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Passada a temporada de resultados e com um cenário ainda de forte volatilidade para as commodities, analistas de mercado têm revisado as suas estimativas para ações de diversos setores.
Nos últimos dias, diversas mudanças de recomendações têm ganhado destaque. O Bradesco BBI reduziu a recomendação para ações de papel e celulose, enquanto JPMorgan elevou para shoppings, de olho na queda da Selic. Já o Credit Suisse reduziu recomendações de ações ligadas ao crescimento.
Bradesco BBI rebaixa Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11)
O Bradesco BBI reduziu as recomendações para as ações das principais companhias de papel e celulose brasileiras. Os analistas destacaram que tem sido um ano difícil para as ações de papel e celulose da América Latina, que surpreendentemente tiveram um desempenho inferior ao de outras commodities.
O banco acredita que as ações do setor provavelmente não terão um bom desempenho em um ambiente de queda de preços de papel e celulose. Os analistas esperam um cenário de queda das commodities do segmento em meio a fundamentos de oferta e demanda mais fracos.
Além disso, apontam os analistas, os investidores também têm recompensado os altos pagadores de dividendos, que o setor geralmente não tem.
Assim, BBI rebaixou a Suzano de outperform (equivalente à compra ) para underperform (equivalente à venda) e reduziu preço-alvo de R$ 80 para R$ 56, o que implica em potencial de alta de 13,1% frente a cotação de fechamento de terça-feira de R$ 49,51.
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O banco também rebaixou sua recomendação da Klabin de outperform para neutro, com preço-alvo passando de R$ 37 para R$ 27, o que representa potencial de alta de 31% em relação a cotação de fechamento de terça-feira de R$ 20,61.
A Klabin passa a ser agora o nome preferido do BBI entre os ativos do setor, dada a resiliência dos resultados e a menor exposição direta aos preços da celulose. A empresa também está aumentando os projetos de crescimento em 2023, o que deverá contribuir para a geração de caixa e para a dinâmica de lucros, avaliam os analistas.
“Finalmente, a Klabin também oferece maiores rendimentos em dividendos em relação aos seus pares, cerca de 6 a 7% em
2023 e 2024”, apontam.
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Para Suzano, enquanto continuam a ver um bom valor a longo prazo, pensam ser provável que as ações tenham um desempenho fraco nos próximos 6 a 12 meses.
Olhando para o cenário macro, os analistas do BBI apontam que os preços de celulose começarão a cair em breve e projetam um excesso de oferta de 1,1 milhão de toneladas em 2023 e de 2,1 milhões de toneladas em 2023.
“Estávamos menos preocupados com a dinâmica do mercado de celulose para 2023, mesmo em um ambiente de oferta em alta, pois estávamos mais construtivos sobre a demanda europeia e chinesa. No entanto, agora estamos incorporando um ambiente macro mais desafiador na Europa, enquanto a demanda chinesa continua nebulosa e pode ser suportada apenas por algum reabastecimento”, avaliam.
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Dito isso, incorporaram uma queda de US$ 250 a tonelada no preço da celulose de fibra curta em seu modelo até o final de 2023 (atingindo US$ 610 a tonelada no ano que vem e média de US$ 690 a tonelada) e uma baixa adicional de US$ 110 a tonelada em 2024 (atingindo US$ 500 a tonelada em 2024 e com média de US$ 540).
Credit rebaixa Locaweb (LWSA3)
O Credit Suisse elevou preço-alvo para Locaweb de R$ 9,50 para R$ 11, potencial de valorização de 6% frente a cotação de fechamento de terça-feira (23) de R$ 10,36, após forte crescimento de receitas no segundo trimestre. No entanto, o banco suíço rebaixou a ação de outperform para neutra por motivos de valuation, depois que as ações subiram 79% nos últimos 30 dias.
A equipe de research do Credit Suisse mantém uma visão estrutural muito positiva sobre as perspectivas da empresa. No entanto, avalia que o preço atual das ações está esticado.
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Os analistas elevaram em 2% a estimativa para a receita em 2022 e e em 4% para 2023, mantendo as premissas de vendas de mercadorias brutas (GMV, na sigla em inglês).
A maior receita vem do resultado de crescimento muito forte Bling (ERP), Melhor Envio (Logística) e Vindi (Pagamentos) assim como uma leitura positiva de Squid no trimestre. Os analistas veem como um fator positivo o fato da companhia não depender só do crescimento de e-commerce, tendo outras alavancas.
“Além disso, nos chamou a atenção o crescimento da plataforma de e-commerce da Locaweb em 10% quando o mercado em geral caiu 4%, reforçando nossa visão de um produto bastante competitivo por parte da Locaweb. As margens devem voltar pra um nível de 20%, mas deve demorar alguns anos. A sinergia de fusões e aquisições recentes deve demorar 3 anos”, avalia.
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JPMorgan eleva brMalls (BRML3) e Iguatemi (IGTI11)
Em relatório, o JPMorgan destaca que ainda vê a Selic como o próximo grande catalisador do setor de shoppings centers e acredita que cada vez mais mais investidores começarão a precificar uma taxa de juros mais baixa no setor com a proximidade do ciclo de flexibilização previsto para começar no segundo trimestre de 2023.
Segundo os analistas, as taxas mais baixas beneficiariam o setor de duas maneiras: (i) assumindo que as taxas reais possam voltar a níveis de janeiro de 2020, o setor poderia negociar novamente a um múltiplo de cerca de 22 vezes o preço (P) sobre o fluxo de caixa operacional (FFO), ou P/FFO, representando upside (potencial de valorização) de 75% frente aos múltiplos atuais de cerca de 12,5 vezes; e (ii) a queda em 0,5 ponto da Selic pode levar a um aumento de FFO para 2023 entre 1,5% e 3%s. Além disso, o banco lembra que os shoppings têm entre 75% e 87% de sua dívida atrelada a taxas flutuantes, sendo a IGTI a mais exposta.
O JPMorgan atualizou suas recomendações para Iguatemi (IGTI11) considerando um valuation atraente, com as ações sendo negociadas com 15% de desconto, o fraco desempenho dos ativos neste ano, e “riscos” de alta nas projeções de lucro devido à maior exposição à redução da Selic. O Iguatemi é a segunda empresa do setor na ordem de preferência do JPMorgan, atrás apenas de Multiplan (MULT3). O preço-alvo para as units IGTI11 é de R$ 27,00, um potencial de alta de 32% frente o fechamento da véspera.
Para brMalls, à luz da aprovação da fusão pelos acionistas da companhia e da Aliansce Sonae (ALSO3) no último dia 8 de junho, analistas do banco incorporam os termos do acordo no preço-alvo de dezembro de 2023. Dessa forma, o preço-alvo passou de R$ 11,50 para R$ 12,50, o que representa upside de 44,3% em relação ao preço de fechamento de terça-feira (24) de R$ 8,66.
O time de análise do banco pressupõe uma relação de troca de ações de 0,39857 ação ALSO3 para cada ação BRML3 e um pagamento à vista de R$ 1,51 por ação da BRML3 ajustado pela Selic.
Além disso, analistas ressaltam que a “brMalls está atualmente sendo negociada com um desconto de 2,0% em relação às suas preço de incorporação de R$ 8,83 no último fechamento (23 de agosto), tornando-o mais atrativo para os acionistas operarem a operação por meio da BRML3 em vez de ALSO3”.
Credit eleva preço-alvo de Ambev (ABEV3)
O Credit Suisse elevou o preço-alvo para a ação ABEV3 de R$ 16,50 para R$ 18, um potencial de alta de 16,6% frente o fechamento da véspera e mantendo recomendação outperform. A elevação do target ocorreu para incorporar os resultados melhores do que o esperado na primeira metade do ano, aumentando a projeção de Ebitda e lucro por ação para 2022/2023 em 9% e 16%, respectivamente.
“O papel costumava negociar com um prêmio de cerca de 20% em relação a uma cesta high-quality, mas agora negocia com um desconto de cerca de 32%. Além disso, a dinâmica forte de receita combinado com uma perspectiva de custo mais favorável em 2023 suportam uma visão mais construtiva, especialmente para investidores com um horizonte de investimento mais curto”, apontam os analistas. O Credit vê o papel negociando 30% abaixo de sua media histórica e assim reitera recomendação outperform dada a assimetria injustificada entre fundamentos sólidos e valuation descontado.
O Credit destaca a excelente execução da empresa e mudança de mentalidade fundamental, enquanto a percepção é de que os investidores estão olhando para o copo “meio vazio”, focando na pressão de margens. “Embora concordemos que é importante recuperar margens, também reconhecemos que a Ambev esta passando por uma transformação digital e cultural, e assim o novo patamar de margens sustentáveis deve ser estruturalmente diferente do que era no passado. Dito isso, acreditamos que é uma questão de tempo ate que as margens e o ROIC [retorno sobre o capital investido] se recuperem”, avaliam os analistas.
BBA retoma cobertura de bens de capitais; Marcopolo (POMO4) é top pick
O Itaú BBA retomou a cobertura para bens de capitais com visão positiva do setor, com base no momentum de melhoria de lucros (normalização gradual da cadeia de suprimentos, principalmente semicondutores, aliviando gargalos de produção; preços de commodities em queda, favorecendo margens) e valuation deprimido (o setor está próximo do nível mais baixo em quase uma década em termos de EV/Ebitda, ou valor da firma sobre Ebitda), que somados se traduzem em uma assimetria atraente para algumas das ações.
“As ações de bens de capital sofreram na comparação com o Ibovespa nos últimos 12 meses devido ao aumento do custo de capital e maior percepção de risco resultante da escassez de semicondutores e desaceleração econômica global”, explicam analistas.
O banco tem recomendação outperform para a Marcopolo (POMO4) com preço-alvo de R$ 3,40 por ação, Fras-le (FRAS3) com preço-alvo de R$ 16 por ação e Tegma (TGMA3) com preço-alvo de R$ 22 por ação. A recomendação é market perform (desempenho em linha com a média do mercado, equivalente à neutra) para Randon (RAPT4), com preço-alvo de R$ 12 por ação, Tupy (TUPY3) com preço-alvo de R$ 31,50 por ação, e Iochpe Maxion (MYPK3) com preço-alvo de R$ 18 por ação.
Marcopolo é a top pick do setor pelo BBA. “A melhora da demanda e um mix mais interessante já se materializaram nos números do 2T22 da Marcopolo. Em nossa opinião, esses ventos favoráveis devem continuar, resultando em maior alavancagem operacional e maior lucratividade”, avaliam os analistas. Eles também são otimistas com Tegma e Fras-le devido à recuperação de veículos transportados para o primeiro e ao modelo de negócios resiliente do segundo.
Dotz (DOTZ3): rebaixada pelo Credit, com preço-alvo cortado em 86%
Na véspera, o Credit Suisse rebaixou a recomendação para as ações de Dotz de outperform para neutro e reduziu o preço-alvo de R$ 22 para R$ 3 (uma queda de 86%). Houve uma redução nas estimativas de receita para 22 em 49%, enquanto houve um aumento de custo de capital de 14,5% para 18,3%.
A tese de Dotz se baseia na ideia de que a empresa poderá expandir a monetização de seus 53 milhões de usuários de fidelidade por meio de suas plataformas de marketplace e techfin. E neste sentido, os sinais indicam que a Dotz vai na direção certa, com marketplace e techfin respondendo por 20% do faturamento total no 2Q22 (versus 16% no 2Q21) e um aumento na Receita Média por Usuário (ARPU).
Porem, apesar dos bons resultados, após um ano de altos investimentos desde o IPO, os analistas esperavam que os novos segmentos ganhassem força em um ritmo mais acelerado do que foi visto.
O Credit ainda destaca que o market cap da companhia de R$ 350 milhões está apenas R$ 110 milhões acima de sua posição de caixa líquido no segundo trimestre.
“O negócio de fidelidade da Dotz costumava ser positivo para o fluxo de caixa, e seu valor justo provavelmente mais do que justificaria o market cap atual da Dotz. Porém, como a Dotz usa seus recursos de caixa para desenvolver novos negócios, acreditamos que seu valor da firma possa continuar pressionado ate que apareçam sinais mais claros de aceleração do crescimento. O ritmo de engajamento dos usuários aparece como principal variável para o case”, apontam os analistas.
Banco do Brasil (BBAS3): elevação do preço-alvo pelo BBA
O Itaú BBA elevou o preço-alvo para a ação do Banco do Brasil de R$ 44 ao final de 2022 para R$ 53 ao final de 2023, destacando que a instituição financeira estatal relatou um de seus trimestres mais fortes já registrados no segundo trimestre – e os analistas não acham que pare por aí.
“Desta forma, resolvemos aumentar nossa projeção de lucro líquido para 2022 e 2023 em 16% e 24%, respectivamente, levando a um retorno sobre capital próprio (ROE) de cerca de 20%. Assim, reiteramos recomendação de compra para BBAS3”, avaliam.
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