomoedas) por volume de retirada na FTX. Esses endereços, cujos donos incluem Nexo, Circle e Jump Trading, retiraram US$ 1,87 bilhão em uma semana, de acordo com dados da casa de análise Nansen.
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A Nexo, uma plataforma de empréstimo de criptomoedas com mais de cinco milhões de usuários no mundo todo, conforme declarado na página inicial da empresa, retirou mais de US$ 408 milhões em Ethereum (ETH) da FTX.
O site Etherscan, que explora dados blockchain, confirma os dados da Nansen. A Nexo transferiu ETH em grandes volumes por meio de diversas transações, com valores de pelo menos 4.999 ETH.
Investidores individuais (referidos no gráfico como “ETH millionaire”, ou “milionário de ETH”) também retiraram US$ 121 milhões da FTX e moveram para o endereço do contrato de depósito da Circle, mostram dados da Nansen e da Etherscan.
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A Nansen mostra que US$ 1,15 bilhão em USDC Coin deixou a Coinbase entre segunda (7) e terça (8), refletindo uma retitada de tokens de usuários das exchanges.
Dados da Coinglass revelam que, nas mesmas 24 horas, o número de Bitcoin (BTC) na FTX caiu de 19.941,64 BTC (cerca de US$ 380 milhões naquele dia) para 36,14 BTC (menos de US$ 700 mil).
Resgates de stablecoins
As stablecoins também podem ajudar a explicar a forte volatilidade. De acordo com dados da Nansen, entre segunda e terça, a FTX liderou todas as exchanges em resgates de stablecoin por larga margem. Cerca de US$ 451 milhões em stablecoins deixaram a FTX, mais do que todos os saques combinados de KuCoin, Crypto.com e OKX.
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As posições em USD Coin (USDC) e Tether (USDT), principalmente, caíram drasticamente na FTX. Entre sexta-feira (4) e terça-feira (8), os dados da Nansen afirmam que as participações em USDC da FTX caíram perto de US$ 137 milhões, ou cerca de 84%, enquanto suas participações em USDT caíram de US$ 198 milhões para US$ 68 milhões.
De acordo com a CryptoQuant, a reserva de stablecoin da FTX é de aproximadamente US$ 156 milhões atualmente, o que representa uma queda de mais de 78% desde 24 de outubro.
Agora, a reserva de stablecoin da FTX está em seus níveis mais baixos em um ano. Alguns participantes do mercado ficaram preocupados porque um dos primeiros sinais que prenunciavam o colapso do projeto Terra (LUNA) foi quando os depósitos de UST no protocolo de empréstimos Anchor começaram a cair rapidamente.
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Top 10 resgates de traders
Traders também retiraram suas criptomoedas da FTX, de acordo com dados da Nansen. Na segunda-feira (8), as dez principais carteiras de saque categorizadas pela Nansen como pertencentes a “smart money” (como ela define os usuários mais ativos, em geral traders) removeram cerca de US$ 246,6 milhões em tokens.
A Nansen considera uma carteira como “smart money” se atender a pelo menos um dos diversos critérios, incluindo: pertence a um fundo de investimento; ganhou pelo menos US$ 100 mil fornecendo liquidez aos protocolos de finanças descentralizadas (DeFi), como SushiSwap e Uniswap; e está entre os 300 maiores endereços por lucro realizado.
A Jump Trading, que cria ecossistemas e realiza pesquisas quantitativas, além de negociações, retirou sozinha US$ 118 milhões.
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Outras retiradas notáveis de “smart money” incluem a empresa de gestão de ativos Arca e a Alameda Research, “irmã” da FTX. A Alameda transferiu 92 milhões de tokens [ativo=BIT] (cerca de US$ 35 milhões) da FTX para seu próprio endereço.
Preço e volume de FTT
O gráfico acima mostra o preço diário e o volume do token FTT, criado pela FTX e que concede aos titulares um desconto nas taxas de negociação na exchange. Desde que o CoinDesk revelou, no dia 2 de novembro, que o balanço da Alameda era composto principalmente por este ativo, o FTT caiu quase 80% em meio a uma disparada no volume de trades.
Os dados no gráfico cobrem apenas o volume na FTX e, portanto, podem não corresponder ao volume em todas as exchanges. A imagem mostra que as revelações provocaram uma onda de interesse no token, que foi acompanhada por uma queda significativa nos preços.
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