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SÃO PAULO – O descontentamento pós-eleição presidencial não passou despercebido no mercado brasileiro de investimentos. Desgostosos com a política econômica do País, alguns investidores miram aplicações no exterior, mas não sabem ao certo onde podem conseguir melhor retorno financeiro em um ambiente estável e seguro. Este é o público principal que Luxemburgo quer atrair. Situado em uma localização estratégica na Europa, entre a Bélgica, Alemanha e a França, o país é o principal centro financeiro na gestão de fundos de investimento e banca privada.
Um dos menores países-membro da União Europeia, Luxemburgo tem apenas 2.586 km², com uma população em torno de 524 mil habitantes. Com um mercado nacional inevitavelmente restrito, o Grão-Ducado procurou se especializar nas zonas comerciais e oferece hoje uma vasta praça financeira – que tem atraído, cada vez mais, investidores de todo o mundo.
Atualmente, Luxemburgo tem a maior indústria de fundos da Europa e a segunda maior do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Com 3.900 fundos de investimentos e mais de 3 trilhões de euros de ativos líquidos sob gestão, o país representa quase 30% do mercado de fundos dos países europeus. Bem atrás, com 1,5 trilhão de euros em ativos, aparece a França, com 14,7% do mercado. O país também reúne 149 bancos de 27 países e tem 300 bilhões de euros sob gestão no private banking.
Segundo relatório da LFF (Luxembourg for Finance), agência para o desenvolvimento do centro financeiro de Luxemburgo, o país se tornou o centro de distribuição internacional de fundos de investimentos mais importante do mundo, uma espécie de prateleira para quem quer investir em outros países. Estudo da PwC mostra que 72% dos fundos de investimentos comercializados a nível internacional são domiciliados em Luxemburgo.
Isso acontece porque, ainda segundo o estudo, o país oferece um enquadramento legal e regulatório com grande flexibilidade na concepção de produtos financeiros. “Em uma única entidade jurídica, os fundos de fundos (umbrella funds ou multi-compartment funds) podem lançar inúmeros subfundos, que por sua vez funcionam como instrumentos de investimento coletivo independente, com sua própria política de investimento, suas cotas próprias e investidores próprios”, diz o relatório da LFF.
Como cada fundo e cada subfundo pode lançar diversas classes de cotas apresentando, por exemplo, diferentes estruturas de comissão, é possível criar produtos de investimento sob medida para atender às exigências e preferências de determinados mercados ou grupos de clientes específicos.
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Além da base jurídica propícia para o comércio, Luxemburgo oferece uma economia estável, com elevado grau de proteção dos investidores, de acordo com a vice-diretora geral da ALFI (Association of the Luxembourg Fund Industry), Anouk Agnes. Ela acrescenta que Luxemburgo é um dos poucos países europeus que continua com a classificação AAA.
Lá também é possível encontrar as principais gestoras do mundo, como BlackRock, HSBC, Franklin Templeton, JP Morgan, BNP Paribas, Deutsche Bank, Goldman Sachs, entre outras. A indústria de fundos do país é dividida em heage fund, fundo de headge fund, fundo de risco e fundo imobiliário.
“Brasileiros ainda investem muito no Brasil”
Apesar de atrair investidores de todo o mundo, como Estados Unidos, Reino Unido, China, Itália, França, Bélgica, entre outros países, Luxemburgo ainda tem uma baixa procura por brasileiros, segundo Agnes. “O Brasil tem uma grande indústria [de fundos], mas ainda não tão explorada. Há muitas oportunidades, como em outros países da América Latina. Peru e Chile, por exemplo, têm maior participação que o Brasil”, conta a executiva.
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Isso acontece porque, continua Anouk, os brasileiros ainda investem muito no Brasil. “Muitos têm dinheiro e querem investir fora, mas não sabem como e em qual país. Essa é a nossa principal missã no Brasil”, disse a vice-diretora. O presidente da ALFI, Marc Saluzzi, estará presente em um evento realizado pela LFF no Rio de Janeiro e em São Paulo, respectivamente, na próxima segunda e terça-feira, dias 17 e 18.
Questionada sobre os custos para investir em fundos de Luxemburgo, Anouk conta que taxas e impostos são negociados nos países dos investidores. Portanto, os brasileiros que pensam em aplicar em um fundo de lá, pagarão taxas e impostos estabelecidos no Brasil pelas instituições brasileiras (gestoras, bancos, etc). “Já os custos dos fundos daqui costumam ser um pouco altos. Você paga pelos serviços, pela regulação e alta proteção ao investidor.”
Como o país é uma espécie de prateleira, a grande vantagem é que é possível investir em fundos de todo o mundo em Luxemburgo. “Se tornou uma referência para quem quer investir em outros países”, disse Anouk.
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A repórter viajou para Luxemburgo a convite da Luxembourg for Finance.