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Investir no exterior? Charles Mendlowicz, o Economista Sincero, e Lucas Pit Money detalham estratégias

Para eles, momento de baixa nos mercados internacionais barateou preços de ações de boas empresas estrangeiras

Katherine Rivas

(Christine Roy / Unsplash)
(Christine Roy / Unsplash)

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Equilíbrio, tempo e crescimento. Esta é a equação utilizada pelo economista Charles Mendlowicz, conhecido na internet como o Economista Sincero,  para investir com sucesso no exterior.

Atualmente o Brasil representa aproximadamente 3% do Produto Interno Bruto (PIB) global e menos de 1% do mercado de renda variável. Por este motivo, concentrar os seus investimentos apenas em território local e em uma moeda tão volátil como o real pode não ser a melhor alternativa. Mas como dar os primeiros passos no exterior, ainda mais com a proximidade das eleições?

O tema foi assunto hoje de debate na Expert XP, nesta quinta-feira (4) — para acompanhar as palestras online,  acesse aqui.

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Mendlowicz explicou o significado da sua equação. Em relação, ao equilíbrio, ele destaca que dadas as facilidades do mercado financeiro – como negociar recibos de ações estrangeiras (BDRs) na Bolsa brasileira ou abrir uma conta no exterior mesmo morando no Brasil – não há razão para deixar investir no exterior. Ao mesmo tempo, também não faz sentido para o investidor alocar todo o seu patrimônio lá fora.

A necessidade de equilíbrio também aparece na hora de definir uma estratégia. Segundo Mendlowicz, é importante escolher investir em ações de empresas consolidadas lá fora, de preferência aquelas que apresentam um crescimento constante com o tempo e conseguem pagar dividendos. Ele cita nomes como Coca-Cola (COCA34), McDonald’s (MCDC34), JP Morgan (JPMC34), empresas com bom desempenho e que pagam dividendos há 25 anos ou mais.

Na visão dele, é mais difícil companhias desse tipo despencarem abruptamente em tempos de baixa no mercado, dado que provaram a sua resiliência ao longo do tempo – o tempo, aliás, é o que considera ser o segundo pilar da equação.

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Claramente, isso não significa que o investidor deva ignorar empresas de crescimento, como a Tesla (TSLA34) e outras ações no exterior com forte potencial de valorização. Neste caso, Mendlowicz destaca o pilar de crescimento, sugerindo que o investidor aloque uma pequena parcela do seu patrimônio – entre 5% e 10% – para se expor a outras teses mais arriscadas.

O Economista Sincero tem cerca de 33% do seu patrimônio no exterior, investindo diretamente em ações estrangeiras.

Já o economista Lucas Nogueira, conhecido popularmente como Lucas Pit Money, fundador da casa de análise Inside Research, utiliza o investimento no exterior como uma estratégia complementar aos seus investimentos no Brasil.

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Ele explica que investe em empresas de tecnologia e crescimento lá fora, as quais teria dificuldade de encontrar na Bolsa brasileira. Mas diferentemente de Mendlowicz, e até para facilitar a organização da sua carteira e acompanhamento dos investimentos, Pit Money aloca cerca de 30% do seu patrimônio em BDRs (recibos de ações estrangeiras, negociados na B3).

O melhor momento é agora

“Na crise, é possível encontrar as melhores oportunidades”. A frase pode parecer um clichê da vida empresarial, mas segundo Pit Money e Mendlowicz define perfeitamente o momento nas bolsas americanas.

Para quem não lembra, o primeiro semestre de 2022 foi um banho de sangue lá fora. O S&P 500, por exemplo, recuou 20,5%, maior queda desde 1970. O índice Nasdaq teve seu pior desempenho desde 2008, com baixa de 22,4%.

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Quem começou a investir nestes mercados durante a pandemia, com a chegada de novos investidores pessoa física à Bolsa, pode ter se alarmado com as perdas, questionando-se sobre as possibilidades de recuperação. Segundo os economistas, o mercado é cíclico e grandes crises são temporárias, para depois dar lugar a momentos de euforia.

Mendlowicz lembra, por exemplo, de quem comprou ações no exterior na crise de 2008 e viu tudo desabar – mas uma década depois, presenciou também tempos de alta e o surgimento de novos ativos, como criptomoedas, e outras oportunidades de investimento.

“É justamente nesses momentos de queda que existem as melhores oportunidades”, comenta Mendlowicz.

Pit Money reforça este ponto e destaca que agora que os preços de ações estrangeiras estão baixos surgem bons momentos de entrada. Para quem não se sente confortável em escolher os ativos diretamente, diz ele, há opções de ETFs (fundos de índice) que reúnem uma cesta de ações estrangeiras – como o NASD11, que reúne as 100 maiores empresas não financeiras listadas na Nasdaq. Os economistas ainda comentam que muitas empresas que fazem parte do cotidiano – como Netflix, Amazon, Visa, Mastercard ou Spotify – podem ser encontradas em bolsas estrangeiras.

Dólar é complemento de estratégia

Questionados sobre o quanto a cotação do dólar deve ser levada em conta na hora de escolher um BDR ou uma ação no exterior, os economistas destacaram que é impossível acertar o momento preciso de entrada. Mas uma estratégia utilizada por Pit Money para reduzir os riscos é se concentrar na qualidade das empresas investidas, para que a variação cambial não tenha um impacto tão forte na rentabilidade.

Para Mendlowicz, é importante observar quando o dólar chegou em um pico histórico e começou a recuar, porque isso se traduz em oportunidade para novos aportes. Ele ainda lembra que com as eleições chegando, historicamente a volatilidade cresce e faz o dólar subir. “Volatilidade significa oportunidade. Se você quer comprar muito um ativo, deixa um dinheiro parado e fica esperando uma boa chance”, diz.

Renda em dólar

Da mesma forma que as empresas brasileiras, algumas empresas estrangeiras também pagam dividendos, embora em proporções menores, destaca Mendlowicz.

Nos Estados Unidos, muitas empresas optam por fazer recompras de ações, que também agregam valor para o investidor de renda passiva. As que distribuem dividendos o fazem a taxas de até 3%, em geral, segundo ele.

Há exceções. A Coca-Cola, por exemplo, aumentou a sua distribuição de proventos por mais de 50 anos consecutivos.

Mesmo com parâmetros diferentes, é possível viver de renda em dólar, aponta Mendlowicz. A estratégia, em sua visão, deve prever o reinvestimento dos dividendos e uma diversificação da carteira, incluindo ações que pagam proventos no Brasil.

Vale lembrar que para quem opta por investir em BDRs, os dividendos pagos estão expostos a variação cambial e sofrem tributação.

Nos Estados Unidos, por exemplo, principal origem dos BDRs negociados na B3, o imposto sobre a distribuição de dividendos é de 30%, retido na fonte.

Além deste desconto, as instituições responsáveis por emitir os BDRs costumam cobrar taxas de 3% a 5% sobre os dividendos distribuídos pelas empresas. Em média o investidor recebe 60% a 70% do dividendo pago no final. Saiba mais sobre os dividendos de BDRs nesta reportagem.

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Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.