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As taxas dos títulos públicos avançam na tarde desta sexta-feira (24), na contramão do movimento visto nos últimos dias.
Nos prefixados as taxas sobem até 19 pontos-base, enquanto nos títulos atrelados à inflação as taxas avançam até 4 pontos-base.
Segundo Flavio Serrano, economista-chefe da Greenbay Investimentos, as taxas subiram acompanhando os dados do IPCA-15 (prévia da inflação), que apesar de ter vindo em linha com o esperado, apresentou um núcleo de serviços ainda pressionado.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) subiu 0,69% em junho na comparação mensal, ficando 0,10 ponto percentual (p.p.) acima da taxa registrada em maio (0,59%). O subitem de maior influência na taxa do mês foi planos de saúde, que subiu 2,99% e representou 0,10 p.p. no resultado de junho.
Já para outros agentes de mercado, o IPCA-15 veio acima das projeções. Igor Cavaca, gestor da Warren Asset Management, afirma que a prévia da inflação pode sinalizar a necessidade de uma taxa Selic mais alta por mais tempo.
Serrano cita também as preocupações com o cenário fiscal, entre estas, a possibilidade de aumento do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600. Motivo que também puxou as taxas para cima.
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O economista-chefe da Greenbay Investimentos destaca que o mercado continuará acompanhando a evolução dos indicadores de preços ao consumidor nos próximos dias e o noticiário político.
Dentro do Tesouro Direto, a maior alta era na taxa do prefixado de curto prazo. O Tesouro Prefixado 2025 oferecia um retorno anual de 12,55% às 15h26, superior aos 12,36% vistos ontem.
Já o Tesouro Prefixado 2029 e o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, apresentavam uma rentabilidade anual de 12,66% e 12,85%, respectivamente, acima dos 12,54% e 12,74% registrados na sessão anterior.
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Nos títulos atrelados ao IPCA, as taxas avançavam entre 3 e 4 pontos-base.
Apenas a taxa do título com vencimento em 2032 permanecia estável.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta sexta-feira (24):
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IPCA-15
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial do Brasil, subiu 0,69% em junho na comparação mensal, ficando 0,10 ponto percentual (p.p.) acima da taxa registrada em maio (0,59%). O subitem de maior influência na taxa do mês foi planos de saúde, que subiu 2,99% e representou 0,10 p.p. no resultado de junho.
O IPCA-E, que se constitui no IPCA-15 acumulado trimestralmente, foi de 3,04%. Já no acumulado do ano, o IPCA-15 tem alta de 5,65% enquanto nos últimos 12 meses, a taxa desacelerou para 12,04%, abaixo dos 12,20% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em junho de 2021, o índice foi de 0,83%. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A expectativa do mercado, segundo consenso Refinitiv, era de uma alta ante maio de 0,62% e anual de 11,98%.
Os dados são divulgados um dia depois de o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixar a meta para a inflação em 2025 em 3%, interrompendo uma sequência sucessiva de cortes no alvo a ser perseguido pelo Banco Central em sua política monetária.
IPCA-15 de junho não traz alívio
A prévia do índice de preços ao consumidor amplo (IPCA-15) registrou variação positiva de 0,69% em junho na base mensal, um pouco acima do consenso do mercado (que projetava alta de 0,62%), mas ainda assim foi um avanço bem mais contido, comparando com o comportamento do índice nos primeiros meses deste ano. De qualquer forma, analistas veem no indicador a persistência da inflação e também sua disseminação.
Para Mirella Hirakawa, economista da AZ Quest, o indicador não trouxe alívio e reforçou preocupações sobre composição da inflação.
“Do lado de alimentação e combustíveis tivemos um alívio da pressão de oferta. Nos combustíveis é temporário, pois o reajuste da Petrobras PETR4 deve impactar número fechado de junho e principalmente julho”, explica.
Chama a atenção também o avanço dos serviços subjacentes, que passou para 0,86%, de 0,75%.
A AZ Quest projetava alta de 0,65% para o IPCA-15. Mirella aponta as passagens aéreas, que subiram 11,36%, como grande vilão do índice na prévia de junho. “Porém é um item muito volátil, que não fala muito sobre tendência”, diz.
A economista para Brasil do BNP Paribas, Laiz Carvalho, observa que itens que compõem médias de núcleo do Banco Central continuam subindo de forma expressiva. Além dos serviços subjacentes, os industriais subjacentes, que subiram quase 1%.
“O setor de transportes pressionou não pelo lado do combustível, mas por serviços e itens relacionados ao setor automotivo. Os preços de automóveis novos e usados, assim como autopeças, vieram bem acima do esperado, tal qual as passagens aéreas”, afirma Laíz.
A economista do BNP Paribas explica que, mesmo com a inflação voltando para patamares um pouco mais baixos do que os vistos desde o início do ano, a composição do IPCA ainda é “muito ruim”. “Quase todos os núcleos estão acima de 10% na comparação anual”, diz.
O BNP Paribas segue acreditando que o IPCA termine 2022 em 10% e projeta mais duas altas de 50 pontos base na Selic. Sendo assim, a taxa de juros terminaria o ano em 14,25%.
“A inflação seguiu com um perfil bastante disseminado, abaixo de maio, mas ainda elevada para os padrões históricos. Em junho, a difusão alcançou quase 69%, vindo de 75% em maio”, observa João Savignon, economista da Kínitro Capital.
Teto de ICMS
O presidente Jair Bolsonaro sancionou nesta quinta-feira (23) o teto de 17% para o ICMS sobre combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e transporte coletivo, aprovado na semana passada pelo Congresso, mas vetou trechos incluídos pelo Senado que beneficiariam os Estados na compensação pela perda de receita com o tributo. A sanção da lei, com os vetos, consta de edição extra do Diário Oficial da União (DOU).
O projeto faz parte da ofensiva do Palácio do Planalto para reduzir os preços dos combustíveis, mas enfrentou resistência dos governadores, que preveem uma crise fiscal em 2023 com a redução das alíquotas de ICMS. O Senado, onde os chefes dos executivos estaduais têm mais poder de barganha, atendeu alguns pleitos levados pelos secretários de Fazenda, agora vetados pelo presidente.
Bolsonaro vetou, por exemplo, a compensação da perda de receitas para os cinco Estados sem dívida com a União, que seria feita em 2023, com recursos da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) e com a priorização na contratação de empréstimos da União.
Dessa forma, a compensação será feita apenas para Estados que estão endividados com a União, por meio do abatimento da dívida, quando a perda de arrecadação com o ICMS ultrapassar 5%, na comparação com 2021. Esse ressarcimento será feito de forma temporária, durante seis meses.
O presidente também vetou a determinação de que a União compensasse os Estados e municípios para que mantivessem os gastos mínimos constitucionais em educação e saúde na comparação com o que estava em vigor antes de a lei do teto passar a valer.
Na sanção da lei, Bolsonaro manteve a zeragem dos impostos federais, como PIS/Cofins e Cide, sobre gasolina e etanol.
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