Real digital não vai acabar com o Pix, diz diretor do Banco Central

"O real digital vai dar esse passo a mais para uma economia mais digital, descentralizada", disse

Rodrigo Tolotti

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Em fase inicial de testes, o real digital, quando entrar em pleno funcionamento, previsto para 2023, não vai acabar com o Pix, assim como o atual sistema de pagamentos rápidos também não será um problema para a moeda digital brasileira, afirmou Aristides Cavalcante, chefe de Segurança Cibernética e Inovação Tecnológica do Banco Central.

Durante o evento Fintouch 2022, promovido pela Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), o diretor do BC explicou que as duas plataformas buscam resolver problemas diferentes, sendo, portanto, complementares.

“O real digital vai dar esse passo a mais para uma economia mais digital, descentralizada”, disse ele explicando que a ideia é resolver pontos que o Pix hoje não consegue.

Cavalcante citou ainda que o Banco Central acompanha os trabalhos envolvendo outras moedas digitais de bancos centrais (CBDCs), como Suécia e China, mas que nesses casos, os governos estão olhando para estruturas de pagamentos instantâneos. “Mas esse não é nosso caso porque já temos o Pix, mesmo assim vimos uma oportunidade na tecnologia”, afirmou.

Rodrigoh Henriques, diretor de inovação da Federação Nacional de Associações dos Servidores do Banco Central (Fenasbac) complementa que o que está sendo feito é o modelo da moeda digital brasileira e que ela não será uma cópia de outra moeda, mas que o desafio é entender como ela se encaixa junto com o Pix.

“Nós criarmos uma moeda digital, assumimos valor pra ela, está tudo certo. Mas esses experimentos não tendem a escalar tão bem numa sociedade. Todo experimento é assim”, explicou Henriques. “Achamos tudo lindo, a tecnologia funciona, mas pensamos qual o caso de uso?”.

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Segundo ele, o desafio nesse momento não é mais tecnológico, mas de aplicação, de conseguir resolver as questões que surgem no dia a dia. Diante disso, ele comentou que o real digital será pensado em ser como “3 ou 4 CBDCs em uma só”, podendo ser usado para diferentes soluções, não só como pagamento, mas acesso à crédito, por exemplo, e outros pontos.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.