As 10 maiores altas e baixas de ETFs em agosto; fundos de small caps lideram ganhos

Fundos de criptomoedas registraram as maiores perdas do mês, chegando a superar 20%

Katherine Rivas

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Os ciclos de aperto monetário no Brasil e nos Estados Unidos tiveram forte impacto no desempenho dos ETFs (fundos de índice) em agosto.

A percepção dos investidores de que a alta dos juros chegou ao fim no Brasil fez com que ETFs ligados a teses de small caps (empresas com menor valor de mercado) apresentassem ganhos na Bolsa de até 11,66% no mês, coroando-se como destaques.

Na contramão, uma postura recente mais hawkish (tendendo ao aperto monetário) de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), pressionou os desempenhos dos ETFs de criptomoedas, que despencaram até 23,33%, liderando as maiores quedas de agosto. Os fundos de criptoativos foram do céu ao inferno em um mês. Em julho, figuravam entre as maiores altas da indústria.

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No balanço de ETFs de agosto, o InfoMoney apresenta os fundos de índice com melhor desempenho e os que mais desvalorizaram, segundo levantamento a partir de dados da plataforma Economatica.

Os dez ETFs da B3 com melhor desempenho em agosto

ETF Desempenho em agosto de 2022
SMAL11 11,66%
SMAC11 11,49%
XMAL11 10,97%
SMAB11 10,79%
TECB11 10,73%
TRIG11 10,40%
FIND11 9,80%
ECOO11 7,83%
ESGB11 7,72%
ELAS11 7,48%

Fonte: Economatica 

Hora das small caps brilharem

Entre os dez melhores desempenhos, os quatro que figuraram no topo do ranking são ETFs de small caps, que replicam a carteira do Índice Small Cap da B3. Até agosto, ele era composto por 139 ações. O ETF com o melhor desempenho em agosto foi o SMAL11, que teve alta de 11,66%.

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Felipe Paletta, sócio-fundador e analista da Monett, explica que com o mercado prevendo o fim do ciclo de alta da Selic no Brasil, as small caps foram beneficiadas, dado que muitas delas estavam descontadas porque parte relevante do seu valor está no seu desempenho futuro. “A queda futura das taxas de juros já beneficia bastante o valuation [avaliação] destas empresas”, diz. “Geralmente associamos small caps a uma maior taxa de crescimento, o que favoreceu a recuperação dos ativos e os ETFs”.

Além da recuperação das small caps como um todo, Paletta destaca a disparada de ativos específicos. É o caso de Cielo (CIEL3), que já saltou 143,43% neste ano. Embora tenha uma participação pequena (de 1,27%)  no Índice Small Caps da B3, contribuiu com seu desempenho. Além da Cielo, M. Dias Branco (MDIA3) também reforçou a alta dos fundos de índice, segundo o analista.

Paletta afirma que a tendência para os próximos meses é a normalização deste movimento nas small caps, por se tratar de teses que maximizam os retornos da Bolsa. “Se tem no mercado uma expectativa de Bolsa para cima, ETFs como SMAL11, SMAC11, XMAL11, SMAB11 vão trazer para o investidor uma rentabilidade maior”, cita.

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Na visão de Leonardo Maranhão, especialista de índices da FTSE Russell, a alta dos ETFs de small caps pode ter sido fruto da maior diversificação do índice replicado, que dá um peso maior para empresas de consumo e indústria, que também tiveram valorização relevante em agosto, acima de setores como o financeiro.

Mas o resultado só foi favorável para ações de empresas brasileiras. Maranhão explica que tanto o índice Russell 1000, que reúne blue chips (empresas de grande porte) dos Estados Unidos, quanto o índice Russell 2000, formado por small caps americanas, tiveram retorno negativo. “ETFs de exposição internacional não figuram entre os destaques do mês”, completa.

Apesar da recuperação no mercado brasileiro, Maranhão aponta que ainda há incertezas e um cenário global volátil, dada a política monetária do Fed e a falta de resolução da guerra na Ucrânia. “É importante ter cautela. Uma carteira bem diversificada, baseada nos objetivos, prazos e perfil de risco do investidor, continua sendo a melhor forma de enfrentar momentos como este”, comenta.

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Os dez ETFs da B3 com pior desempenho em agosto

ETF Desempenho em agosto de 2022
QDFI11 -23,33%
DEFI11 -17,87%
BITH11 -15,84%
QBTC11 -15,58%
HASH11 -13,83%
BLOK11 -13,60%
WEB311 -12,93%
CRPT11 -12,56%
NFTS11 -11,82%
DNAI11 -9,20%

Fonte: Economatica 

O limbo dos ETFs de criptoativos

Os ETFs de criptomoedas reagiram, em agosto, ao cenário adverso da política monetária nos Estados Unidos. Helena Margarido, analista de criptomoedas da Monett, explica que após o discurso de Powell, presidente do Fed, em Jackson Hole na sexta-feira (26), sinalizando um aumento maior nas taxas de juros americanas, os criptoativos voltaram a despertar receio nos investidores e muito dinheiro acabou saindo do  mercado.

“Nas últimas duas semanas, o mercado de criptomoedas perdeu mais de 13% em valor de mercado. O Bitcoin sofre, mas geralmente quando isso ocorre, sofrem mais as altcoins ou criptomoedas alternativas”, destaca Helena.

Segundo ela, esse movimento acabou afetando tokens de DeFi (finanças descentralizadas), o que explicaria porque ETFs do segmento – como QDFI11 e DEFI11 – lideraram as quedas de agosto, recuando 23,33% e 17,87%, respectivamente.

Felipe Fernandez, analista de criptomoedas da VG Research, destaca que além das incertezas macroeconômicas, esta classe de ativos tem enfrentado alguns problemas de segurança. Ele cita que recentemente o FBI (Federal Bureau of Investigation) americano alertou para que os investidores tivessem cautela ao negociar criptomoedas através destes protocolos.

O FBI também pediu às plataformas de finanças descentralizadas que reforcem as medidas de segurança. O alerta ocorre em meio a diversos ataques relevantes neste ano em plataformas DeFi, que não usam terceiros para realizar transações financeiras na blockchain – incluindo o hack da Ronin Network (RON), focada em jogos, de quase US$ 650 milhões.

Além dos ETFs de DeFi, os fundos de índice que replicam o preço do Bitcoin, tais como BITH11 e QBTC11 também estavam entre as maiores quedas, com baixa de 15,84% e 15,58%, respectivamente.

Fernandez acredita que a queda está relacionada à proposta da criptomoeda, de ser uma reserva de valor e com correlação negativa sobre a valorização do dólar. “Historicamente quando o dólar se aprecia, o Bitcoin não tem performance muito boa”, afirma. Na visão dele, com as taxas de juros nos EUA subindo, o investidor busca o dólar como porto seguro até ter certeza do cenário macroeconômico.

Helena, da Monett, cita ainda rumores envolvendo a extinta exchange de criptomoedas MT.Gox, e a possibilidade de esta despejar 140 mil Bitcoins no mercado para ressarcir os credores. “Isso aumentaria muito a oferta e, com uma demanda constante, faria o preço do Bitcoin ir para baixo. O mercado entrou em pânico”, comenta.

Apesar do cenário adverso, a analista acredita que esse ciclo de queda dos criptoativos esteja próximo do fim. “A minha grande aposta é que agora é um bom momento de compra. Alguns ETFs de criptomoedas estão extremamente descontados, mas ano que vem será muito melhor para as criptos”, destaca.

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Radar da indústria

Segundo um estudo divulgado pela B3, sobre a evolução dos investidores pessoa física no segundo trimestre de 2022, o número de investidores de ETFs saltou 22% ano contra ano, totalizando 536 mil CPFs. Em contrapartida, o valor custodiado caiu 15%, para R$ 8 bilhões.

Arthur Maria do Valle, fundador da Trendset e associado à OhmResearch, destaca que apesar do número de investidores apresentar avanços em relação à 2021, notam-se poucos lançamentos de ETFs.

Valle chama a atenção para o fato de que em agosto apenas um ETF estreou no mercado. Foi o PEVC11, da gestora Investo, um ETF focado em private equity que segue o índice BlueStar Top 10 US Listed Alternative Asset Managers Index (BUALT). Segundo o especialista, este índice visa acompanhar o desempenho das dez maiores e mais líquidas gestoras de ativos alternativos listadas no mercado americano. “A taxa de administração é de 0,70% ao ano e o ETF está sujeito à variação cambial”, aponta.

Na visão do fundador da Trendset, as gestoras podem estar adiando o lançamento de novos ETFs esperando uma visibilidade maior sobre o futuro da inflação e das taxas de juros, ainda crescentes nas principais economias do mundo. Contudo, ele destaca que mais de 20 ETFs estão em fase pré-operacional, esperando ser lançados, segundo dados da Quantum.

Confira abaixo a lista de novos ETFs em fase pré-operacional:

ETFs em fase pré-operacional Benchmark Gestoras
TREND ETF BIOTECHNOLOGY NASDAQ FUNDO DE ÍNDICE – XBIO11 Nasdaq Biotechnology XP Asset Management
TREND ETF MSCI INDIA FUNDO DE ÍNDICE INVESTIMENTO NO EXTERIOR – INDA11 MSCI India XP Asset Management
TREND ETF NASDAQ WATER RESOURCE FUNDO DE ÍNDICE – H2OO11 Não informado XP Asset Management
TREND ETF CRSP U.S. LARGE CAP GROWTH FUNDO DE ÍNDICE – USAG11 CRSP U.S. Large Cap Growth XP Asset Management
TREND ETF PHLX SEMICONDUCTOR FUNDO DE ÍNDICE – SEMI11 PHLX Semiconductor Index XP Asset Management
TREND ETF FTSE GLOBAL REITS FUNDO DE ÍNDICE – WRET11 FTSE EPRA Nareit Global REITs Index XP Asset Management
TREND ETF NASDAQ NEXT GENERATION 100 FUNDO DE ÍNDICE – XGEN11 Nasdaq Next Generation 100 Index XP Asset Management
TREND ETF FTSE CHINA TECHNOLOGY FUNDO DE ÍNDICE – XTEC11 Não informado XP Asset Management
TREND ETF CRSP U.S. LARGE CAP VALUE INVESTIMENTO NO EXTERIOR – USAV11 CRSP U.S. Large Cap Value XP Asset Management
SAFRA RENDA FIXA PRÉ 5+ FUNDO DE ÍNDICE – SFPR11 S&P/B3 Futuros de Taxa de Juros – DI 5 a 10 anos Safra Asset Management
QR CF WEB 3.0 INFRAESTRURA BLOCKCHAIN INVESTIMENTO NO EXTERIOR – QWEB11 Não informado QR Asset Management
MAGNETIS TEVA AÇÕES AGRONEGÓCIO ETF FUNDO DE ÍNDICE – AGPL11 Teva Ações Agronegócio Magnetis Investimentos
BITCOIN ETC KARDINAL FUNDO DE ÍNDICE INVESTIMENTO NO EXTERIOR – BTCE11 BTCetc Bitcoin Exchange Traded Crypto Kanastra
INVESTO MARKETVECTOR BRAZIL DOMESTIC EXPOSURE ETF FUNDO DE ÍNDICE – BDOM11 MarketVector Brazil Domestic Exposure BRL Investo
INVESTO MARKETVECTOR BRAZIL SMALL CAP VALUE ETF FUNDO DE DE ÍNDICE – SCVB11 MarketVector Brazil Small-Cap Value BRL Investo
INVESTO BLUESTAR US LISTED EBROKERS AND DIGITAL CAPITAL MARKETS INDEX ETF – EBRK11 BlueStar US Listed EBrokers and Dig Cap Mkts Investo
INVESTO MARKETVECTOR BRAZIL GLOBAL EXPOSURE ETF FUNDO DE INVESTIMENTO DE ÍNDICE – BXPO11 MarketVector Brazil Global Exposure BRL Investo
INVESTO FTSE US ALL CAP CHOICE ETF INVESTIMENTO NO EXTERIOR FUNDO DE ÍNDICE – ESGG11 FTSE US All Cap Choice Investo
INTER EQI TEVA ETF BOLSA SEM ESTATAIS FUNDO DE ÍNDICE – NOGV11 Bolsa Sem Estatais Inter Asset
INTER EQI TEVA ETF BOLSA ESTATAIS FUNDO DE ÍNDICE – PUBL11 Bolsa Estatais Inter Asset
BTG PACTUAL IFIX L MAX LIQUIDEZ FUNDO DE ÍNDICE – IFIB11 IFIX L BTG Pactual Asset Management
BTG PACTUAL NASDAQ LATAM TECH FUNDO DE ÍNDICE – LATB11 Não informado BTG Pactual Asset Management
ETF BRADESCO IBX FUNDO DE ÍNDICE – IBXB11 IBX Bradesco Asset Management

Fonte: Quantum Finance

“A maioria destes ETFs seguirão índices internacionais específicos. São ETFs de países como Índia, de criptomoedas, de real estate, de biotecnologia ou de semicondutores”, comenta.

Valle avalia estes possíveis lançamentos como positivos, mas sente falta de ETFs amplos que repliquem índices internacionais. “Estudos mostram que ETFs específicos não necessariamente desempenham melhor que ETFs de índices amplos, com centenas ou milhares de empresas, e com taxas de administração realmente baixas”, aponta.

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Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.