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BRASÍLIA (Reuters) – O ex-presidente e candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é a favor da reabertura das negociações do acordo comercial da União Europeia com o Mercosul para adicionar cláusulas sobre proteção ambiental, direitos humanos e tecnologia, disse o ex-chanceler e assessor de política externa do petista, Celso Amorim, à Reuters.
Se Lula vencer a eleição de outubro, o Brasil provavelmente se juntaria aos apelos da Argentina e de ambientalistas para rever o acordo, que atualmente está travado na Europa devido a preocupações com a destruição da Amazônia durante o governo do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), afirmou Amorim.
“Não seria renegociar, que dá a impressão que vai começar do zero. Não é isso. Não é recomeçar do zero. Mas para nós certamente áreas como compras governamentais, serviços, propriedade intelectual, acho que merecem uma revisão em profundidade”, disse Amorim, que foi chanceler de Lula durante seus dois mandatos como presidente, de 2003 a 2010.
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A posição destaca um equilíbrio delicado para Lula, que tem feito promessas ambientais ousadas ao mesmo tempo em que fortalece antigos laços com líderes do agronegócio que criticam as demandas ambientais da Europa como barreiras hipócritas ao comércio.
“Também acho que a gente pode fortalecer cláusulas com respeito ao clima e aos direitos humanos, sem deixar que isso se transforme num pretexto para o protecionismo”, disse Amorim.
“Tem que ser um acordo que de um lado garanta que certos cuidados serão tomados em função do aquecimento global e do desenvolvimento sustentável, e que por outro lado também garanta que nós teremos possibilidade e espaço político para o desenvolvimento industrial e tecnológico atualizado, que tem que ser desenvolvimento verde”, acrescentou.
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Segundo Amorim, Lula “sempre acentuou a importância estratégica de um acordo do Mercosul com a União Europeia”. O acordo, que demorou mais de duas décadas de negociações, criaria a maior área de livre comércio no mundo.
Lula lidera as pesquisas para a eleição de 2 de outubro contra Bolsonaro, cujo governo registra aumento no desmatamento da floresta amazônica e provocou rejeição ao acordo comercial na Europa.
“Com Bolsonaro no governo, não pode haver nenhum acordo do Mercosul, isso está claro”, disse a parlamentar europeia Anna Cavazzini, que recentemente liderou uma missão dos Verdes/Aliança Livre Europeia ao Brasil para avaliar ameaças à região amazônica.
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Em 2020, seu Grupo Verdes/Aliança Livre Europeia conseguiu aprovar uma emenda que impede o acordo com o Mercosul de avançar em sua forma atual devido a preocupações com o aumento do desmatamento.
“O acordo precisa ser renegociado para deixar absolutamente claro que não importamos bens de áreas desmatadas”, disse ela em entrevista por telefone, acrescentando: “Não sei se precisamos de um acordo em tudo.”
Cavazzini e dois colegas do Parlamento Europeu, Michèle Rivasi e Claude Gruffat, visitaram comunidades indígenas e se encontraram com seus líderes durante visita à Amazônia, onde disseram que a falta de aplicação da lei é “chocante”.
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“Estar lá e ver o quanto o povo indígena é realmente afetado foi de partir o coração”, afirmou Cavazzini. “Brasil e Europa precisam mudar de rumo e agir, senão a floresta vai desaparecer.”