Nome completo: | Onyx Dornelles Lorenzoni |
Data de nascimento: | 3 de outubro de 1954 |
Local de nascimento: | Porto Alegre (RS) |
Formação: | Bacharel em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) |
Ocupação: | Empresário, médico veterinário e político |
Principais cargos na vida pública: | Deputado estadual pelo Rio Grande do Sul (1995-2003); deputado federal (2003-2022); ministro-chefe da Casa Civil (2019-2020); ministro da Cidadania (2020-2021); ministro da Secretaria-Geral da Presidência (2021); ministro do Trabalho e Previdência (2021-2022) |
Eleições disputadas: | 1994 e 1998 (para a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul); 2002, 2006, 2010, 2014 e 2018 (para a Câmara dos Deputados); 2004 e 2008 (Prefeitura de Porto Alegre); 2022 (governo do Rio Grande do Sul) |
Partido: | Partido Liberal (PL) |
Quem é Onyx Lorenzoni
Em janeiro de 2021, no início do terceiro ano de seu governo, o presidente Jair Bolsonaro revelou como enxergava o trabalho do ministro Onyx Lorenzoni, um de seus mais fiéis aliados.
Ao sinalizar que deslocaria o então ministro da Cidadania para a Secretaria-Geral da Presidência, o chefe do Executivo afirmou: “O Onyx? Eu conheço ele há muito tempo, me ajudou muito. Acredito no trabalho dele. Eu chamo o Onyx de ‘coringa’, pois ele está pronto para ir para qualquer ministério”.
Um dos homens de confiança do presidente, o “coringa” Onyx foi um dos primeiros políticos de expressão nacional a apostar publicamente na viabilidade eleitoral do então deputado Jair Bolsonaro, ainda na campanha eleitoral de 2018, quando nove em cada dez nomes graúdos de Brasília ironizavam as chances do ex-capitão do Exército de chegar ao Palácio do Planalto.
Gaúcho de Porto Alegre, filho de Rheno Julio Fioravante Lorenzoni e Dalva Conceição Dornelles Lorenzoni, Onyx nasceu em 3 de outubro de 1954, quando o Brasil ainda vivia o rescaldo do luto nacional pelo suicídio do ex-presidente Getúlio Vargas (em 24 de agosto).
Formou-se em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Atualmente, além de médico veterinário, é empresário – mas todas as suas atenções sempre se voltaram para a política.
Na década de 1980, Onyx foi presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários do Rio Grande do Sul. Antes de entrar na política, ele trabalhou no Hospital Veterinário Lorenzoni, empresa de que era sócio.
O parlamentar é pai de quatro filhos, e um deles seguiu a mesma trilha: Rodrigo Lorenzoni, também médico veterinário, empresário e político, é deputado estadual pelo Rio Grande do Sul e foi reeleito para o segundo mandato em 2022.
Onyx está no terceiro casamento. Sua esposa é a personal trainer Denise Veberling, com quem se uniu em 2018.
Trajetória política de Onyx Lorenzoni
Onyx Lorenzoni iniciou sua carreira política no Partido Liberal (PL), ao qual se filiou em meados dos anos 1980. Em 1997, migrou para o Partido da Frente Liberal (PFL), o herdeiro da Arena, legenda que sustentou o regime militar. Anos mais tarde, o PFL mudaria o nome para Democratas (DEM).
Conservador na política, liberal na economia, à direita no espectro político-ideológico, Onyx pautou sua atuação na vida pública pela defesa de bandeiras como a redução da carga tributária, o direito do cidadão à legítima defesa, a proteção da propriedade e o discurso anticorrupção.
Em 1994 e 1998, disputou e venceu as eleições para deputado estadual pelo Rio Grande do Sul. Em 2002, conquistou uma vaga na Câmara dos Deputados, em Brasília, onde iniciaria uma longa trajetória parlamentar no Congresso Nacional.
Em 2004, no meio de seu primeiro mandato como deputado federal, Onyx concorreu à Prefeitura de Porto Alegre: terminou em terceiro lugar, com pouco menos de 10% dos votos. Ele tentaria novamente chegar ao Executivo municipal da capital gaúcha em 2008, pelo DEM, ficando em quarto lugar, com menos de 5% dos votos.
Depois de se eleger mais uma vez deputado federal, em 2006, Onyx se tornou líder do DEM na Câmara e ganhou projeção nacional ainda maior, como um dos mais combativos líderes de oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Seria reeleito mais três vezes, em 2010, 2014 e 2018, chegando a cinco mandatos consecutivos e 20 anos no Parlamento federal.
Durante esse período, Onyx esteve presente em momentos importantes da política brasileira. Em 2005, integrou a CPI dos Correios, que investigou o escândalo do “mensalão” no governo Lula. Dez anos depois, em 2015, fez parte da CPI da Petrobras, que apurou os desvios do esquema batizado de “petrolão”. Em 2016, votou pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) e apoiou o governo de Michel Temer (MDB).
Onyx também teve atuação destacada na relatoria do projeto das Medidas contra a Corrupção e o Enriquecimento Ilícito, que teve como base um pacote de dez medidas anticorrupção defendidas pelo Ministério Público Federal (MPF). Mas a imagem de deputado defensor da ética na política sofreria um forte abalo.
Caixa 2
Em 2016, Onyx Lorenzoni se manifestou contra a anistia ao caixa 2, que vinha sendo debatida no âmbito das discussões no Congresso sobre o projeto das dez medidas contra a corrupção. Vários políticos defendiam que a prática do caixa 2 – recebimento de valores “por fora”, geralmente em campanhas eleitorais, sem a declaração oficial – era recorrente e historicamente disseminada pelo Brasil, atingindo praticamente todos os partidos e candidatos. Segundo esse entendimento, os beneficiários do caixa 2 eleitoral no passado deveriam ser anistiados, e não penalizados. Defensor das propostas do MPF, Onyx foi contra a tese de muitos de seus colegas.
Alguns anos mais tarde, porém, Onyx teve a reputação arranhada após admitir ter recebido dinheiro por caixa 2 nas eleições de 2014.
Em 2017, o parlamentar havia sido delatado por executivos da controladora do frigorífico JBS, a holding J&F. O ex-diretor de Relações Institucionais da empresa, Ricardo Saud, revelou que a JBS pagou R$ 200 mil a Onyx, via caixa 2, em 2014, na eleição para deputado federal.
Onyx fez um acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR) no qual confessou o recebimento dos valores de forma ilegal. Ele pagou uma multa de R$ 189 mil, e a investigação foi arquivada. Segundo seus advogados, o deputado “decidiu procurar as autoridades com a intenção de colaborar e dar desfecho final ao processo”.
Em 2018, durante entrevista ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes, o parlamentar mostrou uma tatuagem que fez no braço direito com os dizeres bíblicos: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertarás”.
“Eu respeito que não tem fé. Peço que respeitem a minha. Eu fiz isso para que eu nunca mais erre. Eu fiz isso para me lembrar do dia em que eu errei”, explicou o deputado.
Transição com Temer e “multiministro” de Bolsonaro
Com grande experiência na vida parlamentar, Onyx Lorenzoni passou a ter, principalmente a partir de 2018, atividades mais voltadas ao Executivo.
Após a vitória de Jair Bolsonaro, em outubro de 2018, o deputado foi escolhido pelo então presidente Michel Temer para comandar o Gabinete da Transição Governamental, com status de ministro. Àquela altura, Onyx já era muito próximo de Bolsonaro, candidato que apoiou desde o início da campanha, contrariando seu próprio partido.
No pleito de 2018, o DEM decidiu apoiar a candidatura do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (pelo PSDB, na época), que amargou a quarta colocação na corrida presidencial, com menos de 5% dos votos. Onyx foi liberado para atuar em outra frente, com Bolsonaro.
Em 2019, foi nomeado ministro-chefe da Casa Civil do novo governo, um dos cargos mais estratégicos do primeiro escalão. Bolsonaro entendia que a vasta experiência de Onyx no Congresso seria suficiente para que ele conseguisse costurar acordos políticos e facilitar a vida do Executivo.
Com dificuldades na articulação política à frente da pasta, Onyx foi transferido, em fevereiro de 2020, para o Ministério da Cidadania – encarregado, entre outras atribuições, de tocar programas sociais como o antigo Bolsa Família (que seria substituído pelo Auxílio Brasil).
Um ano depois, em fevereiro de 2021, uma nova troca de guarda no governo. O “coringa” Onyx foi deslocado para a Secretaria-Geral da Presidência, cargo que ocupou por apenas cinco meses, até julho. Por fim, Bolsonaro decidiu alojar o aliado de primeira hora no recriado Ministério do Trabalho e Previdência, no qual Onyx permaneceu até março de 2022.
Depois de ocupar quatro pastas diferentes em três anos, o ministro polivalente do governo Bolsonaro partiria para mais uma missão. A pedido do “capitão”, que precisava de um palanque forte no Rio Grande do Sul, Onyx deixou o Executivo federal para se candidatar ao Palácio Piratini.
Onyx Lorenzoni contra Eduardo Leite
De volta ao PL em 2022, após desavenças com a direção do União Brasil (partido nascido a partir da fusão entre o DEM e o PSL), Onyx Lorenzoni aceitou o desafio de Bolsonaro e se lançou candidato ao governo gaúcho. O objetivo era garantir um palanque forte para o presidente em um estado-chave do país e derrotar PT e PSDB na disputa estadual.
No primeiro turno, impulsionado pelo grande apoio a Bolsonaro no Rio Grande do Sul, Onyx disparou nas pesquisas e terminou como o candidato mais votado: mais de 2,3 milhões de votos (37,5%). O resultado não foi suficiente para liquidar a fatura na rodada inicial.
Seu adversário no segundo turno, o ex-governador Eduardo Leite (PSDB), avançou para a disputa final com muita dificuldade – apenas 2 mil votos de vantagem sobre Edegar Pretto (PT).
Depois de liderar durante a maior parte da campanha, a maré começou a virar contra Onyx no início de outubro, quando o candidato do PL fez comentários considerados homofóbicos sobre Leite. “Tenho certeza de que os gaúchos e as gaúchas entenderam que vão ter, se for da vontade deles, do povo gaúcho, um governador e uma primeira-dama de verdade, que são pessoas comuns e que têm uma missão de servir e transformar a vida dos gaúchos para melhor”, disse o ex-ministro de Bolsonaro.
As declarações, exibidas na propaganda eleitoral na TV, deflagraram uma onda de solidariedade ao tucano, por parte de personalidades e políticos de diversos partidos. Em julho de 2021, em entrevista ao programa Conversa com Bial, da TV Globo, Leite assumiu sua homossexualidade. “Neste Brasil, com pouca integridade nesse momento, a gente precisa debater o que se é, para que se fique claro e não se tenha nada a esconder. Eu sou gay. E sou um governador gay, não sou um gay governador, tanto quanto Obama nos Estados Unidos não foi um negro presidente, foi um presidente negro. E tenho orgulho disso”, disse, na ocasião.
Os ataques de Onyx na reta final da campanha repercutiram muito mal junto à opinião pública, e Leite recuperou terreno nas pesquisas, ganhou apoio público de líderes políticos de diversos partidos, entre os quais o PT, e acabou assumindo a liderança na preferência dos eleitores.
Independentemente do resultado da eleição no Rio Grande do Sul, Onyx Lorenzoni continuará contando com a confiança de Bolsonaro e o apoio de parcela significativa do eleitorado gaúcho. Se necessário, o “coringa” do presidente da República pode ser novamente escalado para ocupar um dos prédios na Esplanada dos Ministérios. Ou retomar o mandato de deputado na Câmara, que termina em 31 de dezembro de 2022.