Eletrobras (ELET3) quer avançar em mudanças após capitalização e vê otimização de gastos como prioridade

Em teleconferência com analistas, atual presidente da companhia deu mais detalhes de mudanças planejadas após processo de capitalização

Vitor Azevedo

Foto: Alan Santos/PR
Foto: Alan Santos/PR

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A Eletrobras (ELET3;ELET6) realizou nesta segunda-feira (15) sua teleconferência de resultados, após ter divulgado seu balanço do segundo trimestre na última sexta. O encontro com analistas e investidores foi o último de Rodrigo Limp no cargo de diretor executivo (CEO), uma vez que o ex-presidente da companhia, Wilson Ferreira Júnior, retoma o cargo a partir de setembro, para dar continuidade às mudanças após a capitalização da companhia.

De acordo com Limp, a companhia continuará focada em mudar sua estrutura, tendo a otimização de custos e a redução de despesas como prioridades estratégicas. Os gastos de administração da Eletrobras, que subiram consideravelmente na base anual, foram definidos por alguns analistas como um dos pontos negativos do balanço.

O diretor da ex-estatal afirmou, por exemplo, que nos próximos anos a companhia poderá ter uma melhor dinâmica em relação à sua mão de obra – que até então segue o modelo do funcionalismo público.

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“Alteramos a nossa política de cargos e salários, com política de meritocracia e também com foco na retenção de talentos. Devemos até 2023 realizar desligamentos, sem justa causa, de aposentados e aposentáveis. A partir do segundo ano de capitalização, a companhia poderá mudar até 20% do quadro de empregados que estavam presentes em abril de 2023”, comentou.

A empresa pretende ainda diminuir seus gastos com passivos contigente, algo que também prejudicou o resultado do segundo trimestre. “Temos valores significativos provisionados, com R$ 25 bilhões em compulsórios, por exemplo, e ganhamos flexibilidade para lidar com esses números deixando de ser estatal”, explicou.

Ainda na frente de mudanças, a Eletrobras afirmou também que vem atualizando uma série de pontos do seu estatuto e que deve continuar avançando nesses pontos.

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A assembleia de capitalização, de acordo com Limp, já trouxe aprimoramentos e agora a companhia trabalha para fazer novas mudanças na holding e nas controladas, retirando as regras de estatal desses documentos. “Avançamos em alguns pontos e estamos avançando, deixando mais parecido com a governança de uma empresa privada. A chegada do Wilson deve trazer novas discussões, que caberão à nova administração”, aponta.

A ex-estatal se prepara ainda para deixar, gradualmente, o sistema de cotas e vê que no próximo ano deve enfrentar um grande desafio na frente de comercialização de energia. “Já temos quantidade de energia relevante comercializada no mercado livre, mas agora teremos de agregar novos conhecimentos, com volume maior para vender e prazo de mercado para melhorar”, pontuou o diretor executivo.

Os executivos da companhia destacaram que a Eletrobras vinha trabalhando para atuar mais no mercado livre já antes da capitalização, com processos importantes já concluídos. Do negócio de geração, 47,3% da energia produzida em 2022 foi destinada a cotas, 13,6% para o ambiente de contratação regulado (ACR) e 36,9% para o mercado livre.

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“Estamos concluindo a inclusão de um sistema integrado, acertando a carteira de clientes e trabalhando uma estratégia para o longo prazo.

Imaginamos ter os primeiros resultados nos próximos meses e em 2023 teremos todos os elementos prontos para a execução dessa estratégia”, explicou Pedro Jatobá, diretor de geração da Eletrobras.

Os executivos da companhia preferiram não pontuar se, sob a nova gestão, há estudos para realizar novos aportes ou desinvestimentos.

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“Temos de verificar a disponibilidade de ações para as operações de desinvestimentos, por exemplo. Algumas delas foram dadas em garantia e estamos buscando liberação, algo no que estamos avançando muito, nos tornando bem mais rápidos no processo”, comentou o CEO. “Avaliamos além disso, claro, valor de mercado e se é um ativo estratégico ou não, sendo que nosso core business é geração e transmissão”.

A Eletrobras tem ações em diversas elétricas como ISA Cteep (TRPL4), AES (AESB3) e Auren (AURE3).

Do lado das compras, após a capitalização, o executivo afirmou que há estudos para verificar se faz sentido ou não aumentar a participação em ativos estratégicos nos quais a companhia já tem posição relevante. “Belo Monte é um que naturalmente será avaliado”, afirmou Limp. “É uma das maiores usinas, mas do outro lado possui uma dívida elevada e aumentaria nossa exposição à fonte hídrica”.

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