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RIO DE JANEIRO/WASHINGTON (Reuters) – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial de outubro, enviou discretamente um emissário, o senador Jaques Wagner (PT-BA), para se reunir com autoridades do Departamento de Estado dos Estados Unidos em Washington em abril, segundo duas pessoas familiarizadas com o assunto.
A reunião privada de Wagner com autoridades dos EUA, que não havia sido relatada antes, é parte de um esforço de Lula e de Washington para superar a persistente desconfiança um do outro antes das eleições. Pesquisas mostram Lula à frente do presidente Jair Bolsonaro.
Wagner, ex-ministro da Defesa e ex-governador da Bahia, não respondeu a pedidos de comentários. O Departamento de Estado norte-americano se recusou a comentar.
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A viagem não anunciada de Wagner a Washington ressalta o ceticismo de Lula –e de outros políticos de esquerda latino-americanos– em relação ao governo dos EUA. Também contrasta com a turnê de destaque de Lula pela Europa em novembro, quando foi recebido por líderes franceses, alemães e espanhóis.
Lula mantém suspeitas sobre os EUA, dizendo que investigadores norte-americanos colaboraram com os promotores brasileiros que o colocaram na prisão no âmbito da operação Lava Jato.
Por sua vez, os EUA discordam do apoio público de Lula aos governos de esquerda de Cuba e Venezuela, que Washington considera “antidemocráticos”.
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Autoridades dos EUA também tiveram cuidado ao se aproximarem do campo de Lula por medo de parecer favorecer um candidato em detrimento de outro durante o que provavelmente será uma eleição turbulenta, disseram as fontes.
Os detalhes específicos das discussões de Wagner com autoridades dos EUA não estavam claros. Fontes disseram que eles falaram sobre os possíveis contornos de um futuro mandato de Lula e como ele abordaria as relações com os EUA, sem dar mais detalhes.
Uma das fontes afirmou que quando o governo dos EUA havia falado anteriormente em particular com intermediários de Lula, eles se concentraram no meio ambiente, pauta identificada pelo PT como um ponto de atrito importante entre Bolsonaro e o presidente dos EUA, Joe Biden.
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A viagem de Wagner aconteceu quando ele estava nos Estados Unidos para a Brazil Conference, em Harvard e no Massachusetts Institute of Technology, evento anual promovido por estudantes brasileiros na região de Boston.
Durante seu discurso de 9 de abril no evento, Wagner apareceu em nome de Lula e disse que o Brasil estava em meio a uma “crise ambiental”. Ele acrescentou que o meio ambiente não será “um ponto menor” em um eventual novo governo Lula –“será central para o seu governo”.