Eletrobras (ELET3;ELET6) ganha destaque, mas outras elétricas chamam atenção por potencial de alta na Bolsa; confira

Setor elétrico é apontado como escolha segura em momentos turbulentos para a Bolsa: é possível encontrar bons retornos, além da defesa?

Mitchel Diniz

(Eletrobras/ Furnas)
(Eletrobras/ Furnas)

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Com a Selic em 13,25%, maior taxa de juros em cinco anos, é natural que os investidores saiam de ativos de risco na direção de opções mais conservadoras. A Bolsa brasileira também sentiu esse impacto. Em junho, o número de investidores pessoas físicas até aumentou em relação a maio, chegando a 5,18 milhões de CPF’s.

No entanto, o volume investido sofreu uma queda de 7,8% entre os períodos, atingindo R$ 451,2 bilhões. As commodities, que deram amparo ao Ibovespa durante uma boa parte do primeiro semestre, entraram em declínio no mês passado. Os temores de uma recessão global impactaram, negativamente, ações de peso do índice. E agora? Onde os investidores que escolheram ficar na Bolsa encontram boas alternativas?

A princípio, a maior parte dos analistas teria ao menos uma resposta em comum à pergunta acima: nas empresas do setor elétrico. Elas são vistas como escolhas defensivas dentro de um cenário turbulento. São companhias cujas tarifas sofrem reajustes de acordo com a inflação e sentem menos a escalada de preços – ao contrário do que ocorre com as varejistas, por exemplo. Além disso, por conseguiram gerar caixa, independentemente do ambiente econômico, são boas pagadoras de dividendos. Mas além de proteção, as ações dessas empresas teriam potencial para oferecer bons retornos, a ponto de compensar o risco de se manter na Bolsa? Para essa pergunta, as respostas são mais diversas.

Com a competitividade acirrada no setor, as empresas do setor elétrico têm encontrado dificuldades para gerar valor. Os analistas usam como exemplo o último leilão de transmissão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), realizado no último dia 30 de junho. No certame, as empresas vencedoras do lote se comprometeram com investimentos elevados em um leilão de retornos “pouco atraentes”, como disse uma análise do BofA publicada na ocasião. Na verdade, esse é um problema que já vinha sendo visto em licitações anteriores.

“As aquisições tem VPL [valor presente líquido] que adiciona pouco ao valor de mercado da companhia. Mesmo sendo um número positivo, não é um retorno que permite à companhia mudar de patamar”, explica Alexandre Kogake, analista da Eleven. E o valor está justamente nas companhias com capacidade de mudar de patamar. Saiba quais são elas, segundo os especialistas consultados pelo InfoMoney.

Eletrobras (ELET3;ELET6)

Empresa privada com preço de estatal – é assim que alguns analistas passaram a descrever a Eletrobras após o processo de capitalização da companhia, oferta que movimentou R$ 33,7 bilhões na Bolsa. Com a diluição da fatia da União na empresa, a expectativa é que uma nova equipe de gestão consiga reduzir custos, dentre outros ajustes. Os reflexos no preço das ações já são esperados para o segundo semestre.

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“Acreditamos que a Eletrobras oferece um valuation atrativo e catalisadores de curto prazo interessantes após sua privatização”, escreveram os analistas do UBS BB. A casa tem recomendação de compra para o papel ELET6 com preço-alvo de R$ 70 (valorização de 61,2% em relação ao fechamento de ontem). “O primeiro catalisador, que foi a definição de um novo corpo diretivo, já aconteceu conforme o previsto, e as ações subiram desde então”, observa o UBS BB. Nove integrantes do conselho de administração da Eletrobras renunciaram após a privatização e a assembleia para eleger o novo grupo está marcada para o dia 5 de agosto.

O UBS BB também destaca a possibilidade da companhia participar do mercado livre de energia, o que tem potencial de elevar os preços praticados pela Eletrobras.

Algumas casas retomaram a cobertura de ações da empresa após a privatização. É o caso do Credit Suisse, com preço alvo de R$ 67 para ELET3 (upside de 57,8%) e R$ 71 para ELET6, com classificação outperform – desempenho acima da média do setor. O banco vê ações negociando a uma TIR de 13%.

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“Acreditamos que a tese de investimentos é atraente, levando em conta que 40% do Ebitda da empresa vem da TransCo (com fluxo de caixa previsível, ajustado pela inflação), a ação tem liquidez (com volume médio de negociações acima de US$ 70 milhões) e esperamos uma nova (e maior) estrutura de governança após a privatização”, escreveu a equipe do banco, que vê um futuro “brilhante” para a ação nesta nova etapa da empresa.

Equatorial (EQTL3)

A empresa bateu sua máxima histórica na Bolsa em abril deste ano. Ainda que tenha recuado desde então, a Equatorial chama atenção por sua taxa interna de retorno (TIR) de 9,5%, nos cálculos do UBS BB, acima da média do mercado (de 7,6%). “Consideramos o valuation de Equatorial atraente já que sua TIR está acima da média do setor e a ação está sendo negociada abaixo do preço de seu follow on em fevereiro”, dizem os analistas da casa. Recentemente, o UBS BB elevou o preço alvo do papel de R$ 30,50 para R$ 33,50. Isso representa um potencial de alta de 48,62% em relação ao fechamento de ontem.

Também em fevereiro, a Equatorial concluiu a compra, por R$ 7,034 bilhões, da Echoenergia, empresa com 1,2 GW de capacidade de geração eólica. A aquisição foi descrita pela empresa como “um importante passo para a diversificação dos negócios”. O UBS BB acredita que a aquisição pode gerar receita adicional de R$ 600 milhões por ano.

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“A empresa tem um retrospecto fantástico de gestão, reviravolta em operações complicadas e alocação de capital”, afirma Leonardo Rufino, sócio e gestor da Mantaro Capital. O Citi afirma que a Equatorial está olhando para novas oportunidades de alocação de capital e vê o nome como “barato”. “As assimetrias que representam no semestre são muito boas”, diz a análise do banco.

Eneva (ENEV3)

Outra top pick do Citi. Para o banco, a companhia tem bons catalisadores no curto prazo, como leilões da Aneel previstos para este segundo semestre. “O valor presente líquido desses leilões pode ser bem maior do que o visto em anos recentes”, diz a análise do banco. O Citi destaca que a Eneva tem dois projetos para o evento – a Termofortaleza, termelétrica a gás natural, adquirida da Enel no mês passado; e a usina de Itaqui, no Maranhão.

O BofA, que tem recomendação de compra para a ação, elevou o preço-alvo do papel, de R$ 16 para R$ 18 (upside de 12,5% em relação ao fechamento de ontem), afirmando que a empresa possui “oportunidades únicas de crescimento nos próximos 24 meses”. O banco calcula potencial de valor presente líquido adicional de R$ 5,60 por ação e também vê oportunidades para ativos da companhia em leilões do segundo semestre. Ainda que o papel não esteja barato atualmente, na avaliação do BofA, o valuation é justificado por uma história de crescimento e alocação de capital.

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Alupar (ALUP11)

Empresa 100% privada do ramo de transmissão, com operações no Brasil, Colômbia e Peru, a Alupar está prestes a concluir uma rodada pesada de investimentos. Entre 2016 e 2017, a companhia adquiriu oito lotes em leilões e investiu mais de R$ 5,7 bilhões na construção de linha. “Agora empresa está encerrando sua etapa de investimentos e isso tende a reduzir sua alavancagem”, explica Kogake. A Eleven tem recomendação de compra e preço-alvo de R$ 34 para ALUP11, potencial de valorização de 28,78% em relação ao fechamento de ontem (11).

Hoje, a alavancagem da Alupar está em nível confortável, na avaliação da XP (3,1x dívida líquida/ Ebitda, ou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, regulatório). Para Herbert Suede, analista de energia e saneamento, a empresa está com um ponto de entrada. “Ainda ela que tenha registrado forte valorização, têm retorno interessante, comparado ao de outras empresas do setor”, explica Suede. A XP tem recomendação de compra e preço-alvo de R$ 29 para ALUP11.

A Alupar também tende a pagar dividendos mais gordos, agora que seus investimentos estão entrando em operação. A empresa chegou a participar do último leilão de transmissão da Aneel, mas não arrematou nenhum dos lotes, o que foi bem visto pelos analistas.

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A empresa também é um dos nomes favoritos do Morgan Stanley, “por se destacar em termos de potencial de crescimento, alocação de capital e valuation“. O BofA tem recomendação de compra para ALUP11 e destaca a disciplina de capital da companhia.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados