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As falhas estruturais das criptomoedas as tornam uma base inadequada de um sistema monetário, afirma o Banco de Compensações Internacionais (BIS) em relatório publicado na segunda-feira (20). Para o BIS, por outro lado, os sistemas monetários podem ser construídos em torno das moedas digitais de banco central (CBDC), que são representações digitais das moedas nacionais.
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O BIS, uma associação dos principais bancos centrais do mundo, dedicou 42 páginas do Relatório Econômico Anual de 2022 para traçar um plano para o futuro do sistema monetário global. Segundo a entidade, há espaço para apenas alguns dos recursos técnicos trazidos pelas criptomoedas, como programação e tokenização – mas não exatamente as próprias criptomoedas.
“Nossa conclusão mais ampla é capturada no lema: ‘Qualquer coisa que as criptomoedas possam fazer, as CBDCs podem fazer melhor’”, disse Hyun Song Shin, consultor econômico e chefe de pesquisa do BIS, durante uma coletiva de imprensa realizada ontem.
O capítulo, que será publicado hoje antes do relatório completo, com lançamento marcado para domingo (26), identifica uma série de limitações das criptomoedas, incluindo a falta de uma âncora nominal estável. Na política monetária, essa é uma variável – como uma paridade cambial – que pode ser usada para controlar os níveis de preços.
Stablecoins, criptomoedas atreladas ao valor de ativos como moedas soberanas, são a busca do mundo cripto por essa âncora, disse Shin. As stablecoins tentam “se agarrar à estabilidade do dinheiro real emitido pelos bancos centrais”.
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Para o consultor, a recente queda da TerraUSD (UST), uma stablecoin que tinha uma capitalização de mercado de US$ 18 bilhões no início de maio e que rapidamente perdeu sua indexação com o dólar, ilustrou como as stablecoins, apesar do nome, são, na verdade, instáveis e não servem como unidades de conta.
Ao contrário de outras stablecoins como USD Coin (USDC) e Tether (USDT), que são supostamente lastreadas por reservas denominadas em dólar, a TerraUSD era uma stablecoin algorítmica apoiada por outra criptomoeda (neste caso, a LUNA) com um algoritmo para regular a oferta e demanda da stablecoin e manter sua paridade com a moeda americana.
“A segunda descoberta importante é que criptomoedas e stablecoins não conseguem alcançar os efeitos de rede completos que normalmente esperamos do dinheiro”, disse Shin.
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O dinheiro, disse Shin, é o exemplo perfeito de um círculo virtuoso de maior uso e maior aceitação. A natureza descentralizada das criptomoedas, por outro lado, alcançam exatamente o oposto, ou seja, a fragmentação.
No início de junho, os economistas do BIS publicaram um artigo argumentando que as criptomoedas não podem cumprir o papel do dinheiro porque transações caras e restrições de escalabilidade levam o mundo das criptomoedas a se dividir em blockchains e ecossistemas concorrentes.
“Efeitos de rede significam ‘quanto mais, melhor’”, afirmou o documento.
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CBDCs são melhores, defende o BIS
Para o BIS, os CBDCs desempenham o papel de moedas digitais estáveis nos sistemas monetários do futuro, usadas em liquidações, transferências e pagamentos. Mas, os projetos de CBDC ainda estão em estágios iniciais na maioria das principais economias, com a China à frente do movimento com seu yuan digital.
O consultor vê os CBDCs com otimismo, citando o progresso feito até agora pelos próprios experimentos do BIS, observando que os países estão optando por emitir CBDCs apesar de terem sistemas de pagamentos robustos.
“A Índia tem um dos melhores sistemas de pagamento rápido de varejo do mundo. Chama-se UPI. E liderou a adoção [de CBDCs] ao mostrar como esses sistemas realmente funcionarão. Mas, a Índia decidiu ir até o estágio final e realmente lançar um CBDC de varejo”, disse Shin, referindo-se a um CBDC que pode ser usado pelos consumidores para fins transacionais.
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O texto do BIS reconhece as contribuições das criptomoeda para os avanços tecnológicos, chamando as inovações do setor de um “afastamento radical” dos sistemas existentes. No entanto, de acordo com o relatório, as capacidades técnicas que surgiram das criptos servirão apenas para fortalecer o sistema monetário dos bancos centrais.
“Programabilidade, composição e tokenização não são exclusividade das criptomoedas, já que podem ser construídas usando as moedas digitais de banco central (CBDCs), sistemas de pagamento rápido e arquiteturas de dados associadas”, disse o relatório.
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