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O governo da Argentina anunciou, na última terça-feira (11), a criação de mais duas novas “versões” do dólar, de modo a controlar a circulação de divisas em meio à persistente crise econômica. Tratam-se dos chamados “dólar Coldplay”, de forma a auxiliar o setor cultural, e o “dólar Qatar“, para evitar a saída de divisas do país.
A primeira “modalidade” da divisa americana foi batizada com esse nome em homenagem à banda britânica que em breve fará 10 shows no país. Ela é parte de um acordo com o setor cultural, que poderá ter acesso à moeda estrangeira a um preço mais baixo, de forma a incentivar a ida de artistas internacionais.
Cotado ao redor de 200 pesos, o “dólar Coldplay” tem um valor menor que o cerca de 280 pesos do conhecido dólar “blue”, considerado a “versão clandestina” do dólar oficial.
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A paridade estabelecida tem como objetivo permitir que os empresários do setor cultural sigam com suas atividades e movimentam a máquina de empregos do segmento.
Por outro lado, a segunda modalidade (dólar Qatar) recebeu esse nome em referência ao país-sede da Copa do Mundo de 2022 e leva em conta as projeções de maiores gastos dos viajantes argentinos no exterior, sendo enquadrado na categoria de “dólar para turistas”.
Ele será aplicado ao consumo acima de US$ 300 em cartões de crédito e débito, a uma taxa de 300 pesos por dólar. O governo encareceu as taxas do cartão para uso fora do país ao aplicar uma taxa de 45% para compra no estrangeiro. Para compras de artigos de luxo, haverá um acréscimo de 25%.
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A ideia com a oneração dos pagamentos com cartão de crédito é fazer com que os argentinos que viajam usem cédulas de dólar (que muitos mantêm em casa ou em cofres). Assim, evitam que os turistas busquem o Banco Central para comprar moeda para viajar, o que diminui a reserva em dólar do país.
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“Tomamos esta medida porque recebemos reclamações de setores da economia e porque queremos cuidar das reservas para a produção e a geração de emprego. Para isso, precisamos evitar a fuga de divisas”, disse Carlos Castagneto, titular da Afip (a Receita Federal argentina) em entrevista na véspera. E complementou: “Não estamos proibindo a compra de bens ou de pacotes turísticos, apenas encarecendo o valor do dólar para proteger nossas reservas”.
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A medida, de acordo com projeções do governo, terá impacto sobre 200 mil pessoas que fazem uso regular do cartão de crédito em viagens ao exterior. A medida já começa a valer para compras realizadas nesta quarta (12).
Agora, a Argentina tem 14 tipos de dólar em vigor oficialmente, como o “dólar Netflix”, o “dólar cripto”, entre outros.
O país sul-americano tem sofrido recorrentemente com a alta da inflação (a uma taxa anualizada de 78%) e escassez de reserva internacional em dólar. A diferença entre a cotação oficial do peso argentino, de cerca de 150 pesos, e do dólar conhecidos como “blue” (cerca de 282 pesos), é de quase 90%.
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A Argentina tem uma política de restrição de compra de dólares em vigor desde 2018, sendo que poucos setores da economia (geralmente ligados a bens de capital e de insumos industriais) têm acesso ao dólar pela cotação oficial.
Os setores privados e a população geral podem comprar o dólar a valores oficiais em um limite de US$ 200 por mês.