O candidato do PT ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, afirmou, nesta segunda-feira (24), que seu adversário no segundo turno, o ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (PL), não teria autonomia para comandar o estado no caso de uma eventual vitória no pleito.
Em uma sabatina promovida pelos jornais O Globo e Valor e pela Rádio CBN, o ex-prefeito da capital paulista disse que Tarcísio não passa de um “joguete” do presidente da República na eleição estadual.
“Ele é um joguete do presidente. Vai fazer o que Bolsonaro mandar”, afirmou o petista. “Ele queria ser candidato a governador de Goiás. De repente, aluga casa do cunhado, simula uma locação e vira candidato a governador.”
Na entrevista, o ex-ministro da Educação demonstrou otimismo em relação às suas chances de vitória no domingo (30). Segundo as pesquisas de intenção de voto dos principais institutos, Tarcísio lidera a corrida eleitoral em São Paulo.
“Estamos muito perto de virar essa eleição. E eu quero fazer uma aliança com o centro, isolando o Centrão”, disse Haddad, que afirmou ainda que partidos como PL, PP e Republicanos sempre foram “coadjuvantes” na política brasileira, mas hoje estão “comandando e destruindo o país”.
Em relação à dificuldade do PT de conquistar votos no interior paulista, Haddad lembrou que historicamente o partido sempre enfrentou resistência fora da região metropolitana.
“Em 40 anos, nós participamos de 11 eleições com candidato próprio. E é apenas a segunda vez em que nós vamos para o segundo turno. E a primeira em que a gente vai para o segundo turno competitivo”, disse. “Em 2002, não estávamos competitivos, mesmo com Lula tendo ganhado em São Paulo”, completou.
Há 20 anos, o candidato do PT ao Palácio dos Bandeirantes foi José Genoino, que acabou derrotado pelo então tucano Geraldo Alckmin (hoje candidato a vice na chapa de Lula) no segundo turno.
O caso Roberto Jefferson
Fernando Haddad também foi questionado sobre a detenção do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), aliado de Bolsonaro. No domingo (23), o ex-parlamentar reagiu violentamente à ordem de prisão determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Jefferson fez uma série de disparos de fuzil e lançou granadas contra os agentes da Polícia Federal (PF) que tentavam cumprir o mandado, antes de ser detido.
Segundo Moraes, o ex-deputado descumpriu medidas determinadas pela prisão domiciliar que cumpria. Na semana passada, Jefferson gravou um vídeo em que ofende a ministra Cármen Lúcia, do STF.
Para Haddad, o ataque de Jefferson foi “planejado” e uma “tentativa de desviar a atenção” dos reais problemas do país.
“Bolsonaro vive de crise, não vive de governar. Ele depende desse tipo de evento para sobreviver politicamente. Toda semana acontece alguma coisa inusitada”, afirmou Haddad.