“Data com” de FII: mapa indica melhores dias para investir e ganhar os próximos dividendos

Levantamento do InfoMoney mostra que data nobre para investir em fundos imobiliários é o último dia útil de cada mês, quando 64 FIIs anunciam rendimentos

Wellington Carvalho

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Ganhar dividendos recorrentes e isentos de imposto de renda é o principal objetivo da maior parte dos quase mais de 2,3 milhões de investidores de fundos imobiliários. Mas em qual dia fazer o investimento para ter direito ao próximo rendimento?

Um mapa produzido pelo InfoMoney mostra as melhores datas para comprar as cotas e ainda tira as principais dúvidas sobre os dividendos pagos pelos FIIs. O levantamento toma como base a chamada “data com”, data limite em que o investidor deve ter as cotas dos FIIs na carteira para ter direito aos dividendos anunciados.

A dinâmica de anúncio e pagamento de dividendos pelos fundos imobiliários é diferente da que as empresas adotam na distribuição de proventos em suas ações listadas na B3. Em geral, após apurar seus resultados, as companhias divulgam com antecedência de semanas – ou até meses – qual será a data de corte para o pagamento dos dividendos, oferecendo ao investidor a oportunidade de comprar a ação e ter direito à distribuição.

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No caso dos FIIs, que em sua maioria pagam dividendos mensalmente, o sistema é outro. A “data com” é praticamente fixa, ocorre sempre no mesmo dia de cada mês, e normalmente coincide com o anúncio do valor que será pago aos cotistas. Quem não tiver cotas naquele momento, terá de esperar o mês seguinte para se posicionar e receber os dividendos da carteira.

É nesse sentido que o mapa de “data com” de FIIs preparado pelo InfoMoney pode ajudar na organização dos investimentos. Para isso, foram considerados os FIIs mais negociados no mercado. Alguns deles, como o Brazilian Graveyard And Death Care (CARE11), não têm distribuído rendimentos nos últimos anos.

Segundo o estudo, a data nobre para investir em fundos imobiliários é o último dia útil de cada mês, quando 69 carteiras anunciam rendimentos – ou seja, o investidor que possuir cotas destes FIIs nessa data garante o próximo dividendo que será distribuído pelas carteiras.

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Ainda de acordo com o mapa do InfoMoney, 15 fundos têm como “data com” o quinto dia útil do mês; sete, o décimo; e cinco, o oitavo dia útil do mês. Confira o calendário completo abaixo:

Embora a grande maioria dos fundos distribua dividendos mensalmente, os FIIs não são obrigados a manter esta periodicidade de repasses. Pela lei, as carteiras devem pagar os rendimentos a cada semestre. Diante da legislação, o cancelamento pontual do pagamento não representa necessariamente um problema para o fundo.

As “datas com” também podem variar de acordo com a existência de um feriado durante o mês ou mesmo com os fins de semana.

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10 dúvidas sobre dividendos de FIIs

O que são dividendos de FIIs?

Os fundos imobiliários captam recursos entre os investidores para a compra de imóveis que, posteriormente, podem ser alugados ou vendidos. As receitas obtidas nas transações – locação ou ganho de capital – são distribuídas entre os cotistas, na proporção em que cada um aplicou.

Normalmente, os rendimentos – ou dividendos – dos FIIs são depositados mensalmente na conta dos cotistas e os recursos são isentos de Imposto de Renda, uma das principais vantagens do produto.

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“Os rendimentos dos fundos imobiliários são parte do lucro obtido pela carteira”, reforça Artur Losnak, head de FIIs do TC, que compara o recurso ao dividendo distribuído pelas empresas listadas na B3.

Como ter direito ao dividendo do FIIs?

Quase dois milhões de brasileiros já recebem dividendos dos fundos imobiliários, de acordo com os últimos números da B3.

A possibilidade de renda passiva – aquela obtida sem esforço adicional – parece ter agradado, pois o número de investidores de FIIs só cresce: subiu de 208 mil em dezembro de 2018 para os atuais 1,903 milhão.

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Para começar a investir em fundos imobiliários e ter direito aos rendimentos, explica Giuseppe Galante, especialista em FII da Ouro Preto Investimentos, é preciso adquirir as cotas das carteiras, que são negociadas na própria B3. O mapa “data com” do InfoMoney auxilia o investidor a localizar o fundo que está próximo de anunciar o pagamento dos dividendos.

Qual a periodicidade dos dividendos de FIIs?

O pagamento de dividendos dos FIIs se baseia na Lei 8.668/93, posteriormente substituída pela Lei 9.779/99. De acordo com o dispositivo legal, os FIIs devem distribuir a seus cotistas, no mínimo, 95% dos lucros auferidos pelo regime de caixa a cada semestre. Essa apuração será feita com base em balanço ou balancete semestral, encerrados em 30 de junho e 31 de dezembro de cada ano.

“A periodicidade é semestral, mas a maioria dos fundos listados com cotas em negociação na B3 o faz mensalmente”, confirma Galante.

Os dividendos de FIIs são tributados?

Os dividendos depositados pelos fundos imobiliários na conta do investidor estão livres de qualquer tributação, reforça Losnak.

Em 2021, a possibilidade de tributar os rendimentos dos FIIs foi incluída em projeto de lei (PL) que modificava a cobrança do Imposto de Renda. A proposta chegou a ser aprovada na Câmara dos Deputados, mas alguns itens que tratavam de investimentos acabaram sendo eliminados – entre eles, a tributação dos dividendos de FIIs.

Por enquanto, lembra Losnak, apenas o ganho de capital obtido com a venda das cotas dos fundos imobiliários é tributado – em 20% do lucro.

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O valor da cota é ajustado após a divulgação dos dividendos?

Sim. Um dia após a “data com”, o rendimento que será pago é descontado do valor da cota na Bolsa, que passa a ser negociada, portanto, com um valor reduzido.

Um exemplo: um fundo cuja cota custa R$ 10 e anuncia o repasse de R$ 0,10 em dividendos, abrirá o mercado no dia seguinte à “data com” com o papel sendo negociado a R$ 9,90.

Se a cota é ajustada, qual a vantagem de receber o dividendo?

O ajuste feito na cota do fundo imobiliários após a “data com” pode gerar dúvidas entre os investidores mais iniciantes sobre a vantagem de receber o dividendo já que a cota do FII perderá o mesmo valor na Bolsa.

De acordo com os especialistas ouvidos pelo InfoMoney, após o pagamento do dividendo, o valor da cota tende a voltar ao seu valor justo – ou ao valor que tinha antes da redução gerada pela distribuição de rendimentos.

A correção da cotação, porém, não é obrigatório, alertam. Eles lembram que fundos imobiliários são investimentos de renda variável e tanto o valor investido nas cotas como o volume de dividendos podem oscilar ao longo do tempo.

Vale a pena reinvestir os dividendos de FIIs?

O reinvestimento dos dividendos é uma das estratégias mais defendidas pelos especialistas para quem tem como objetivo a geração de renda passiva.

“Com o reinvestimento, você tem cada vez mais recursos aplicados e, consequentemente, passa a receber mais dividendos”, explica Losnak, que lembra o efeito bola de neve. “Se você está na fase de acumulação de patrimônio, o ideal é o reinvestimento dos dividendos”, crava.

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O que é dividend yield?

Uma forma de dimensionar o dividendo recebido pelo fundo imobiliário é observar um indicador chamado dividend yield, muito conhecido no mercado financeiro. Ele representa a taxa de retorno com dividendos de um investimento.

“O dividend yield é calculado pela relação entre o valor do dividendo e o valor da cota”, explica Galante. “Com o indicador, é possível facilmente comparar o retorno do fundo imobiliário com outras modalidades de investimento ou mesmo entre os próprios FIIs”.

Para ilustrar, o Átrio Reit (ARRI11) encerrou outubro com o maior dividend yield entre os principais fundos imobiliários da Bolsa. O percentual foi de 1,56% no mês.

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O dividendo de um FII pode variar ao longo do tempo?

Tanto o valor do dividendo como o dividend yield do fundo imobiliário podem oscilar ao longo do tempo, aponta Galante.

Segundo o especialista da Ouro Preto Investimentos, o valor nominal do rendimento de um fundo pode variar segundo a operação da carteira – um inquilino pode atrasar o pagamento, por exemplo. A venda de um imóvel do FII ou mesmo o reajuste na locação podem, por sua vez, elevar o volume repassado aos cotistas.

Ao longo dos anos, o mercado de fundos imobiliários se desenvolveu e hoje há FIIs focados desde a administração de escritórios até imóveis rurais, passando por shoppings, galpões logísticos, hospitais e agências bancárias. Há fundos até de cemitérios.

No mercado, o investidor também tem a opção dos FIIs de “papel”, que investem em títulos de renda fixa ligados ao segmento imobiliário. Os papéis são indexados a índices de preço e ao CDI (certificado de depósito interbancário) e se beneficiaram até meados de 2022 com a elevação da inflação e dos juros no País. A deflação apurada no último trimestre, porém, reduziu o volume dos dividendos.

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Todos os FIIs pagam dividendos regularmente?

Losnak lembra que o fundo imobiliário foi criado com a proposta de gerar renda recorrente para o investidor, respeitando a legislação que define a distribuição de 95% do lucro da carteira em um período de até seis meses.

Segundo ele, fundos que não distribuem regularmente os dividendos são exceções no mercado e, muitas vezes, estão ligados a segmentos como o de desenvolvimento – que constrói empreendimentos e precisa de um período para realizar a venda e distribuir os lucros.

Dos 111 fundos que compõem o Ifix atualmente, apenas o Brazilian Graveyard And Death Care (CARE11) não tem distribuído rendimentos nos últimos anos. Criado em 2016, o fundo do segmento de cemitérios chegou a ficar cinco anos sem pagar dividendos, período encerrado em julho de 2020, após a venda de um dos ativos do portfólio. O último repasse ocorreu em setembro de 2021.

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Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.