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Já estamos em clima de Copa do Mundo. Em uma temporada mais curta, as competições nacionais e continentais já se encontram com seus campeões decididos, a Série B está encerrada e resta ainda algum suspense sobre os classificados para a Libertadores na Série A.
Alguns podem até fingir surpresa, mas é só fingimento mesmo, porque os vencedores estavam escritos desde o início da temporada. Cada vez mais a soma de dinheiro com gestão faz a diferença. Sozinhos podem ajudar aqui ou ali, mas juntos são imbatíveis.
Flamengo e Palmeiras dividiram os principais títulos da temporada. Clubes que iniciam o ano mirando receitas acima de R$ 700 milhões, como o Palmeiras, ou R$ 1 bilhão, como o Flamengo, são naturalmente os candidatos a tudo, à medida em que os adversários mais próximos dificilmente atingem algo perto disso.
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Quando conseguem, tendem a ser mais um ponto fora da curva que uma realidade estável, vide o Atlético Mineiro de 2021 e o Corinthians de 2022, que deve apresentar mais de R$ 700 milhões de receitas. Ou mesmo o são Paulo, que devido às vendas de Anthony e Casemiro deve ser aproximar de R$ 600 milhões.
O normal é o retorno à média, porque o salto de receitas é fruto de performance e não construções sustentáveis. E. ainda que fossem, diferentes da dupla de destaque, são clubes altamente endividados e que estão sempre pressionados financeiramente.
Nos últimos 5 anos a média de receitas dos clubes que fazem parte do topo do ranking de receitas é a seguinte:
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Agora vamos lembrar do desempenho desses clubes na atual temporada. Além de Flamengo e Palmeiras, tivemos o Corinthians na final da Copa do Brasil, o São Paulo e o Fluminense nas semifinais. Clubes que estão entre as 10 maiores receitas médias dos últimos 5 anos.
Na Libertadores, a final teve presença do Athlético Paranaense, clube que já tem a 10ª maior receita média dos últimos 5 anos. Lembrando que o Palmeiras foi semifinalista.
Agora, vamos avaliar a Série A. Os 6 primeiros da classificação atual estão no gráfico acima (Palmeiras, Internacional, Fluminense, Corinthians, Flamengo e Athlético), depois entra um intruso, que é o América Mineiro, e na sequência temos Atlético Mineiro e São Paulo. Depois temos outro intruso na 10ª posição – e com alguma chance de Libertadores – que é o Fortaleza.
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Como o Grêmio disputou a Série B nesta temporada, apenas o Santos está de fora da briga por uma vaga na Libertadores. Mas é importante lembrar que a média de receitas do Santos está impactada pela venda relevante de alguns atletas nos últimos 5 anos.
Ou seja, aqui também temos uma mostra de que o dinheiro faz diferença nessa disputa. Ao mesmo tempo, América e Fortaleza mostram que uma boa gestão fora de campo, mas essencialmente uma gestão eficiente dentro de campo podem colocar equipes de menor receita na disputa por colocações interessantes.
“Ah, meu time não pode só competir, tem que ganhar”. Desculpe, caro torcedor que vive de ilusão. Seu clube já não ganha nada há anos, e com a distância que se cria em termos de receitas vai depender de uma reformulação tão grande do departamento de futebol para se tornar competitivo, que é melhor sonhar com vagas na Libertadores ou pensar no título da Copa do Brasil, porque no Brasileirão a chance será cada vez menor.
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O que faz com que o desempenho do Internacional e do Fluminense em 2022 seja digno de aplausos e celebração. Ótimas campanhas se compararmos com o tamanho das receitas. Ao mesmo tempo que novamente o São Paulo merece ter um sinal de alerta alterado de amarelo para laranja, porque é a segunda temporada seguida em que o time se coloca em uma posição de pouca competitividade, a despeito da semifinal da Copa do Brasil e da final da Sulamericana.
Aliás, falando sobre Sulamericana, está aí uma competição que mostra que o trabalho eficiente pode superar o dinheiro. O Independiente del Valle apresentou em 2021 cerca de R$ 125 milhões de receitas e na média entre 2018 e 2021 esse número foi da ordem de R$ 100 milhões. Mas é um clube que tem uma estratégia que nasce na construção do seu DNA Esportivo, em uma ideia clara de jogo, na formação de elencos compatíveis com essa ideia e contratação de treinadores capazes de colocar em prática tudo isso. Não é acaso, é planejamento. O mesmo planejamento que vemos em América e Fortaleza.
Vamos passar pela Série B. Nada diferente do que falamos até agora. Nenhuma surpresa ao vermos Cruzeiro, Grêmio, Bahia e Vasco voltando à elite. Lista das maiores receitas já vimos o Grêmio, e os demais estão em uma lista “ampliada”, pois o Cruzeiro é 11º, o Vasco 12º e Bahia 14º. Voltaram com mais ou menos sofrimento, porque jogar a Série B é diferente da Série A, mas estão novamente na principal competição do país.
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Com a queda de clubes de menores receitas — Juventude, Avaí, Cuiabá, Ceará, Atlético Goianiense já caíram ou correm riscos — teremos em 2023 um Brasilerão fortíssimo, onde a gestão esportiva fará mais diferença que o dinheiro. Ou melhor: a gestão esportiva será justamente o diferencial para quem quiser se manter na Série A. Não será nem uma questão de olhar o topo, mas de tomar cuidado com o final da tabela. Qualquer erro será fatal, especialmente para clubes que vêm errando há algum tempo.
Clubes organizados, SAFs, clubes financeiramente fortes. Isso tudo se traduz na melhoria contínua do futebol brasileiro. Não precisamos dourar a pílula — e ainda estamos longe da qualidade média das principais ligas europeias. Mas também não podemos tapar os olhos: estamos em evolução constante. Agora é Copa do Mundo. Todos terão tempo para planejarem e se organizarem. Em 2023 veremos quem tem capacidade e quem está só no chinelinho. O futebol não perdoa.
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