Nome completo: | Caio Mário Paes de Andrade |
Data de nascimento: | 28 de junho de 1974 |
Local de nascimento: | Rio de Janeiro, Rio de Janeiro |
Formação: | Comunicação Social pela Universidade Paulista e pós-graduação em administração pelas norte-americanas Harvard University e Duke University. |
Empreendedor, administrador e investidor, Caio Mário Paes de Andrade tornou-se o quarto presidente da Petrobras na gestão do presidente Jair Bolsonaro.
Grande parte de sua trajetória foi construída na iniciativa privada. Ele fundou várias empresas e depois as vendeu, obtendo lucros milionários. Seus negócios começaram pelo ramo de tecnologia, depois ele viu oportunidades no mercado imobiliário e, por último, no agronegócio.
Convidado pelo Ministro da Economia Paulo Guedes para assumir a presidência do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), em 2019, Paes de Andrade, até então, não tinha experiência no setor público. Ele nem sequer havia pisado em Brasília.
Foi sua trajetória voltada essencialmente para o ramo da tecnologia que o levou a contribuir com o governo federal. Depois da Serpro, foi convidado para ser o Secretário Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital e, em junho de 2022, assumiu como presidente da Petrobras.
Em seu currículo, Paes de Andrade aponta expertise nos temas de políticas públicas, investimentos, internet, mercado imobiliário, agronegócio e entretenimento. Entre suas especialidades estão M&A (fusões e aquisições, na tradução do inglês), real estate (mercado imobiliário) e transformação digital.
Ao falar sobre política e economia nacional, ele diz que o Brasil precisa de gestores. “A grama é tão alta no Brasil que um gestor vem e traz resultados de forma rápida com as melhores práticas. Acho que os gestores podem fazer a diferença nos governos”, pondera.
Quem é Caio Paes de Andrade
Nascido no Rio de Janeiro, em 1974, Caio Mário Paes de Andrade estudou no Colégio Militar de Salvador e formou-se em Comunicação Social pela Universidade Paulista.
Depois de trabalhar em uma agência de publicidade no Brasil e como gerente de marketing do Grupo Multi, obteve pós-graduação em Administração e Gestão pela Harvard University e mestrado em Administração de Empresas pela Duke University. Quando esteve em Harvard, em 1992, estudou música na Berklee College of Music, em Boston.
Fluente em português, inglês e espanhol, Caio é sobrinho de Fernando Paes de Andrade, ex-superintendente da extinta Copene (Companhia Petroquímica do Nordeste).
Carreira como empreendedor
O empreendedorismo de Paes de Andrade foi focado em negócios de tecnologia da informação, do mercado imobiliário e do agronegócio. Ele fundou e/ou liderou a construção de diversas companhias ao longo das últimas décadas no mercado brasileiro de tecnologia da informação.
O carioca já realizou mais de 20 processos de M&A. Assim, atuou em consolidações de empresas, aquisições estratégicas, aquisições minoritárias, captações com investidores institucionais, desinvestimentos, spin-offs e processos de venda de controle.
Ao finalizar seus estudos em Nova York no início dos anos 90, Paes de Andrade voltou ao Brasil fascinado pelo advento da internet, que estava em ebulição nos Estados Unidos. Quando retornou ao Brasil em 1993, a rede digital aqui ainda engatinhava e ele viu uma oportunidade para empreender.
Paes de Andrade entrou então para a comunidade de sistemas da BBS. O Bulletin Board System é uma comunidade eletrônica baseada em computadores na qual seus membros podem ler e escrever mensagens, jogar jogos baseados em textos e baixar arquivos. Ou seja, é um sistema dos primórdios da internet, anterior ao WWW (World Wide Web).
Muitos sistemas da BBS tornaram-se provedores de internet e foi por este caminho que Paes de Andrade começou a empreender. Ele montou em 1993 sua primeira empresa de provedores, a STI, que, anos mais tarde, em 1999, foi vendida para a extinta PSINet, um dos primeiros provedores de serviços comerciais da internet. Foi aí que Paes de Andrade fez sua primeira grande venda como empreendedor: um negócio de US$ 28 milhões. Com isso, aos 35 anos, Paes de Andrade se tornou general manager da PSINet para a América Latina.
Paes de Andrade fundou depois, com outros quatro sócios, em 2000, a WebForce Networks, uma das primeiras e principais holdings de investimentos em TI do Brasil. Ali, começou a produzir um serviço chamado hpG, ou Home Page Grátis, modelo de hospedagem gratuita trazido dos Estados Unidos. O negócio, criado em março de 2000, foi tocado com os sócios Rodrigo Martinez, Mauricio Meismith, Mauro Bertaglia e Edson Romão, todos executivos saídos da PSINet. Em 2002, em meio à grande disputa por audiência online, o hpG foi vendido para o iG (Internet Group do Brasil) por US$ 55 milhões.
Ao realizar a venda da HPG, Paes de Andrade fez um acordo de não concorrência. Assim, até 2008, ele se comprometeu a não trabalhar e fazer negócios relacionados à internet.
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Foi o momento então de começar a investir em outro ramo: imobiliário. O empreendedor fundou uma grande agência para corretores e também começou a desenvolver projetos imobiliários por meio da Maber Empreendimentos Imobiliários. No segmento, Paes de Andrade atuou de 2004 a 2010, quando vendeu por R$ 17 milhões a empresa para a imobiliária Lopes em 2010.
Em 2003 ele se aventurou também no mercado de desenhos animados no Brasil, com a fundação da Pixcodelics. Em 2009 surgiu também a Cosmopax, um mundo virtual para adolescentes.
Quando voltou a tocar negócios relacionados à internet, em 2008, Paes de Andrade fundou a XPG, uma rede de conteúdos online, e a 123i, serviço pioneiro de classificados online de compra e venda de imóveis. Criou ainda a Terralogs, plataforma digital de crédito para o agronegócio, a Credihome, plataforma digital de crédito imobiliário (que foi vendida), e a Newcore, plataforma de CRM para corretores imobiliários independentes.
Em paralelo, em 2014, Paes de Andrade começou a investir em agricultura. Adquiriu um banco de terrenos da Bunge, que é uma das maiores empresas de comércio do mundo. O portfólio inicial era composto de 44 fazendas, ou 52 mil hectares no Brasil.
Na área social, Paes de Andrade fundou e acompanha as atividades do Instituto Fazer Acontecer – organização autossustentável que causa impacto positivo direto em 4.000 crianças e adolescentes no semiárido baiano através do esporte. A entidade promove atividades ligadas ao esporte no semiárido baiano. Ele também já participou como mentor de empreendedorismo para o Instituto Endeavor Brasil.
Paes de Andrade em Brasília
A virada de Paes de Andrade para o setor público aconteceu em fevereiro de 2019, no governo de Jair Bolsonaro, quando ele aceitou assumir a presidência do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados). A estatal é referência em tecnologia de informação das Américas e responsável por gerenciar sistemas da administração pública federal. O convite foi feito no fim de 2018, pelo Ministro da Economia, Paulo Guedes, e por Salim Mattar e Paulo Uebel.
Depois, em 2020, Paes de Andrade se tornou Secretário Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, antigo Ministério do Planejamento, onde coordenou a elaboração da Reforma Administrativa e a melhoria e otimização da plataforma GOV.BR, núcleo central da transformação digital do estado brasileiro. A ferramenta foi criada para conduzir a digitalização do atendimento de diferentes serviços públicos.
Ele foi nomeado para o cargo do Ministério da Economia em março de 2020, em substituição a Paulo Uebel. Até ser indicado e escolhido para presidir a Petrobras, Paes de Andrade ocupava o cargo de Secretário Especial de Desburocratização.
Como conselheiro, ele participa de duas entidades. É membro do Conselho de Administração da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e também da PPSA (Pré-Sal Petróleo S.A), estatal que atua como braço da União na gestão e controle das atividades de exploração e produção de óleo e gás natural.
Em defesa da desburocratização
O principal papel de Paes de Andrade no governo federal foi atuar na desburocratização do serviço público por meio da internet e de serviços digitais.
Em vídeo de balanço do Ministério da Economia das ações de 2021, ele afirmou que seu trabalho é “combater a burocracia, melhorar a administração pública e fazer a transformação digital do Estado” para tornar os processos “mais rápidos, precisos, econômicos e para melhorar o atendimento ao cidadão”.
Em 2021 as principais conquistas foram a plataforma Gov.BR, que chegou a 120 milhões de usuários, e 1.000 serviços digitalizados em 2 anos, tornando o Brasil o país líder em digitalização da América Latina. “O grande vetor da desburocratização é o digital. Tudo que transformamos em digital fica mais eficiente”, destaca ele.
Paes de Andrade atuou também na modernização da Lei de Licitação, na implantação do PIX no Brasil, da nova carteira de identidade digital nacional e foi um dos responsáveis pelo projeto do governo de Reforma Administrativa. Segundo ele, as mudanças propostas deixam o estado mais eficiente, pois o governo e os Estados já perderam sua capacidade de investimentos.
“O Estado brasileiro é muito grande e deve ser menor, mais eficiente. O Brasil é um país muito injusto e acreditamos que essa é uma das formas de fazer o Brasil mais justo”, pontua Paes de Andrade.
O que Paes de Andrade pensa sobre investir e empreender
Em uma entrevista para o Wizards Institute, em setembro de 2020, Paes de Andrade compartilhou suas ideias sobre investimentos e empreendedorismo.
Ao falar sobre sua abordagem de investimentos, ele pondera que seu método é “diferente da média” e que, quando se fala em investimentos, ele não segue regras. “Eu sou muito conservador com parte do dinheiro e muito agressivo com outra parte”, destaca.
Ao se classificar como um tomador de riscos, diz que já perdeu muito dinheiro quando era “só” um investidor. “Eu ia ao mercado de ações, comprava e vendia ações e, no final de um ano, eu perdi US$ 2 milhões porque eu estava fazendo a coisa de forma errada. Em um determinado momento eu decidi que iria separar uma parte do meu dinheiro para fazer investimentos conversadores”, ressalta.
Ao longo de mais de 20 processos de compra e venda de empresas, Paes de Andrade afirma que “se diverte” com o que faz. “Eu gosto de pensar que uso meu dinheiro para fazer minha vida mais rica e não para ficar mais rico. Hoje eu tento não fazer mais investimentos do que eu fiz no passado”, afirma.
Ele acredita que há quatro setores que vão liderar os novos tempos no Brasil e na América Latina e entregar bons resultados: crédito privado, transformação digital, infraestrutura e agricultura.
“Não acredito que há investimentos em ativos reais que darão mais retornos no Brasil nos próximos anos do que em terras”, projeta o investidor.
Sobre gestão de pessoas, Paes de Andrade acredita em encontrar a pessoa certa para um negócio ou que a pessoa deva se tornar a pessoa certa para fazer um negócio prosperar. “E isso é o que eu chamo de um verdadeiro empreendedor”, afirma.
“Todas as vezes que eu tive uma boa pessoa na frente de um negócio ruim, o negócio ficou ruim. Todas as vezes que eu tive uma pessoa ruim na frente de um grande negócio, o negócio foi por água abaixo”, ressalta.
Presidente da Petrobras
Após três anos de atuação no setor público, Paes de Andrade foi aprovado em 27 de junho de 2022 para ser o próximo presidente da Petrobras e tomou posse em 28 de junho. Ele é o quarto no comando da estatal durante o mandato de Jair Bolsonaro. Paes de Andrade ficará no cargo até 13 de abril de 2023.
O nome de Paes de Andrade para comandar a estatal surgiu em março de 2022 nos bastidores para substituir o general Joaquim Silva e Luna. Isso porque o trabalho feito por Paes de Andrade para ampliar a atuação do governo federal na internet por meio da plataforma Gov.br vinha sendo elogiado.
Em 6 de abril do mesmo ano, o presidente da República acabou escolhendo José Mauro Ferreira Coelho para presidir a Petrobras. Mas, com a rápida saída dele em meio à pressão do governo com a alta dos combustíveis, o nome de Paes de Andrade ressurgiu. Ele foi indicado em 24 de maio pelo Ministério de Minas e Energia para assumir a estatal. Bolsonaro vinha manifestando publicamente sua insatisfação com os reajustes dos combustíveis e os critérios da política de preços da Petrobras.
Antes de Paes de Andrade, foram presidentes da Petrobras durante a gestão de Bolsonaro, Roberto Castelo Branco, o general da reserva do Exército Joaquim Silva e Luna e José Mauro Ferreira Coelho.
A indicação e nomeação de Paes de Andrade para assumir a presidência da Petrobras tem sido marcada por polêmicas. Os críticos apontam, principalmente, a falta de experiência no currículo do carioca no segmento petrolífero e também por ele não ter comandado uma empresa do porte da Petrobras.
A Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras (Anapetro) chegou a entrar com uma representação na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) contra a nomeação de Caio Paes de Andrade para a presidência da estatal.
Em ata do Comitê de Elegibilidade (Celeg) da Petrobras, somente o conselheiro Francisco Petros votou contra a eleição de Paes de Andrade, entre os demais quatro membros do Celeg. O comitê aprovou o executivo sem ressalvas. Por outro lado, no Conselho de Administração da estatal, o nome de Paes de Andrade não teria sido unanimidade.
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