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O Credit Suisse desaba mais de 10% na Bolsa da Suíça após o resultado abaixo do esperado pelo mercado e com o anúncio de que o banco, em crise, planeja levantar 4 bilhões de francos suíços (US$ 4,05 bilhões), cortar milhares de empregos e mudar seu foco para os clientes ricos, enquanto tenta deixar para trás anos de escândalos. Às 8h20 (horário de Brasília) desta quinta-feira (27), os ativos caíam 12,2%.
O banco também deve dar os primeiros passos para reduzir seu balanço, inchado por anos de compras de dívida e empréstimos ultrabaratos concedidos aos bancos.
A companhia registrou um prejuízo líquido no terceiro trimestre de 4,034 bilhões de francos suíços (US$ 4,09 bilhões) no terceiro trimestre de 2022, em comparação com as expectativas dos analistas de um prejuízo de 567,93 milhões de francos suíços e de um lucro de 434 milhões reportado no mesmo período de 2021.
O banco observou que a perda no 3T22 refletiu um prejuízo de 3,655 bilhões de francos suíços relacionado à “reavaliação de ativos fiscais diferidos como resultado da revisão estratégica abrangente”.
Plano de transformação
Nesse cenário, as atenções se voltam para o plano de transformação que fará com que o Credit Suisse separe seu banco de investimento em um negócio independente chamado CS First Boston e levante 4 bilhões de francos suíços em capital por meio da emissão de novas ações.
A instituição captará recursos por meio da emissão de direitos e da venda de ações a investidores qualificados, entre os quais se encontra o Banco Nacional da Arábia Saudita. Será desmembrando o banco de investimentos, separando os negócios de consultoria e mercado de capitais e com venda da maioria de suas operações de produtos securitizados para a Apollo Global Management Inc. e a Pacific Investment Management Co., a Pimco.
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O anúncio foi feito após semanas difíceis para o banco, com as ações atingindo mínimas.
O plano de recuperação tem muitos elementos, desde o corte de empregos até a reorientação dos serviços bancários para os ricos.
A empresa cortará 2.700 empregos ou 5% de sua força de trabalho até o final deste ano e reduzirá sua força de trabalho em cerca de 9.000 para cerca de 43.000 até o final de 2025.
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O banco suíço disse que também pretende separar seu banco de investimentos para criar o CS First Boston, focado em trabalhos de consultoria, como fusões e aquisições e arranjos de negócios no mercado de capitais.
O banco prevê vender uma participação, mas manter cerca de 50% no novo negócio, segundo fontes disseram à Reuters. Também está explorando a possibilidade de uma oferta pública inicial, disse outra fonte familiarizada com o assunto.
O Saudi National Bank, de propriedade majoritária do governo da Arábia Saudita, disse que investirá até 1,5 bilhão de francos no Credit Suisse para assumir uma participação de até 9,9% e poderá investir no banco de investimento.
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A medida reforça a influência saudita em um dos bancos mais conhecidos da Suíça. Olayan Group, um dos maiores conglomerados familiares sauditas, com uma carteira de investimentos multibilionária, também possui uma participação de 5% no banco.
A Autoridade de Investimentos do Catar – que detém cerca de 5% do banco suíço – se recusou a comentar se planeja comprar ações.
O Credit Suisse disse que criará uma unidade de liberação de capital para encerrar negócios não estratégicos e de alto risco, enquanto anuncia planos de vender grande parte de seus negócios de produtos securitizados para um grupo de investidores liderado pela Apollo.
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O banco também encerrará alguns negócios de negociação em mercados emergentes e ações.
Seu forte prejuízo no terceiro trimestre deveu-se em grande parte a baixas relacionadas à reforma do banco de investimento, incluindo ajustes para créditos fiscais perdidos.
Analistas do JPMorgan disseram que “permanecem pontos de interrogação” sobre a reestruturação do banco de investimento, acrescentando que a venda de ações também pesaria sobre as ações.
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A mais recente reformulação, com o objetivo de superar a pior crise do banco em sua história, é a terceira tentativa nos últimos anos de sucessivos CEOs de mudar o grupo.
(com Reuters)